Foi idealizadora e criadora de várias entidades - entre elas, a Coordenadoria de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de Belo Horizonte, o Conselho Municipal da Mulher, o Fórum Permanente de Luta pelos Direitos Humanos de Belo Horizonte, o Grupo de Trabalho Contra o Trabalho Infantil e o Movimento Tortura Nunca Mais. Foi agraciada com vários prêmios e distinções, entre os quais Prêmio Chico Mendes de Resistência (1995), Prêmio Cidadania Mundial (1999) e Prêmio “Che” Guevara (2002). Além disso, foi designada para receber o Prêmio Estadual de Direitos Humanos, em 1998. Começou a militar com 60 anos. Em uma de suas entrevistas, contou porque iniciou sua militância:
Sempre fui revoltada contra a injustiça social, a distribuição de renda, mas não tinha canal de participação porque nunca pertenci a partido nenhum, não conhecia partido que valesse a pena. Em 1970, aproximadamente, quando começou aquela enorme repressão sobre os estudantes, os meus filhos estavam na universidade. Minha filha caçula, a Heloísa, tinha um trabalho intenso no movimento estudantil, muito grande mesmo. Eu a via, às vezes, sair de casa às 6, 7 horas da noite e passava a noite fora, isto é, quando saía o jornal. Então pensei: eu preciso ver o que está acontecendo. Sabia que era perigoso, mas achei que devia fazer alguma coisa. E aconteceu. Até essa época eu participava de muitos trabalhos assistencialistas, lecionava aos domingos para estudantes que não podiam pagar, e também dava aula na penitenciária. Em 1956, meu nome apareceu pela primeira vez no jornal, com a seguinte manchete: "Os ladrões agora vão roubar em inglês", por causa do inglês que eu ensinava para o pessoal. Foi uma experiência muito interessante. Mas voltando aos anos 70: a polícia invadiu os campus, prendeu vários estudantes, o que revoltou todo mundo e principalmente as mulheres mais conscientes. Já tínhamos conversado inclusive sobre a questão do Movimento Feminino pela Anistia e queríamos lançar um manifesto, um protesto, mas em nome de quem? Então nos reunimos e, no mesmo dia, formou-se o primeiro grupo do Movimento de Anistia, que correspondia ao que eu queria do ponto de vista de participação, a luta pelos direitos humanos, que foi minha bandeira a vida inteira, e a luta contra a discriminação da mulher. Conseguimos formar o primeiro núcleo do movimento, cujo lema era: "A luta pela Anistia Geral e Irrestrita, dentro de uma luta sem tréguas pelos direitos humanos". A Terezinha Zerbini, presidente nacional, dizia que o nosso trabalho era "pela defesa da mulher e para que ela influencie a sociedade". Não era só o que queríamos e, assim, um grupo de mulheres mais batalhadoras se uniu. Começou da maneira que a Terezinha queria, mansa e suave, depois passou a ter muita influência. Em 1975, todo mundo estava calado, todo mundo estava calado mesmo, e nós mulheres levantamos a voz a favor da anistia e dos direitos humanos e contra a discriminação da mulher. Assim formamos os nossos núcleos, foram nove núcleos. Houve a eleição em dezembro e eu fui eleita presidente do Movimento de Anistia, foi quando começou a minha luta política mesmo.
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