quarta-feira, 20 de julho de 2011

Sobre Dilma, eu e Lula concordamos

Lula teria comentado, hoje, que se preocupa com o estilo muito rígido de Dilma Rousseff. Acredita que sofrerá represálias no Congresso Nacional. É exatamente o que penso. A grande imprensa elogia, diz que está no caminho certo, que agora vai. A cada dia tenho mais convicção que a grande imprensa não tem a menor ideia do que acontece no mundo político.

Analisemos com cuidado. Dilma não amarra o contrapeso antes de tomar uma atitude drástica contra um aliado. Assim, suas ações são unilaterais. No mundo político é interpretado como alma intempestiva. Os soldados que caem (não entro em juízo moral nesta rápida observação, mas apenas no jogo político que envolve suas atitudes) não são substituídos por pessoas com peso ou lastro político. Quase todos são do baixo clero ou técnicos sem grande expressão. Assim, a Presidente indica que se trata de sua cota pessoal exclusiva e, portanto, gestão de sua única responsabilidade. Obviamente que desmonta aos poucos a coalizão montada por Lula.

O fato é que Dilma troca seis por... quatro. Fica menor para o Congresso Nacional. Talvez maior para a grande imprensa e parte da classe média. Mas no jogo cotidiano, não percebo que construa alguma ponte ou que consiga efetivamente se impor sobre o parlamento e base aliada.

Volto a elocubrar: fico com a impressão que se trata de uma vertente do estilo de Collor. Muito mais discreto. Mas que corre no mesmo fio da navalha, no risco político, na solidão crescente da gestão. O problema é que neste país continental em que o maior partido é o PMDB e o mais querido é o PT, não parece ser muito prudente que Dilma jogue todo seu futuro em poucas cartadas.

4 comentários:

Marcinéia Gonçalves disse...

Resta saber por quanto tempo o estilo rígido de Dilma continuará! Para a imprensa é interessante ela manter este ritmo de governar, porém podemos analisar pra quem Dilma está governando? Com uma posicionamento unilateral fica difícil ter uma visão específica da gestão.

Manuel Amaral Bueno disse...

Mas, Rudá, de quê adianta uma base de mais de 400 deputados e 60 senadores? Para aprovar emenda constitucional, o governo precisa de 308 deputados e 49 senadores. Para barrar CPI, que 341 deputados e 54 senadores não assinem o requerimento de criação da comissão. E olha que talvez essas duas coisas nem sejam tão importantes: não vejo o governo querendo aprovar muitas PECs, e as últimas CPIs realizadas no governo Lula foram totalmente controladas pela base. Assim, Dilma tem gordura pra queimar e acho que ela está disposta a gastar parte do capital político para diminuir a corrupção e aumentar a eficiência do governo. Ela sabe que o PR precisa mais do governo que o governo do PR. Logo, o tensionamento permite a Dilma atingir objetivos que julga relevantes, sem custos significativos, e me parece uma atitude racional. Você não concorda?

rudaricci disse...

Manuel,
Acontece que o orçamento de 2012 será votado em breve. E precisa passar pela comissão mista. Além disto, uma agenda importante pode ser travada nas comissões permanentes. Enfim, a nossa Constituição construiu um hibridismo (presidencialismo com forte interferência do parlamento). Em 2012 teremos eleições municipais e os parlamentares são mediadores com ministérios. Dou apenas alguns exemplos para ilustrar como Dilma necessita da bancada no Congresso.

Wilson lelis de assis disse...

A Dilma tem toda razão em fazer uma faxina no ministério dos transportes, o problema é que tanto a oposição quanto parte da mídia estão cobrando atitude sabendo que o "PR" vai cobrar a fatura lá na frente, vingança na certa na hora de votação em plenário , a oposição cresce com essas situações . A oposição e parte da mídia não são guardiãs da decência e da ordem , são perigosos e golpistas , fiquemos de olho.