quinta-feira, 28 de julho de 2011

Sobre projeto microbacias no noroeste fluminense

Parto para São Paulo, mas minha equipe continua o trabalho de campo em Itaperuna, noroeste do Rio de Janeiro, divisa com a Zona da Mata mineira. Estamos aqui desde o início da semana e visitamos várias comunidades rurais de Laje de Muriaé e Porciúncula. Hoje começamos a pesquisa em Itaperuna. O projeto Microbacias é financiado pelo Banco Mundial e BIRD e coordenado pela Secretaria Estadual de Agricultura. Articula organização das comunidades rurais, desenvolvimento sustentável e inserção qualificada no mercado dos agricultores familiares da região. O que chama a atenção é a mudança da paisagem rural. A pluriatividade envolve grande parte da região (estamos perto de Campos, região petrolífera que motiva o êxodo rural) e altera profundamente os hábitos culturais e ideário da população local. Mas nas regiões altas, com tradição na produção de leite e café (micropropriedades ao redor de 7 hectares), o espírito comunitário se associa ao objetivo de agregar valor e se inserir nos mercados mais sofisticados da região sudeste. O discurso é determinado. As lideranças rurais viajam pela região em busca de experiências de ponta. O vocabulário alia termos técnicos, visão de mercado e valores rurais. Muito interessante. Falam em agregar valor o tempo todo. Falam em industrializar os produtos, mas ainda não sabem como utilizar a internet para compreender a dinâmica dos preços pagos pelas indústrias que compram seus produtos. É uma lógica rururbana, tradicional e moderna. Um novo país, sem dúvida.

Aproveito para dar dicas gastrônomicas aqui de Itaperuna:

1) Casa do Peixe: um excelente filé de tilápia com molho de camarão. A moqueca de robalo (acompanhada de pirão de banana da terra) é outro show à parte. Vale realmente a pena. Um restaurante bem montado que fica na rua Sérgio Dias Pecly, 33

2) Quem Quem: se pronuncia como o grasnar do pato. Aqui o ambiente é sofisticado mas o ponto alto é a carta de vinhos (embora tenha um cardápio com massas e comida japonesa). Tomei um belo Malbec 2008 da vinícola Catena

3) Bar do Júlio: um boteco típico e divertido. O ponto alto são os caldos, de  mandioca, feijão e outros. A dupla de donos/garçons, dois primos, são irônicos e realmente engraçados. Um deles imita de tudo, um quase-profissional. Se você está duvidando, entre AQUI

Um comentário:

Guilherme Rodrigues disse...

Muitíssimo interessante esse projeto Microbacias no qual está trabalhando, Rudá.
Há alguns anos, trabalhei no Vale do Jequitinhonha, para a Acesita Energética, com comunidades rurais (algumas delas, tradicionais), cuja atividade econômica predominante era a agricultura familiar. Pude constatar que há níveis de monetarização relativamente baixo (não fosse Bolsa Família e a migração sazonal para os canaviais paulistas, a circulação de dinheiro seria ainda mais restrito) e que grande parte das famílias se dedicam ao que é denominado na sociologia rural como pluriatividade.
Embora a natureza do trabalho não tenha sido acadêmica, passei a me interessar muito pelo tema. Um dia ainda faço dessa temática alvo de estudo teórico e empírico!
Boa sorte!
Abs
Guilherme