quarta-feira, 27 de abril de 2011

A revoada do ninho tucano


Começo a ficar muito preocupado. Um país sem oposição forte corteja com o obscurantismo. Sem pluralidade, não se sabe o que ocorre efetivamente nos escaninhos do Estado e nas esferas políticas. Todos governos absolutos trouxeram para seu interior a oposição, sem que se soubesse o que ocorria. Tudo se negocia em salas fechadas.
O governismo que toma conta do país é, assim, preocupante.
Ontem, conversei com vários jornalistas a respeito. Fui entrevistado pelo Valor Econômico, Brasil Econômico e Rede Record. Em todas conversas, expus minha preocupação, mesmo quando o assunto foi o fim do pagamento de hora extra de deputados ou a crise do sistema de metas de desempenho na educação brasileira.
Eis que leio a notícia abaixo, veiculada na coluna de Mônica Bergamo:

Crise no ninho
Mais uma defecção bombástica pode explodir no PSDB: Ricardo Montoro, filho do ex-governador Franco Montoro, manifesta extremo desconforto na legenda. Como Walter Feldman, ele também apoiou a eleição de Gilberto Kassab contra Geraldo Alckmin à prefeitura em 2008. Agora, ocupa o cargo de vice-presidente da Cohab.
Caminho
"Evidentemente não estamos confortáveis no PSDB. Sentimos falta de conversa e de democracia. Está faltando diálogo. Não sou chamado para reuniões e conversas, para me opor ou para concordar."
Questionado se deixará a legenda, ele afirma: "Quero tomar uma atitude prudente. Estou refletindo. Mas que não estou confortável no partido, não estou".

Em tempo: falo, em 40 minutos, no 22o Fórum da UNDIME MG. Secretários de educação de todo Estado presentes. Vou analisar a proposta de lei de responsabilidade educacional. Em seguida, viajo para Florianópolis, onde falo para as vereadoras de todo Estado de Santa Catarina. O tema é o papel da mulher na política brasileira. Na segunda-feira, dia 2, tenho reunião com prefeitos da região oeste de São Paulo. Portanto, vou atualizar o blog somente no início e final do dia. Não me ataquem, pelamordedeus!!

6 comentários:

Marcelo Delfino disse...

Mas não foi o próprio Apedeuta que disse que o DEM devia ser extirpado da política brasileira? Provavelmente ele também queria extirpar o PSDB, junto.

Eu penso como você: acredito que precisamos de uma oposição forte. Que não precisa ser necessariamente o DEM nem o PSDB, que não fazem falta. Pode ser uma oposição de direita, uma oposição nacionalista ou ambas.

Parabéns pelo seu texto, Rudá. Você é um dos poucos blogueiros progressistas que eu gosto e que acompanho. A quase totalidade dos demais, francamente, parece pensar com o estômago ou com o bolso. Não com o cérebro.

GS disse...

E deve aprofundar mais, digo isso devido as declarações do Walter Feldman - li no site do Bob Fernandes - sobre o racha. O sujeito nem sequer cita Aécio o quem quer que seja.

Anônimo disse...

A crise das oposições, a meu ver, é seríssima.
Falta projeto, faltam lideranças.
Aécio, após este desastroso episódio da CNH, mostrou que sua liderança vai só do Leblon a Belo Horizonte, serve para ser senador acomodado, dublê de bon vivant e político nascido em berço dourado...sem falar naquele discurso estranhíssimo que fez no Senado há poucas semanas.Triste.
Serra, dispensa comentários. O PSDB de São Paulo, como um todo, parece destruído.
Li hoje que Ricardo Montoro, neto do velho Franco Montoro, também vai se desfiliar do PSDB.
Daqui a pouco até o FHC vai sair do partido, a coisa está muito feia.

Amoral NAtto disse...

Meu caro, esse tipo de oposição que hoje se esfacela não faz falta nenhuma, inclusive por sua própria atitude de se bandear para o lado mais forte. Tenho esperança que deste processo surja uma verdadeira oposição, de esquerda mesmo, como já delineado pelo PSOL dos meus deputados Chico Alencar e Marcelo Freixo.
Essa sim é a oposição que queremos e precisamos, algo que nos leve além do muito que já foi alcançado nos últimos anos; não um grupo retrógrado que quer nos levar de volta aos tempos negros em que o patrimônio e o orgulho nacional foram transformados em capacho.

Rudá Ricci disse...

Amoral,
Faz falta, sim. E você verá nos próximos meses. Não interessa de que naipe a oposição é. O que interessa é que seja o contraponto, o alerta, o freio. PSOL e PSTU não conseguem representar nem 1% dos cidadãos brasileiros. Isto é que é ilusão, representantes de si mesmos, elite política. Pense melhor.

Marcelo Delfino disse...

PSOL, PSTU, PCO e outros partidos da extrema esquerda não servem pra serem oposição. Por uma razão simples: por serem de esquerda, estão prontos para apoiar o Governo quando for conveniente. Haja vista os eleitores da Dilma nesses partidos no 2º Turno de 2010, alegando querem evitar o "mal maior" (José Serra).