quinta-feira, 21 de abril de 2011

Grupo de Bornhausen se prepara para sair do DEM


Do blog de Josias de Souza:
Submetido a um processo de lipoaspiração, o DEM está prestes a sofrer uma nova e expressiva baixa. Em entrevista ao blog, o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, confirmou que cogita migrar para o PSD do prefeito Gilberto Kassab. Ele condiciona sua permanência no DEM à fusão da legenda com o PSDB. Algo que as cúpulas das duas legendas descartam. Na terça (19) Colombo e Jorge Bornhausen reuniram-se, em São Paulo, com FHC. Conversaram sobre fusão. As chances são, por ora, mínimas. "Vou ficar parado? Não dá", diz Colombo. Abaixo, a entrevista:

Cogita trocar o DEM pelo PSD?
Minha opinião é a de que enfrentamos uma crise nos partidos. Não é uma crise apenas do DEM ou do PSDB, é de todos os partidos. Claro que quem está no governo tem um nível de proteção maior. A conveniência em torno do governo aproxima. Mas os partidos estão longe da sociedade. Hoje, não passam de sopas de letrinhas.

Por isso cogita deixar o DEM?
Sou sincero, digo que o DEM se enfraqueceu muito. Hoje, não tem uma proposta. A capacidade que o partido teria de se reconstruir depende de uma parceria. O PSDB precisa compreender isso e apresentar um projeto de fusão. Os tucanos estão deixando o nosso partido sozinho. Não sei se falta diálogo ou se os nossos líderes, do DEM, não querem isso.

As cúpulas das duas legendas já descartaram a fusão imediata. Como fica?
Se não houver isso, eu vou realmente vou reestudar minha posição. Vivo uma angústia pessoal.

Acha que a fusão resolveria os problemas da oposição?
A gente tem que ter um projeto. Não podemos continuar com o discurso da CPMF. Nós derrubamos, eu ajudei. Mas, na verdade, fomos nós mesmos que criamos. Parece que esse é o único discurso que temos. Aí não vai! Estamos longe do cotidiano das pessoas. Somos prisioneiros de brigas internas. Para mim, é muito pouco. Não me satisfaz.

Não receia que, migrando para o PSD do prefeito Kassab, um partido sem fisionomia nítida, terá o mesmo problema de falta de discurso?
Concordo. Mas é preciso considerar que foi o único fato novo na política brasileira. Começa a trazer a nu essa realidade partidária. Que opção a gente tem? Falei com o José Agripino. Disse que não há decisão tomada. Mas afirmei que, do jeito que está, não há interesse.

Discorda da opinião dos que chamam Kassab de oportunista?
Não acho correto ficar falando mal dos que saíram. Isso é muito pobre. Até pouco tempo, ele estava conosco. Aí era um grande líder. Por que saiu virou um grande safado? Não não faz sentido.

Soube que o sr. esteve com FHC. Conversaram sobre o quê?
Eu pedi a ele que liderasse esse processo [de fusão]. Mas senti que eles também têm os problemas deles. Vou ficar parado? Não dá.

Ouviu de FHC algum apelo para que permaneça no DEM?
Não. Sinto que o encaminhamento é para adiar o debate [sobre fusão] para depois da eleição municipal de 2012. Acho que é um erro político. Corremos o risco de sair da eleição menores do que somos hoje.

Não teme que o eleitor tenha dificuldade para entender a troca de partido?
Não. Primeiro porque não estou mudando minha posição política de oposição. Segundo porque há, hoje, uma confusão ideológica.

Que confusão?
Não há mais diferenças nítidas entre os partidos. Eles já não representam uma corrente na sociedade. O eleitor vota pela personalidade do candidato. Diante dessa crise, as divisões internas enfraqueceram o DEM. Não conseguimos olhar para fora do muro. Não vou ficar limitado a isso. Se for para ficar do jeito que está, vou procurar alternativa. Estou provocando o partido. E o PSDB teria de contribuir

Que contribuição o PSDB teria que dar?
Eles têm candidato à Presidência e nós não temos. Isso aglutina as ideias em torno de um projeto.

O candidato seria o Aécio Neves?
Não há dúvida, é o Aécio. A disputa está longe, mas toda a expectativa está em torno dele.

Há um prazo limite para a sua decisão sobre a troca de partido?
Teremos que fazer esse encaminhamento em pouco tempo. Espero que haja uma reunião entre PSDB e DEM em que se discuta a possibilidade de construir um projeto comum, que passa pela fusão. Se não houver, aí não dá para mim. Não posso demorar demais. É preciso verificar quando o novo partido será registrado no TSE. Esse é o prazo legal.

- Na hipótese de não vingar a fusão com o PSDB, enxerga algum outro caminho? Legalmente, não há outra hipótese. Qualquer outro caminho me sujeitaria à perda do mandato.

Havendo a mudança de partido, o Bornhausen vai junto?
Estamos afinados. A decisão será conjunta.

Acha que a migração para um partido mais identificado com o governo facilita a sua gestão como governador?
Não é isso que me move. Não estou mudando de posição. Não estou indo para a base do governo.

Mas a maioria do PSD é governista, não?
Acho natural que um partido, na fase de constituição, tenha esse caráter meio híbrido. Se disser, de saída, que é governo, não forma quadros. Com o tempo, vai se firmando sua fisionomia. De minha parte, se for para o PSD, não mudarei de posição.

Como avalia o governo Dilma?
Há avanços nítidos na política externa. Temos problemas com a inflação. Vejo uma duplicidade entre Fazenda e Banco Central. Mas a presidente tem se posicionado bem. Na minha opinião, ela está mais à altura do cargo do que o antecessor.

Diria que é grande a chance de trocar de partido?
Diria o seguinte: o esvaziamento do DEM é muito forte. O momento não é de ficar discutindo questões internas. Temos de buscar uma convivência mais próxima com a sociedade. Se fizermos fusão com o PSDB, temos condições de renovar os sonhos e abrir novos canais de diálogo com a sociedade. Sem isso, a chance de eu optar pela troca é muito grande

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