sexta-feira, 8 de julho de 2011

Estou em Rosário de Limeira

Rosário de Limeira é uma cidadezinha de 4 mil habitantes, distante 25 km de Muriaé, Zona da Mata Mineira. Fico aqui até o almoço de domingo, quando parto para São Paulo.

Aqui vamos concluir um programa de formação da Escola Diocesana Fé e Política de Leopoldina. Este município foi eleito como sede desta etapa por votação dos 80 cursistas quando do último encontro.  O tema aqui será Fé e Política e Ações Democráticas: Políticas Públicas.

O que me instiga é que esta é uma das ações que alteraram a configuração política do Brasil a partir dos anos 1980: encontros de formação política organizados pela igreja católica. Aqui, o curso começará como tantos outros que já vi e participei na minha vida: com o que se denomina de mística, esta relação afetiva, emocional e transcendental que a classe média tradicional pouco entende. Em seguida, começa a discussão do tema central. Interessante como traça um paralelo com a discussão que participei ontem em Brasília. Porque aqui o que interessa é aprofundar o papel dos conselhos paritários e as ações democráticas.

Os dois eventos adotam metodologias distintas. A de ontem em que os participantes, depois de ouvirem as provocações da mesa, tiveram tempo suficiente para falar, e não apenas arguir a mesa. Achei muito interessante porque efetivamente não se tratava de pedido de esclarecimento ou discussão com a mesa, como é tão comum em debates políticos e acadêmicos. Ali, os participantes falavam e tratavam do tema central como se fossem parte da mesa. Nós, os palestrantes ou debatedores, apenas provocamos. Realmente muito interessante, retomando a lógica do que sempre foi efetivamente um seminário (de semear uma discussão).

Já aqui, o trabalho de grupos é a tônica metodológica. Grupo tem como função dar palavra a quem é tímido, abrir diálogo entre iguais (que não se dirigem necessariamente ao monitor ou palestrante), aprofundar e sistematizar reflexões comuns.

Para um bom garfo como sou, um dos momentos importantes de amanhã será a noite cultural, quando serão servidos canjiquinha, broas, canjicas.

Entre um encontro e outro, os participantes realizaram estudos e tarefas, no que temos de melhor na formação prática de lideranças. No caso, estudaram os conselhos de gestão pública de seus municípios, quantos são, como funcionam, os que funcionam efetivamente, as leis que os criaram. Chegam preparados e cheios de dúvidas e críticas. Algo que pensamos em reproduzir e aprofundar quando da criação do curso de pós-graduação para lideranças sociais que a Cáritas Brasileira criou anos atrás.

Contarei mais amanhã. Inté.

Um comentário:

Ronan disse...

Rudá,
Gostaria que você escrevesse um artigo relacionando o avanço da esquerda no Brasil dos últimos anos, o avanço dos direitos sociais e a expansão democrática e a contrapartida da sociedade que parece não aproveitar esses benefícios; sou professor da educação básica e a sensação geral é a de um excesso de direitos sem compromissos com deveres como observado na segurança (em que criminosos não são punidos) e na educação (em que maus alunos têm todo o direito de estar na escola mesmo que seja para causar desordem e ameaça); na verdade, como sempre foi no país, só existe educação mesmo para uma casta social; os governos mineiros (sem serem de esquerda) sempre se omitiram e vendem a propaganda forçada da melhoria educacional no Estado...

Abraço.
Ronan.