No ano passado, alguns analistas sustentavam que a Rússia perdia capacidade de crescimento e dificilmente conseguiria assegurar a promessa de se efetivar como liderança mundial. Vários sugeriam que os BRICs deveriam ser alterados para BICI (a Rússia sendo substituída pela Indonésia).
Agora, análises similares colocam dúvidas sobre a projeção do Brasil.
O 3G do Citigroup, em seu último relatório, sugere que a China deverá superar o PIB dos EUA até 2020, e qu até 2050 a Índia superará a China.
Contudo, em relação ao Brasil indica estagnação.
Uma matéria da Folha de São Paulo do dia 11 revela que Citigroup e Goldman Sachs (que criou a sigla BRIC, em 2003) são os mais otimistas com o crescimento da China e que o HSBC é cauteloso. No relatório de 2003 o Goldman Sachs projetava que a China iria ultrapassar os EUA até 2041. Em 2009, o Goldman reviu suas projeções e passou a acreditar que o PIB chinês será maior que o americano já em 2027. O Citigroup, em seu relatório "3 G - Geradores Globais de Crescimento", divulgado no fim de fevereiro, é ainda mais ambicioso: a projeção é que a China supere os EUA antes de 2020. E mais: até 2050, a Índia terá ultrapassado a China e se tornará a maior economia mundial, com os EUA em terceiro.
Para Willem Buiter, economista-chefe do Citi e um dos autores do relatório, a China é um dos chamados "Geradores Globais de Crescimento", ao lado de Bangladesh, Egito, Índia, Indonésia, Iraque, Mongólia, Nigéria, Filipinas, Sri Lanka e Vietnã.
Esses países saem de bases baixas de renda per capita e são destinos atraentes para investimentos devido a seu perfil demográfico favorável -muitas pessoas em idade produtiva-, taxa de investimento, nível educacional, qualidade das instituições e abertura comercial.
Quem cede seu lugar, no ranking mundial de PIBs de hoje? Itália, Espanha e França. A participação do ocidente industrializado no PIB mundial vai despencar dos atuais 41% para 18% em 2050. Para o Citi, em 2050 a Indonésia terá um PIB equivalente às economias da Alemanha, da França, da Itália e do Reino Unido combinadas. Juntas, as economias da China e da Índia serão quatro vezes maiores que os EUA.
E o Brasil? Segundo a Folha:
Os grandes bancos não preveem para o Brasil o mesmo futuro róseo que reservam para a China. Para Willem Buiter, economista-chefe do Citigroup, o Brasil passa de sétima economia do mundo para quinta em 2030, mas cai de novo para a sexta posição. Considerando a baixa taxa de investimento do Brasil, sua atitude ambígua em relação a investimentos estrangeiros e demografia apenas modestamente favorável, a taxa de crescimento real sustentável do PIB per capita do país não deve ficar além de 3,5% entre 2010 e 2050. O Brasil poderia ser um país 3G no futuro se conseguisse aumentar sua taxa de formação de capital, melhorar a qualidade de seus recursos humanos e eliminar seus monopólios domésticos. O nível de escolaridade da população ainda é baixo, 7,6 anos em média de estudo -comparado com 10 na China e 12,2 nos EUA. Outras questões são insegurança jurídica e pouca facilidade para fazer investimentos.
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