Como diz o título deste post, 30 anos separam estas fotos.
A primeira foi tirada no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo durante a greve de 1980. Lula, com um de seus filhos no colo, e nós jornalistas aguardávamos a invasão do Sindicato anunciada pela Polícia Militar do Estado de São Paulo.
Eu era editor assistente na revista ISTOÉ e cobria a greve diuturnamente. Conhecia Lula desde 1973, quando fiz matérias sobre o Sindicato para o semanário Opinião, o mais censurado da imprensa brasileira. A greve de 1980 foi a mais radical, Lula e os demais diretores do sindicato foram cassados e presos por um período. Depus a seu favor no inquérito promovido pela Auditoria Militar de São Paulo.
A segunda foto foi feita na formatura de meu filho Ricardo de Oliveira Serrano, como diplomata, em cerimônia realizada no Itamaraty, em novembro passado. Coincidência ou não, Ricardo nasceu em 1980. Lula, que presidiu a cerimônia, se retirava depois da foto oficial com os diplomados, cercado de gente pedindo autógrafos, quando me aproximei para apresentar-lhe meu filho. Lula fez questão de nos puxar e pedir ao "Stuckinha", seu fotógrafo oficial, para registar o momento. Ricardo, desde o primeiro semestre deste ano,já serve na embaixada do Brasil,em Doha, no Qatar.
O gesto deixou claro para mim porque Lula tem a altíssima popularidade com que deixou o governo. Politica e economia à parte, ele tem uma natural e carinhosa ligação com as pessoas, conhecidas ou não, que é a base de seu carisma e de sua popularidade. Ele sabe, como poucos, tocar o coração das pessoas. Neste caso, tocou o meu.
No momento da primeira foto, Lula estava às vésperas da cadeia, hoje deixou a Presidência da Repúbica, depois de oito anos de mandato. Dava para imaginar essa história, ainda em plena ditadura? Não, nem que Ricardo, vindo ao mundo, se tornaria diplomata sob seu governo.
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