Prezado prof. Rudá, a tabela apresenta um erro quando aponta a jornada de Pernambuco com 50 horas. O salário indicado é também para 40 horas. Entretanto, gostaria de pontuar algumas questões sobre o estado. As negociações foram impostas pelo governo que convocou os sindicatos para informar o quanto teriam de aumento há uma semana do fim do prazo para que a lei pudesse passar na assembléia, considerando os prazos eleitorais para concessão de aumentos.
Aqui, a categoria privilegiada dos fazendários foi prontamente atendida. O governador Eduardo Campos aumentou o próprio salário de 18 para R$ 22.000,00 para possibilitar o igual aumento da cúpula da secretaria da fazenda estadual, cujo teto é o salário do governador. Atenção. O que se diz na imprensa local é que os 22 mil são "ficitícios", que o governador recebe efetivamente cerca de 10 mil reais, mas que o valor maior existe para permitir o aumento dos fazendários cujo limite constitucional é o salário do governador.
Enquanto isso, aprovou reajustes de R$ 30,00 a R$ 40,00 para os professores. Algo ainda mais vergonhoso quando lembramos que este setor está há dois anos sem aumento! Absoluta e completa vergonha, o governo de Pernambuco paga há muito tempo, desde o governo Jarbas, o pior salário do Brasil a um professor! O estado vive um ciclo de crescimento muito importante [alavancado principalmente pelos investimentos federais e privados em Suape], mas os governantes não fazem disso um impulso para a educação, para as questões sociais. É muito difícil imaginar o ânimo com que um professor da rede estadual foi ao trabalho na semana passada depois da aprovação do aumento?
Neste endereço: http://www.sintepe.org.br/pdf/tabelas_2010.pdf encontra-se toda a tabela salarial aprovada pelo governador na assembléia no famoso rolo compressor.
O salário para alguém em início de carreira, graduado, com jornada de 30 horas semanais, é de R$ 791,00!!! Se possuir doutorado, no fim da carreira, com 30 anos de trabalho, R$ 1.978,00. Os salários para a jornada de 40 horas semanais são de R$ 1.055,00 e no final da carreira, com doutorado, R$ 2.638,00!!! Este valor, entretanto, existe por uma previsão legal, porque não acredito que haja muitos doutores dispostos a submeter-se a um tratamento degradante desse. Jarbas Vasconcelos e Eduardo Campos igualam-se perfeita e completamente no trato com a educação pública.
Um dos melhores momentos da secretaria estadual de educação foi quando criou um programa para entregar laptops a todos os professores da rede no início do ano passado. Sem dúvida, excelente e pioneira iniciativa, embora ache que deva ter entrado na conta do FUNDEB. Entretanto, poucos meses depois, começava a campanha salarial [em abril de 2009] e o governador Eduardo Campos deu 0% de aumento e começou a alardear o programa de distribuição de laptops como prova de seu interesse com o setor. Uma professora na assembléia então desabafou com uma afirmação lapidar: "professor não come laptop!"
E assim, a rede pública estadual de educação em Pernambuco chega ao final do governo Eduardo Campos na mesma situação que ao final do governo Jarbas Vasconcelos, pagando ao professor o pior salário do país. Se for tomar a educação como critério para escolher o candidato, nós estamos num mato sem cachorro. Ou um deles ou um dos radicais do PSTU/PSOL.
Finalmente, o governo estadual desenvolve um programa francamente contraditório no campo da educação. De fato, os investimentos em estrutura física aumentaram. Estão em construção sete escolas técnicas estaduais, ampliou-se o número de escolas em tempo integral e a secretaria comprou uma sede própria. Qual será, entretanto, o alcance destas medidas, à medida que elas dependem todas do trabalho do professor, cuja carreira [salários e perspectivas profissionais] são da natureza exposta aqui? Aliás, falando nisso, expandiu-se em toda a rede os programas de "avanço escolar" baseados em aulas gravadas em dvd onde um único professor coordena ações de todas as disciplinas (de história a física!!!). Sempre em convênios com as fundações Roberto Marinho e Airton Senna da vida.
Sinto pela postagem dividida, mas o campo de comentários trava com comentários longos.
Caro Rudá, bom dia. Esses números da Folha não correspondem à realidade. Minas Gerais paga como vencimento básico aviltantes R$500,48 (+ os também aviltantes 10%empurrados goela abaixo pelo ex-governador)aos professores com CURSO SUPERIOR. O salário final é composto por toda a sorte de penduricalhos. Na realidade, a LEI FEDERAL 11738/08, a LEI DO PISO DO PROFESSOR naõ é cumprida em MG. Não por acaso, este vai ser o eixo da GREVE que se inicia em 08/04.
4 comentários:
Prezado prof. Rudá, a tabela apresenta um erro quando aponta a jornada de Pernambuco com 50 horas. O salário indicado é também para 40 horas. Entretanto, gostaria de pontuar algumas questões sobre o estado.
As negociações foram impostas pelo governo que convocou os sindicatos para informar o quanto teriam de aumento há uma semana do fim do prazo para que a lei pudesse passar na assembléia, considerando os prazos eleitorais para concessão de aumentos.
Aqui, a categoria privilegiada dos fazendários foi prontamente atendida. O governador Eduardo Campos aumentou o próprio salário de 18 para R$ 22.000,00 para possibilitar o igual aumento da cúpula da secretaria da fazenda estadual, cujo teto é o salário do governador. Atenção. O que se diz na imprensa local é que os 22 mil são "ficitícios", que o governador recebe efetivamente cerca de 10 mil reais, mas que o valor maior existe para permitir o aumento dos fazendários cujo limite constitucional é o salário do governador.
Enquanto isso, aprovou reajustes de R$ 30,00 a R$ 40,00 para os professores. Algo ainda mais vergonhoso quando lembramos que este setor está há dois anos sem aumento! Absoluta e completa vergonha, o governo de Pernambuco paga há muito tempo, desde o governo Jarbas, o pior salário do Brasil a um professor! O estado vive um ciclo de crescimento muito importante [alavancado principalmente pelos investimentos federais e privados em Suape], mas os governantes não fazem disso um impulso para a educação, para as questões sociais. É muito difícil imaginar o ânimo com que um professor da rede estadual foi ao trabalho na semana passada depois da aprovação do aumento?
Neste endereço: http://www.sintepe.org.br/pdf/tabelas_2010.pdf encontra-se toda a tabela salarial aprovada pelo governador na assembléia no famoso rolo compressor.
O salário para alguém em início de carreira, graduado, com jornada de 30 horas semanais, é de R$ 791,00!!! Se possuir doutorado, no fim da carreira, com 30 anos de trabalho, R$ 1.978,00. Os salários para a jornada de 40 horas semanais são de R$ 1.055,00 e no final da carreira, com doutorado, R$ 2.638,00!!! Este valor, entretanto, existe por uma previsão legal, porque não acredito que haja muitos doutores dispostos a submeter-se a um tratamento degradante desse. Jarbas Vasconcelos e Eduardo Campos igualam-se perfeita e completamente no trato com a educação pública.
Um dos melhores momentos da secretaria estadual de educação foi quando criou um programa para entregar laptops a todos os professores da rede no início do ano passado. Sem dúvida, excelente e pioneira iniciativa, embora ache que deva ter entrado na conta do FUNDEB. Entretanto, poucos meses depois, começava a campanha salarial [em abril de 2009] e o governador Eduardo Campos deu 0% de aumento e começou a alardear o programa de distribuição de laptops como prova de seu interesse com o setor. Uma professora na assembléia então desabafou com uma afirmação lapidar: "professor não come laptop!"
E assim, a rede pública estadual de educação em Pernambuco chega ao final do governo Eduardo Campos na mesma situação que ao final do governo Jarbas Vasconcelos, pagando ao professor o pior salário do país. Se for tomar a educação como critério para escolher o candidato, nós estamos num mato sem cachorro. Ou um deles ou um dos radicais do PSTU/PSOL.
Finalmente, o governo estadual desenvolve um programa francamente contraditório no campo da educação. De fato, os investimentos em estrutura física aumentaram. Estão em construção sete escolas técnicas estaduais, ampliou-se o número de escolas em tempo integral e a secretaria comprou uma sede própria. Qual será, entretanto, o alcance destas medidas, à medida que elas dependem todas do trabalho do professor, cuja carreira [salários e perspectivas profissionais] são da natureza exposta aqui? Aliás, falando nisso, expandiu-se em toda a rede os programas de "avanço escolar" baseados em aulas gravadas em dvd onde um único professor coordena ações de todas as disciplinas (de história a física!!!). Sempre em convênios com as fundações Roberto Marinho e Airton Senna da vida.
Sinto pela postagem dividida, mas o campo de comentários trava com comentários longos.
Caro Rudá, bom dia. Esses números da Folha não correspondem à realidade. Minas Gerais paga como vencimento básico aviltantes R$500,48 (+ os também aviltantes 10%empurrados goela abaixo pelo ex-governador)aos professores com CURSO SUPERIOR. O salário final é composto por toda a sorte de penduricalhos. Na realidade, a LEI FEDERAL 11738/08, a LEI DO PISO DO PROFESSOR naõ é cumprida em MG. Não por acaso, este vai ser o eixo da GREVE que se inicia em 08/04.
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