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De Gaudêncio Torquato:
"A crise política é crônica. Vem lá de trás. E se projeta nos horizontes do amanhã. Carrega os vícios dos ismos : patrimonialismo, caciquismo, mandonismo, paroquialismo, grupismo, familismo, patriarcalismo. O balcão de recompensas multiplica suas ofertas. O varejo político impera. Os Poderes imbricam funções. Os palanques se expandem nos períodos da entressafra eleitoral. E quais são os reflexos dessa crise nos costumes ? Eis alguns deles :
Banalização - A repetição de escândalos, ilicitudes e desvios esquarteja o conceito de nação. Transforma o altar da pátria em entulho de lixo.
Pasteurização - Os partidos tornam-se amorfos, inodoros. Pasta incolor.
Mimetismo - Se os parlamentares não se respeitam, por que eu tenho de ser educado ? Se a eles falta compostura, por que eu tenho de me comportar bem ?
Descrença - Políticos entram no perigoso território da descrença, abrindo um enorme vácuo entre a esfera institucional e o universo social.
E os reflexos positivos ?
Mas podemos distinguir um pequeno farol no final do túnel. Seus reflexos mostram aspectos positivos, dentre eles :
Racionalidade - Tendência para observação mais aguda dos fenômenos políticos.
Poder crítico - Expansão da crítica social e exigências mais rigorosas sobre comportamentos e atitudes.
Organicidade social - Integração de forças em torno de movimentos, núcleos, associações e entidades de todos os tipos. Que passam a fazer pressão sobre a esfera institucional.
Renovação - Tendência de grupos sociais organizados para inserir no território político perfis que encarnem o ideário de renovação."
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