segunda-feira, 2 de novembro de 2009
INHOTIM
Visitei, hoje, Inhotim, um espaço aberto, imenso, de arte contemporânea, ladeada por cinco lagos, jardins projetados por Burle Marx. Algo grandioso, realmente. O Novo Jornal denuncia possível lavagem de dinheiro que estaria por trás desta imensa galeria à céu aberto (ver aqui).
Lamento, profundamente (caso a denúncia se confirme).
Mas desejo comentar brevemente o que vi, nesta nota. Fiquei muito impressionado com as instalações de Janet Cardiff (ver site aqui), de Tunga e de Ernesto Neto (a instalação, Nave Deusa ilustra esta nota). Ernesto Neto produz uma nave-monstro, com pés que parecem de um animal imenso, coberto por uma "pele" de tecido translúcido. Já Tunga apresenta uma árvore vermelha, cujas folhas e frutos são tubos com líquido viscoso, bolas de vários tamanhos, panos e esponjas (todas com cor escarlate). Obviamente que o vermelho lembra uma seiva, algo próximo de sangue, uma estrutura biológica, estranha e, ao mesmo tempo, reconhecido. Cardiff explora um canto gregoriano decomposto em inúmeras caixas de som. Ao encostar o ouvido numa das caixas, ouve-se apenas a voz de um dos membros de um coral.
Há, ainda, uma instalação angustiante de Dores Salcedo (Colômbia), denominada Neither.
Mas há muito do discurso gratuitamente estético do pós-modernismo. Este é o caso do "som da terra", de Doug Aitken. Trata-se de microfones dispostos 200 metros abaixo do solo que captam o som da terra em movimento, ampliado. Próximo do espetacular, mas nada além disto. Ou de uma outra instalação, onde cômodos em ruínas (ou sendo reconstruídos) são abertos aos visitantes. Podem existir várias explicações abstratas, como se estivessem explicando a piada. Mas, no frigir dos ovos, fica na mente a análise do discurso estético, sem base ética, de Fredric Jameson. Principalmente na passagem em que o crítico norte-americano compara a obra de Van Gogh com a de Andy Warhol.
Se desejar conhecer virtualmete Inhotim, clique aqui.
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