quinta-feira, 5 de novembro de 2009
A geração militante de sociólogos brasileiros
Iniciei a leitura do livro de Bobbio, O Terceiro Ausente, em que ele trata de temas delicados, como a guerra e a desobediência civil. Logo no prefácio assinado por Celso Lafer, uma frase me despertou para a diferença entre a minha geração de sociólogos e a atual. Bobbio afirmava que sua geração foi marada pela segunda guerra mundial, transformando a militancia intelectual num imperativo. Acho que minha geração foi marcada pela ditadura militar, no mesmo sentido. O imperativo da militância dos sociólogos era algo até mesmo irrefletido. Não porque não havia consciência, mas como algo obrigatório, moralmente auto-justificável. Não por outro motivo, tantos sociólogos se candidataram ao parlamento, se tornaram figuras públicas da política partidária, acabaram ministros, diretores de bancos públicos. A geração atual, de jovens que terminam seu mestrado neste momento, são mais, digamos, "profissionais". No sentido de adotarem uma profissão e não um engajamento. Para minha geração, ser sociólogo era, ao mesmo tempo,uma opção pessoal e pública. Exatamente como ser candidato a um cargo público. Agora, parece uma opção de foro íntimo, absolutamente pessoal, com carreira projetada como algo que fica do lado de dentro da mesa. Este seria um dos motivos para a ANPOCS estar definhando a cada ano. E acho que a SBS também vai no mesmo rumo. Até a luta por aulas de sociologia ganhou ares de corporativismo "engajado". Imagine! Quantos de nós ficou assustado com esta luta despolitizada, que pouco se pensa na formação dos alunos e muito se pensa no emprego? A sociologia não tinha este objetivo, para nós, que nos formamos nos anos de chumbo ou logo no período da abertura lenta e inacabada.
Mais uma constatação que dá vida à grande frase do marketing tupiniquim: "O mundo gira e a Lusitana roda".
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