segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Conferência Estadual de Educação de MG


Participei, hoje, do COEED, preparação da conferência nacional de educação que ocorrerá em 2010. Estavam lá mais de 1.200 delegados de todo Estado de Minas Gerais. Falei sobre educação de qualidade, gestão democrática e avaliação, Eixo 2 da programação oficial. Minha tese é que estamos vivendo uma onda conservadora na educação nacional há cinco anos. O caso Geisy, para mim, é apenas uma expressão do conservadorismo e estilo empresarial que envolveu toda política educacional do país. Critiquei as avaliações sistêmicas por serem um mero retrato quantitativo focado no resultado e não no processo de aprendizagem. IDEB, SIMAVE, SARESP e outros não oferecem informações educacionais para os professores. Também citei o equívoco das avaliações individuais de desempenho na área educacional justamente porque a educação é um ato consorciado, em que a família representa mais de 70% do desempenho do aluno (Vygotsky já havia destacado o hábito, que no jargão russo do início do século, ainda muito impregnado por Pavlov, denominavam de condicionamento).
O debate foi excelente. Uma proposta de eliminação das avaliações sistêmicas já havia sido aprovada na conferência da macroregião metropolitana.
Há muito o que se discutir. Discutimos os problemas de dificuldades de alfabetização dos alunos que ingressaram nas escolas públicas (transformando-as efetivamente em escolas públicas) nos últimos dez ou quinze anos. Antes, muitas escolas públicas eram de elite, principalmente as estaduais, localizadas nas regiões nobres das cidades interioranas. Agora, milhões de crianças e adolescentes, muitos oriundos da nova classe média brasileira, frequentam as escolas. Pais e avós que pouco ou nada leram. Que não consumiam livros, não viajavam para lugares distantes, não tinham um cardápio muito plural. E nossas universidades não preparam os futuros professores para entender esta mudança do perfil sociológico das escolas. Continuam distribuindo tarefas (lições ou para casa, dependendo da região do país) para fazerem em casa, humilhando os pais e desconhecendo que 35% das famílias são chefiadas por mulheres de baixa renda e, quase sempre, sem a ajuda do marido. Também discutimos a necessidade de um novo avanço no projeto curricular das escolas e universidades, voltado para o papel política que o Brasil assume como liderança no nosso continente.
Fiquei muito motivado e feliz com o debate.
O ponto negativo foram os depoimentos de como a Escola Plural, reforma ousada da rede municipal de Belo Horizonte (no período Patrus Ananias) está absolutamente abandonada. Na verdade, mais que isto: a política municipal educacional, pelos relatos, é retrógrada e exatamente o inverso do que era a Escola Plural. Uma pena.

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