A Agencia de Prensa Alternativa Humanista “Sur” (APAHs) entrevistou Noam Chomsky sobre o desenrolar da crise econômica atual. Chomsky defende a necessidade de desmontar algumas mitologias relacionadas à crise, destaca o novo papel que a América Latina vem desempenhando no mundo e aponta a abertura de uma janela de
oportunidades para mudanças na atual ordem político-econômica global. Uma das principais mudanças na ordem mundial está sendo vivida agora na América Latina, diz Noam Chomsky, em entrevista. Para ele, a região está começando a superar seus problemas internos e sua subordinação ao Ocidente (é assim que comumente os EUA denominam seu país e a Europa, identificando a América Latina como cultura específica, mais comunitária e católica que a "ocidental"), principalmente em relação aos EUA. Chomsky acredita que a crise atual traz oportunidades de mudanças reais na ordem mundial. "Até onde essa mudança pode chegar, isso depende daquilo que estamos dispostos a empreender".
sábado, 29 de novembro de 2008
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Avaliando o encontro de Lula com movimentos sociais
Parece que o encontro das entidades e movimentos populares com Lula foi, realmente, uma mistura de beija mão com entrega de uma pauta geral de medidas de preservação da economia nacional. Houve grande movimentação de bastidor. A questão é o que o governo fará com esta reunião e pauta. Qual o motivo para se reunir, no final do ano, com lideranças sociais, muitas delas extremamente críticas à condução das políticas sociais (caso da CNBB e parte do MST)? Os cortes orçamentários serão graves? Lula quer fôlego para uma política seletiva de cortes?
Empreendorismo e Educação
Fiz parte do corpo de avaliadores dos projetos de jovens (ao redor de 16 anos) que estudam no SESI/FIEMG, em Minas Gerais. Os projetos são realmente muito interessantes. E a capacidade de apresentação e convencimento dos meninos/meninas é ainda mais interessante. Alguns projetos: criaram uma pista de boliche adaptada para cegos. O projeto envolveu a turma da Escola Benjamim Guimarães, da rede de ensino do Serviço Social da Indústria (Sesi), em Contagem, na Grande BH, a desenvolver o protótipo da pista. Realizada anualmente, a mostra exibe nesta edição um banco de carro com duas alavancas para ajudar na locomoção de deficientes físicos. Ao acioná-las, o banco gira e é projetado para fora, facilitando a saída do motorista. Outro projeto, a luva "limpa fácil" tem textura de bucha para evitar o contato de unhas pintadas ou mãos alérgicas com a superfície a ser limpa. Um fósforo ecológico que queima dos dois lados e mais demoradamente e um sistema de caixa que contabiliza o valor das compras dentro do próprio carrinho estão entre as atrações.
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Encontro de Lula com movimentos sociais
O ministro Luiz Dulci organizou, ontem, reunião de Lula com 60 ongs e movimentos sociais para discutir a crise econômica. A notícia publicada, hoje, na Folha de SPaulo dá a impressão de ter sido um "beija mão". O que não noticiou foi que a entrega de um documento onde constam 22 pontos. Vou resumir o conteúdo deste documento (intitulado Carta dos movimentos sociais ao presidente Lula):
1) O documento afirma que "devemos aproveitar a brecha da crise para mudar a política macroeconômica de natureza neoliberal, e ir construindo um novo modelo de desenvolvimento nacional, baseado em outros parâmetros, sobretudo na distribuição de renda, na geração de emprego e no fortalecimento do mercado interno";
2) No item "Propostas de articulações internacionais" reforça-se a integração regional (Mercosul, Unasul e Alba), a substituição do dólar nas transações comerciais por moedas locais, a consolidação o mais rápido possível do Banco do Sul (como um agente que promova o desenvolvimento regional), retirada imediata de todas as forças estrangeiras do Haiti;
3) Quanto às "Propostas de Política Interna", sugere: reduzir imediatamente as taxas de juros, impor rigoroso controle da movimentação do capital financeiro especulativo (instituindo quarentenas e impedindo o livre circular), cancelamento imediato do novo leilão do petróleo (marcado para dia 18 de dezembro), revisão da política de manutenção do superávit primário (aplicando na construção de escolas, contratação de professores para universalizar o acesso à educação de nossos jovens, em todos os níveis, em escolas públicas, gratuitas e de qualidade), adoção de amplo programa de incentivo à geração de empregos formais (em especia, para os jovens), reajustar imediatamente o salário mínimo e os benefícios da previdência social, controlar os preços dos produtos agrícolas pagos aos pequenos agricultores, revogar a Lei Kandir e voltar a ter imposto sobre as exportações de matérias primas agrícolas e minerais, reduzir a jornada de trabalho, ampliar o controle da população sobre as concessões de rádio e TV, continuar demarcando as terras e efetivando a desintrusão desses territórios em todo o país, realizar a auditoria integral da dívida pública para lançar as bases técnicas e jurídicas para a renegociação soberana do seu montante e do seu pagamento, reforma política que amplie os espaços de participação do povo nas decisões políticas, criação de política de preservação e recuperação dos biomas brasileiros.
Assinam: Via Campesina, Coordenação dos Movimentos Sociais, Abong, MST, CUT, UNE, Marcha Mundial de Mulheres, CTB, CGTB, Central de Movimentos Populares, ABI, Confederação das Associações das Associações de Moradores, Caritas Brasileira, CNBB/Pastorais Sociais, CPT, CIMI, Movimento dos Pequenos Agricultores, Movimento dos Atingidos por Barragens, Movimento das Mulheres Camponesas, União Brasileira de Mulheres, Coordenação Nacional de Entidades Negras, Movimento Trabalhadores Sem Teto, União Nacional Moradia Popular, Confederação Nacional das Associações de Moradores, Movimento Nacional de Luta por Moradia, Jubileu Sul Brasil, Movimento pela Libertação dos Sem Terras, União Estudantes Secundaristas, União Juventude Socialista, Evangélicos pela Justiça, União nacional de Entidades Negras, Confederação Nacional Trabalhadores Entidades de Ensino, CNTE, Federação Única dos Petroleiros, Confederação Nacional dos Metalúrgicos e Inesc, entre outros.
Nota sobre reforma tributária
Nota assinada por entidades de representação social e ongs sobre a reforma tributária:
"Diante das evidentes necessidades de mudança, o governo enviou ao Congresso Nacional uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC 233/2008) no intuito de modificar os dispositivos relativos ao Sistema Tributário Nacional (STN). Analisando as exposições de motivos do Ministério da Fazenda, percebe-se que a proposta não tem a pretensão de promover uma mudança estrutural no sistema tributário, de forma a torná-lo menos regressivo, mais equânime e justo. Além disso, a proposta traz graves conseqüências às políticas sociais, pois altera de forma substancial a vinculação das fontes de financiamento exclusivas da Seguridade Social (saúde, previdência e assistência social), da política de trabalho e da política de educação. As principais bases da proposta são: simplificar o sistema, avançar na desoneração e eliminar distorções, principalmente no que diz respeito à “guerra fiscal” entre os Estados. Da forma em que se encontram, metas importantes não serão atingidas, quais sejam:
i) justiça tributária, eqüitativa e progressiva;
ii) ampliação da tributação sobre o patrimônio, e
iii) ampliação do imposto sobre a renda, incluindo a tributação sobre lucros, dividendos e juros.
Essas metas são importantes para que o sistema tributário seja instrumento de redistribuição da renda e da riqueza. Além de omitir-se frente a todos esses pontos, a proposta põe em risco importantes avanços da Seguridade Social trazidos pela Constituição de 1988. É importante discutir e modificar o nosso sistema tributário, mas a proposta que está no Congresso precisa ser aperfeiçoada. (...) "
A nota critica, ainda, o fim da pluralidade de fontes de financiamento da Seguridade Social, exclui as contribuições sociais sobre o lucro e sobre o faturamento das empresas, ficando previstas somente as contribuições previdenciárias. Também desta o FAT e a garantia de recursos da educação básica (salário-educação). A desoneração da folha, mediante substituição da contribuição social do salário-educação (hoje cobrado com alíquota de 2,5% sobre a folha de pagamento) por uma destinação da arrecadação federal vai acabar com o financiamento vinculado da educação básica. Igualmente, ao extinguir a contribuição social para o PIS, deixará de existir a fonte exclusiva de financiamento do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), cujos recursos são, em parte, direcionados ao custeio do Programa do Seguro-Desemprego e do Abono Salarial.
Brasil: 18 denúncias por dia de abuso sexual com crianças
Participei, ontem, de uma mesa de debates sobre os 18 anos do ECA, organizado pelo Fórum de Direitos da Criança e Adolescente (Fórum DCA) de São Paulo. Um dos participantes da mesa era o antropólogo Arnaldo Eugênio. Na sua fala, revelou que são registrados oficialmente 70 mil casos/ano de abusos sexuais envolvendo crianças e adolescentes em nosso país. Outro dado estarrecedor que divulgou: entre 2002 e 2006 cresceu em 28% a taxa de adolescentes internados em nosso país. O caso Isabella parece ter retraído a sanha de parte da grande imprensa pela criminalização dos adolescentes, como ocorria na época do Código de Menores (lei anterior ao ECA). Mas, nos bastidores, a ofensiva continua forte.
terça-feira, 25 de novembro de 2008
A chuva em Santa Catarina e a tese do Clarín
O jornal argentino Clarín decidiu dar sua opinião a respeito da tragédia em Santa Catarina. Estampa o jornal, em sua edição de terça-feira:
"As enchentes em Santa Catarina, que mataram dezenas de pessoas e deixaram milhares desabrigadas, são sinal de que o impacto do aquecimento global sobre a Amazônia já está tendo um reflexo sobre o clima da América do Sul". Vai além: "as mudanças na floresta amazônica, em conseqüência do aquecimento global e da ação destrutiva do homem, já começaram a se fazer sentir no Cone Sul". Cita exemplos: as tempestades em Santa Catarina, simultaneamente às fortes secas no Chaco, em Buenos Aires, La Pampa, Santa Fé e Córdoba". Paulo Artaxa, ouvido pelo jornal argentino, explica que "no céu da Amazônia há um sistema eficaz de aproveitamento do vapor d'água (...) mas a fumaça dos incêndios florestais altera drasticamente este mecanismo: diminui a formação de nuvens e chuvas em algumas regiões e aumenta as tempestades em outras".
Brasil possui a segunda maior taxa de repetência escolar da AL
A UNESCO divulgará, hoje, monitoramento das metas globais envolvendo 129 países. O Brasil aparece, neste levantamento, com a segunda maior taxa de repetência escolar da América Latina, atrás do Suriname. A taxa brasileira é de 18,7% e a média latino-americana é 6,4% (no Caribe a taxa é ainda menor: 2,9%). Somos o único país da região com mais de 500 mil crianças em idade escolar sem estudar.
Os pragmáticos afirmarão que isto revela que nossos professores não conseguem ensinar. Pode até ser. Mas o importante é entendermos como a repetência não se relaciona, em nada, com aprendizagem. Repetir não estimula em nada. É apenas uma punição. Do ponto de vista pedagógico, é um ato retrógrado.
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Feliz Natal, o filme
Fui assistir Feliz Natal, de Selton Mello. Achei pretensioso. Retoma a lentidão, closes excessivos e pouca luz dos filmes dos anos 60. Quase grita: “sou um filme de arte”. Selton Mello diz que o filme retrata a melancolia desta celebração meio obrigatória, onde as emoções emergem. O jornal O Globo fez grande elogio ao filme, assim como o fez Walter Salles (além deste filme ter recebido prêmios em Paulínia e Rio de Janeiro). Acho que não sirvo para júri de festival de cinema.
A solução de Keynes para a crise mundial
Passagens do artigo de George Monbiot, colunista do jornal britânico The Guardian, ("Economista dizia que nações devedoras têm pouco a fazer para resolver crises"), retomando a tese de Keynes (na foto):
"Na conferência de Bretton Woods, em 1944, o economista inglês John Maynard Keynes propôs um sistema engenhoso para convencer as nações credoras a gastarem seu dinheiro excedente nas economias das nações devedoras. Mas sua idéia foi rejeitada, e foi assim que nasceu o Fundo Monetário Internacional (FMI). (...) Depois que ela foi descartada, Geoffrey Crowther - então diretor da revista Economist - alertou que "lorde Keynes estava certo ... o mundo lamentará amargamente o fato de seus argumentos terem sido rejeitados". (...) Somente os países que mantêm um superávit comercial têm uma representação real, portanto são eles que devem ser obrigados a modificar suas políticas. A solução apresentada por Keynes foi um sistema engenhoso para persuadir as nações credoras a gastarem seus recursos excedentes nas economias das nações devedoras. Ele propôs um banco global, a União Internacional de Compensações. O banco emitiria a própria moeda - o bancor - que poderia ser trocada pelas moedas nacionais a taxas de câmbio fixas. O bancor se tornaria a unidade monetária corrente entre as nações, o que significa que seria usada para medir o déficit ou o superávit comercial do país. Todo país teria uma linha de crédito em sua conta em bancors na União Internacional de Compensações, equivalente à metade do valor médio de seu comércio em um período de cinco anos. (...) Keynes propôs que todo país que registrasse um grande déficit comercial (equivalente a mais da metade de sua capacidade de crédito em bancors) teria de pagar juros sobre sua conta. Também seria obrigado a reduzir o valor de sua moeda e impedir a exportação de capital. Mas - e esta era a chave do seu sistema - ele insistiu em que as nações com superávit comercial fossem sujeitas a pressões semelhantes. Todo país com um saldo de crédito em bancors superior a 50% de sua capacidade de crédito teria de pagar juros à taxa de 10%. Também seria obrigado a valorizar sua moeda e a permitir a exportação de capital. Se, até o fim do ano, seu saldo de crédito superasse o valor total do seu crédito permitido, o superávit seria confiscado. As nações com um superávit teriam um poderoso incentivo para se livrarem dele. Com isso, elas compensariam automaticamente os déficits de outras nações."
Dívida da classe média brasileira aumentou 70%
Em quatro anos, o endividamento do brasileiro cresceu quase 70% na relação com o número de salários recebidos. Entre cheque especial, cartão de crédito, financiamento de veículos, crédito pessoal e empréstimos imobiliários com recursos livres, o consumidor devia dez meses de salário em setembro. Em 2004, a dívida correspondia a 5,9 meses de salário. Os cálculos são do consultor para o sistema financeiro e economista pela Universidade de Brasília, Humberto Veiga. Para chegar a esses números, ele considerou a evolução da massa de salários com base nos dados da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE em seis regiões metropolitanas e o montante de crédito concedido ao consumidor.
domingo, 23 de novembro de 2008
Sobre o Dia da Consciência Negra
O último dia 20 foi Dia Nacional da Consciência Negra. Deveria ter escrito algo neste blog. Mas melhor tardar que falhar. Vou fazer três registros, não muito comuns, a respeito:
1) O primeiro refere-se às mulheres negras que tiveram um relevante papel político em nosso país (mesmo indireto, como no caso de Nzinga) e que lutaram pela abolição: Dandara, Luiza Mahin e Nzinga. É interessante como o movimento negro é machista (o último item desta nota retomará esta observação). No Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, em Alagoas, Dandara estava junto com Ganga-Zumba. Chegou a questionar os termos do tratado de paz assinado por Ganga-Zumba e pelo governo português. Posicionando-se contra o tratado, opôs-se a Ganga-Zumba, ao lado de Zumbi. Luiza Mahin era africana de etnia mina-jeje e participou da Revolta dos Malês, em 1835. Foi vendedora de quitutes e teria obtido a liberdade em 1812. Era mulçumana, alfabetizada em árabe e lia o Alcorão. Já Nzinga Mbandi Ngola, era conhecida como rainha Ginga. Era filha do rei dos mbundus no território Ndongo, hoje em Angola. Não conseguindo a paz com os portugueses em troca de seu reconhecimento como rainha de Matamba, renegou a fé católica, aliou-se aos guerreiros jagas de Oeste e fundou o modelo de resistência e de guerra que constituía o quilombo. Comandou a resistência à ocupação colonial e ao tráfico de escravos no seu reino por cerca de quarenta anos.
2) Outro nome pouco comentado no Brasil é o de um branco inglês: William Wilberforce. Wilberforce foi um político abolicionista britânico, membro do Parlamento britânico que liderou uma campanha contra da escravidão. Propôs um projeto de lei na Câmara dos Comuns para abolir a escravidão em 1791. A partir de então, todo ano, defendeu seu projeto até 1807, quando seu projeto foi aprovado pelo Parlamento Britânico, proibindo-se o tráfico de escravos, conhecido como Slave Trade Act.
3) O último registro é sobre Zumbi dos Palmares. Não ficarei no clichê. Destacarei, apenas, que Luiz Mott (historiador baiano) divulgou, em 1991, que Zumib era homossexual. Mott recebeu, a partir de então, telefonemas anônimos ameaçando-o de morte. Sofreu tentativa de sequestro no mesmo período, registrado na grande imprensa. Quatro anos depois, logo após divulgar documetntos que comprovariam que Zumbi era homossexual, teve os vidros de seu carro quebrados e os muros de sua casa pixados com os dizeres: "Zumbi vive". Algo incompreensível para uma luta pela igualdade e respeito à diferença. Mas esta é mais uma das contradições da cultura política nacional.
O impacto da produção de etanol
A produção de etanol em 2007 foi de 20,1 bilhões de litros; em 2008 foi de 27,1 bilhões de litros e se estima que em 2030 alcance a 66,6 bilhões de litros . Em 2007 foram plantados 7,08 milhões de hectares de cana, e em 2008 um total 9,0 milhões de has. Um aumento de 1,9 milhões de has plantados com cana em apenas um ano.O Brasil conta hoje com 370 unidades sucroalcooleiras (usinas) e deverá chegar a 409 até o final da safra 2012/2013. Em 2007 a previsão era de 140 novas usinas até 2015. Essa previsão caiu para 93. A tendência recente é a da concentração e centralização da produção de etanol (e da cana de açúcar). Todos analistas destacam o impacto deste aumento de produção (e área plantada) sobre o preço das terras e, consequentemente, sobre o preço dos alimentos e o acesso popular a eles.
Este é um dos temas da próxima década. Anotem.
sábado, 22 de novembro de 2008
Produtos com agrotóxicos banidos na Europa e EUA
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vem tentando, desde o início do ano, submeter à análise de seus técnicos doze produtos que são base para fabricação de mais de uma centena de agrotóxicos no país. Utilizados em lavouras de soja, arroz, milho, feijão, trigo, maçã, laranja e dezenas de outras frutas, verduras e legumes, os agrotóxicos são produzidos a partir de ingredientes ativos banidos e proibidos na União Européia, nos Estados Unidos, no Japão e na China. Mas a ação da Anvisa foi barrada. Com pareceres favoráveis do Ministério da Agricultura, empresas brasileiras produtoras de agrotóxicos e multinacionais conseguiram na Justiça impedir o exame dos fiscais da Anvisa.
Governo Federal decide sobre primeiros cortes
De Josias de Souza:
1) O governo terá de protelar parte dos reajustes salariais que programara para 2009.
2) Decidiu-se também cancelar um lote de concursos públicos já engatilhados.
3) O Ministério do Planejamento prevê queda de R$ 15 bilhões na arrecadação de tributos. Serão R$ 10 bilhões a menos em impostos e R$ R$ 5 bilhões em royalties do petróleo.
Mais sobre Emir Sader
Foi só postar uma mensagem sobre a gestão de Emir Sader (na foto) na Clacos e já começam a chegar mais informações a respeito. Fui informado que Emir está forçando a saída da CLACSO de Maristella Svampa (investigadora-docente associada regular da Universidade de General Sarmiento na Argentina, bolsista Guggenheim, prêmio Kónex ao Mérito, professora da Universidade de Paris III - Sorbonne Nouvelle).
A novidade Leonardo Quintão merece mais análise
As eleições passaram e os derrotados são esquecidos no passar dos dias. Este não é o caso de Gabeira, que está sendo lembrado e relembrado todos os dias. Mas um dos personagens que mereceriam maior análise como inovação política mineira: Leonardo Quintão. Quintão foi realmente uma novidade no céu de brigadeiro de Minas Gerais. Acredito que Hélio Costa procurou, quando candidato a governador, emplacar este estilo. Mas era "global" em demasia. Olhava direto para a câmera de TV, falava da mãe (lembro de uma carta que sua mãe teria enviado, que Costa leu no final da campanha). Mas Quintão é mais jovem e demonstrou uma habilidade de comunicação muito significativa. Soube traduzir a tradição mineira para a pós-modernidade. Aécio Neves, Patrus e Pimentel não possuem este perfil. Quintão foi demagogo, como analisou Richard Sennett em "O Declínio do Homem Público", quando analisou a postura de Nixon no início das acusações que desaguariam no Watergate. Nixon foi à TV e falou de sua cachorrinha, que ganhou dos filhos. Disse que os que o atacavam não pensavam em sua família e nesta cachorrinha. E deu certo. Sennett percebeu que Nixon criava uma ponte para com os que se sentem ressentidos com a política oficial e formal. Falava como amigo da vizinhança e demonstrava desconforto como político profissional. Quintão, acredito, trilhou esta "passagem". Foi e será um adversário político perigoso. Criou uma alternativa na política mineira. A despeito do seu conteúdo conservador, sua forma é uma novidade em MG.
Aubry é a nova secretária geral do PSF
Por uma diferença de apenas 42 votos (num total de 137 mil votos) a ex-ministra do Emprego e prefeita de Lille, Martine Aubry (na foto), derrotou Ségolène Royal, na eleição interna para escolha da direção da Secretaria Geral do Partido Socialista Francês. No primeiro turno da eleição, Ségolène Royal venceu com folga a disputa. O terceiro colocado na disputa, o esquerdista Benoit Hamon, pediu então que seus apoiadores votassem em Martine Aubry no segundo turno. Royal não aceitou o resultado das eleições, que foi confirmado neste sábado. A candidata afirma que houve irregularidades e exige uma nova votação na próxima semana.
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Faça o que falo, mas...
Recebo carta dos funcionários da CLACSO que criticam a administração de Emir Sader:
"Las/os trabajadoras/ es del Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales (CLACSO) pedimos la reincorporació n de nuestra compañera Ana Sofía Jemio*, despedida arbitraria e injustamente el pasado lunes 27 de octubre. Ana Sofía Jemio, quien fue vocera de la Asamblea de Trabajadores de CLACSO, recibió un telegrama de despido que alega como causal "razones de reestructuració n fundadas en falta de trabajo y fuerza mayor no imputable a empresa", argumentos que no se condicen con la realidad actual de CLACSO. Las/os trabajadoras/ es de CLACSO entendemos que este despido se enmarca en un proceso de reestructuración de personal llevado adelante por la gestión del actual Secretario Ejecutivo, Emir Sader, que ya ha implicado la desvinculació n de 22 trabajadoras/ es, aproximadamente un tercio del total de empleadas/os de la institución. Las características de este proceso tienden a precarizar nuestras condiciones laborales y atentan contra la estabilidad de nuestros puestos de trabajo. Cabe destacar como un factor altamente preocupante el intento de las autoridades de la Secretaría Ejecutiva de evitar el pago de las indemnizaciones correspondientes.
Las/os trabajadoras/ es de la Secretaría Ejecutiva consideramos necesario expresar públicamente nuestra gran preocupación ante el proceso de reestructuració n que está siendo implementado por las autoridades de la institución.
Hace un año, las/os trabajadoras/ es hemos iniciado un proceso de organización destinado a defender nuestros derechos laborales y nuestros puestos de trabajo. A comienzos del mes de octubre, en un clima de creciente tensión, en el cual se prohibieron las reuniones de personal en horario laboral bajo la advertencia de sanciones, y tras sortear una serie de obstáculos generados por las autoridades, hemos elegido delegados sindicales dentro del marco legal vigente. Sin embargo, las autoridades de la Secretaría Ejecutiva no reconocen a la Asamblea de las/os trabajadoras/ es ni a los dos delegados elegidos.
A pesar del compromiso asumido por el Secretario Ejecutivo Adjunto, Pablo Gentili, de dar una respuesta a nuestro pedido de reincorporación de Ana Jemio a su puesto de trabajo, al día de hoy lamentablemente no hemos recibido respuesta alguna al tiempo que se suceden las advertencias de diversa índole a las/os trabajadoras/ es de la institución, hechos que agudizan el clima de incertidumbre imperante. (...)
ASAMBLEA DE TRABAJADORAS y TRABAJADORES DE CLACSO
asambleadetrabajado resdeclacso@ gmail.com"
"Las/os trabajadoras/ es del Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales (CLACSO) pedimos la reincorporació n de nuestra compañera Ana Sofía Jemio*, despedida arbitraria e injustamente el pasado lunes 27 de octubre. Ana Sofía Jemio, quien fue vocera de la Asamblea de Trabajadores de CLACSO, recibió un telegrama de despido que alega como causal "razones de reestructuració n fundadas en falta de trabajo y fuerza mayor no imputable a empresa", argumentos que no se condicen con la realidad actual de CLACSO. Las/os trabajadoras/ es de CLACSO entendemos que este despido se enmarca en un proceso de reestructuración de personal llevado adelante por la gestión del actual Secretario Ejecutivo, Emir Sader, que ya ha implicado la desvinculació n de 22 trabajadoras/ es, aproximadamente un tercio del total de empleadas/os de la institución. Las características de este proceso tienden a precarizar nuestras condiciones laborales y atentan contra la estabilidad de nuestros puestos de trabajo. Cabe destacar como un factor altamente preocupante el intento de las autoridades de la Secretaría Ejecutiva de evitar el pago de las indemnizaciones correspondientes.
Las/os trabajadoras/ es de la Secretaría Ejecutiva consideramos necesario expresar públicamente nuestra gran preocupación ante el proceso de reestructuració n que está siendo implementado por las autoridades de la institución.
Hace un año, las/os trabajadoras/ es hemos iniciado un proceso de organización destinado a defender nuestros derechos laborales y nuestros puestos de trabajo. A comienzos del mes de octubre, en un clima de creciente tensión, en el cual se prohibieron las reuniones de personal en horario laboral bajo la advertencia de sanciones, y tras sortear una serie de obstáculos generados por las autoridades, hemos elegido delegados sindicales dentro del marco legal vigente. Sin embargo, las autoridades de la Secretaría Ejecutiva no reconocen a la Asamblea de las/os trabajadoras/ es ni a los dos delegados elegidos.
A pesar del compromiso asumido por el Secretario Ejecutivo Adjunto, Pablo Gentili, de dar una respuesta a nuestro pedido de reincorporación de Ana Jemio a su puesto de trabajo, al día de hoy lamentablemente no hemos recibido respuesta alguna al tiempo que se suceden las advertencias de diversa índole a las/os trabajadoras/ es de la institución, hechos que agudizan el clima de incertidumbre imperante. (...)
ASAMBLEA DE TRABAJADORAS y TRABAJADORES DE CLACSO
asambleadetrabajado resdeclacso@ gmail.com"
Push and Bush
Bush será uma eterna incógnita para os EUA. Obteve o maior índice de popularidade do seu país. Segundo o Gallup, ele foi o único que chegou aos 90% de aprovação, índice alcançado dez dias depois do 11 de setembro de 2001. Mas também foi o Presidente dos EUA que menos aprovação obteve na história. Segundo o Gallup, atualmente ele conta com 23% de aprovação. Neste caso, os número enganam: ninguém pode explicar claramente como chegou aos 90% de aprovação.
Guinada à Esquerda: estatização da previdência argentina
O Senado argentino aprovou ontem projeto governamental para nacionalizar a previdência privada. Há 14 anos, os recursos estão nas mãos das Administradoras de Fundos de Aposentadoria e Previdência (AFJP) do país.
A Associação de Dirigentes de Empresas da Argentina colocaram em suspeição a segurança jurídica do país. Analistas de mercado afirmaram que o governo necessita de caixa para fechar as contas em 2009. Os líderes radicais (URC, partido de oposição ao governo Kirchner) afirmaram que seria violação ao direito de propriedade.
A iniciativa prevê a transferência dos ativos das AFJP - cerca de US$ 30 bilhões (R$ 63 bilhões)- ao sistema estatal, o que é apoiado pelo governo e por setores de outros partidos. O argumento principal do governo é a crise financeira. "Ouço dizer que o governo quer fazer uma caixa. Nunca especulamos na hora de tomar decisões, além de manter o superávit fiscal. Pensamos na Constituição, que diz que é o Estado quem deve garantir as aposentadorias", afirmou Cristina Kirchner. O governo previa quebra de três administradoras.
Fernando Pimentel: "a luta continua"
Fernando Pimentel resiste. A Executiva do PT de MG arquivou três requerimentos contra o atual prefeito de Belo Horizonte. Tudo ocorreu ontem à noite. A executiva possui 21 membros e 12 são ligados umbilicalmente ao prefeito. Nove outros integrantes ligados ao ministro Patrus Ananias compareceram e tentaram adiar ou vetar a decisão de arquivamento. Perceberam que perderiam e saíram sem votar. Entretanto, já havia quorum para deliberar. Os principais requereimentos eram pela impugnação de 6,5 mil filiações recentes (questão central da ofensiva de Patrus sobre Pimentel) e o que pedia punição ao prefeito por ter feito campanha com o PSDB, hipótese vetada pelo Diretório Nacional do PT.
O troco já está sendo produzido.
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Nicarágua
Relato (divulgo uma parcial) de Padre Arnaldo Zenteno, da Nicarágua:
"1.- Nuestro país está totalmente polarizado y que especialmente en León y Managua hay mucha tensión y ha habido mucha violencia.
2.Al menos la apariencia -si no hay algún arreglo bajo la mesa- es que los dos contendientes principales (el Frente Sandinista y los liberales de Alemán y Montealegre) no están dispuestos a ceder ni un centímetro y que ambos se sienten en las plazas principales ganadores en las elecciones municipales de este 9 de noviembre. Aunque por experiencias pasadas, no poca gente se pregunta si va a haber algún arreglo o pacto escondido, y ¿qué darán a cambio de qué?
3.El Frente apostó a sus obras como gobierno: Bono productivo- Programa Hambre 0 en el campo - Fondo revolvente de cerdos, perdiguéis, terneras - Usura 0 en las ciudades (préstamos a muy bajo interés para microproyectos) - Viviendas Populares - pavimentación de calles. Su otra apuesta ha sido una "Campaña de Amor, no Odio", tomándose las rotondas con grupos populares con su mensaje y con oración y mensajes bíblicos.
- Los Liberales apostaron con el "No a la Dictadura" (basados en el camino autoritario que denuncian en el gobierno sandinista), y desde antes de las elecciones su otro pilar ha sido "No al fraude electoral". Acusación y luego rechazo del Fraude Electoral.
4.- De parte de los liberales se han planteado las Elecciones Municipales como un termómetro de las próximas elecciones presidenciales. Lo han planteado como un Referéndum contra el presidente Daniel Ortega. Y de hecho la campaña municipal de Montealegre en Managua se resumía en "todos contra Daniel", logró reunir a las dos vertientes liberales -la de Alemán y la de Montealegre-, y logró que se le sumaran también increíblemente los del Movimiento de Renovación Sandinista (MRS) que hace años se separaron del Frente. Los del MRS se sumaron a los liberales, pues esto -según dicen- es un mal menor. El mal mayor para ellos es la "dictadura sandinista". Y en respuesta el Frente también ha puesto todos los fierros en Managua y León como si fuera referéndum del Partido Sandinista -por lo mismo su respuesta ha sido tan firme y dura.
5.- Ha habido mucha violencia desde unas semanas antes de las elecciones. Esto se ve en especial en las marchas. Pero conviene aclarar que la violencia es de los dos lados -con acusaciones mutuas de contratar pandilleros o al menos jóvenes sin trabajo para que se lancen con las piedras, morteros etc.. Y sobre todo ayer, en las tomas de la TV se podía ver los palos, garrotes, bates de los dos lados, y del lado liberal también se vio al menos un fusil y heridos de bala.
6. La violencia inicial se dio de los dos lados de diversa manera. El Frente se sintió como provocado por la marcha que antes de las elecciones organizaron los liberales a la ciudad de León -que se supone es bastión sandinista, y reaccionó poniendo tranques en la carretera para que no llegara la caravana liberal- y en esos tranques había palos y garrotes amenazantes, y de hecho impidieron que esa caravana de buses y carros llegara a León."
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
As discussões sobre a reforma tributária
Relato de Evilásio Salvador, do INESC e Fórum Brasil do Orçamento:
"Estive hoje a tarde acompanhando a reunião da Comissão Especial da Reforma Tributária. Na reunião anterior que foi apresentado o Relatório do Dep. Sandro Mabel foram feitos vários questionamentos ao texto. Alguns dos quais relatei na nossa reunião de equipe na segunda-feira passada. Pois bem, a reunião de hoje foi para que o Deputado Sandro apresenta-se modificações, a partir do que foi proposto pelos deputados. Algumas das modificações são:
a) Imposto Verde - inclusão de um artigo na Constituição que vai permitir a gradação das alíquotas dos impostos (alíquotas diferenciadas) para as empresas que poluam ou que preservem o meio ambiente, conforme a atividade econômica. Em minha opinião é um avanço importante e insere a discussão tributária no debate contemporâneo de preservação do meio ambiente.
b) Previdência social – foi inserido um dispositivo, assegurando que as perdas de arrecadação da previdência social decorrentes da redução da contribuição patronal sobre folha de pagamento serão cobertas pelo Tesouro Nacional. Essa emenda atende a uma das reivindicações das entidades. Eu particularmente sou contra a redução da contribuição patronal para a previdência social. Não há certeza dos efeitos que essa desoneração gera em termos de empregos e as experiências internacionais não são conclusivas sobre tema. Creio que a geração de empregos depende mais de outras variáveis econômicas como: renda, inflação e crescimento. Além disso, hoje tem na Constituição um artigo que permite a cobrança diferenciada da contribuição previdenciária, conforme a empresa for intensiva em mão-de-obra ou em capital, a contribuição pode ser sobre a folha de pagamento ou o faturamento. O governo nunca regulamentou.
c) Imposto sobre grandes fortunas – no relatório apresentado na semana passada tinha sido extinto o imposto e criada uma contribuição sobre grandes fortunas exclusiva para o financiamento da seguridade social. Contudo, hoje esse dispositivo foi retirado, e voltou a situação anterior. Ou seja, como imposto sobre grandes fortunas. Considero um retrocesso. A transformação em contribuição foi uma reivindicação das entidades apresentada pela Dep. Luiza Erundina e pela Bancada do PT. Mas, a oposição reclamou (DEM e PSDB) e o relator e a bancada do PT cederam. Com isso, o debate sobre a Contribuição sobre Grandes Fortunas para a seguridade social será remetida ao plenário. O risco é limpar da Constituição. O próprio relatório já avisou que é contra esse imposto.
d) Fundo de Desenvolvimento Regional. Os deputados conseguiram aumentar o valor de R$ 2,8 bilhões para R$ 3,5 bilhões na negociação com o Ministério da Fazenda. Mas o Relator já anunciou que querem R$ 7 bilhões. Essa discussão vai ficar para o Senado Federal."
Recessão do Brasil em 2009?
O economista-chefe do Morgan Stanley, Marcelo Carvalho, disse que o Brasil pode entrar em recessão no 1º trimestre de 2009. Segundo ele, há riscos de retração no último trimestre deste ano e no primeiro do ano que vem, o que configuraria uma recessão clássica também no país, a exemplo do que já aconteceu com Alemanha, Japão, Itália e Zona do Euro. É o primeiro a fazer esta previsão sombria. Vamos anotar.
O absurdo da política de premiação na educação
Gilberto Dimenstein escreve artigo na Folha de SPaulo de domingo ("As filhas de Obama e o professor de rua") onde revela o ponto mais baixo desta política de premiações para definir condutas e resultados na educação. Revela que a Prefeitura de Washington começou a oferecer, neste semestre, R$ 400 mensais para os estudantes de escolas públicas que se comportarem bem e tirarem boas notas. Este é o caminho que logo chegarão os secretários estaduais de educação que pretendem adotar a trilha fácil da proposta deste movimento Todos pela Educação, que procura adotar mecanismos tayloristas na educação. Começa ao premiar professores que conseguirem melhorar o desempenho dos alunos. Como se desempenho de aluno estivesse vinculado ao pecúlio profissional. Como se os professores só trabalhassem motivados pelo dinheiro. Mesmo que a maior empresa de estudos de produtividade (HAY) revele que desempenho profissional não se relaciona com salário ou prêmio. No Japão, algumas empresas chegaram a adotar como premiação o pagamento de funcionários a bordéis. Será que algum dia esta idéia será adotada em nosso país? Até que nível chegaremos nesta história de premiar o que é dever profissional? Qual o motivo (não falado) de mercantilizar a educação?
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Fernando Pimentel vai para o PSB
Um importante quadro do governo Aécio garantiu, hoje, que o prefeito Fernando Pimentel (PT-BH) vai se filiar ao PSB para ser candidato à governador em 2010, tendo como vice Danilo de Castro (secretário de governo de Aécio) ou o deputado tucano Nárcio Rodrigues. Os dois, aliás (Nárcio e Danilo) estão se enfrentando politicamente nos bastidores. Com isto, o cenário mineiro para as eleições em 2010 começa a se definir: Patrus Ananias (PT), Hélio Costa (PMDB) e Fernando Pimentel (PSB/PSDB).
O acordo de Lula com o Vaticano
Artigo 2º
A República Federativa do Brasil, com fundamento no direito de liberdade religiosa, reconhece à Igreja Católica o direito de desempenhar a sua missão apostólica, garantindo o exercício público de suas atividades, observado o ordenamento jurídico brasileiro.
Artigo 5º
As pessoas jurídicas eclesiásticas, reconhecidas nos termos do Artigo 3º, que, além de fins religiosos, persigam fins de assistência e solidariedade social, desenvolverão a própria atividade e gozarão de todos os direitos, imunidades, isenções e benefícios atribuídos às entidades com fins de natureza semelhante previstos no ordenamento jurídico brasileiro, desde que observados os requisitos e obrigações exigidos pela legislação brasileira.
Artigo 7º
A República Federativa do Brasil assegura, nos termos do seu ordenamento jurídico, as medidas necessárias para garantir a proteção dos lugares de culto da Igreja Católica e de suas liturgias, símbolos, imagens e objetos cultuais, contra toda forma de violação, desrespeito e uso ilegítimo.
§ 1º. Nenhum edifício, dependência ou objeto afeto ao culto católico, observada a função social da propriedade e a legislação, pode ser demolido, ocupado, transportado, sujeito a obras ou destinado pelo Estado e entidades públicas a outro fim, salvo por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, nos termos da Constituição brasileira.
Artigo 9º
O reconhecimento recíproco de títulos e qualificações em nível de Graduação e Pós-Graduação estará sujeito, respectivamente, às exigências dos ordenamentos jurídicos brasileiro e da Santa Sé.
Artigo 10
A Igreja Católica, em atenção ao princípio de cooperação com o Estado, continuará a colocar suas instituições de ensino, em todos os níveis, a serviço da sociedade, em conformidade com seus fins e com as exigências do ordenamento jurídico brasileiro.
§ 1º. A República Federativa do Brasil reconhece à Igreja Católica o direito de constituir e administrar Seminários e outros Institutos eclesiásticos de formação e cultura.
§ 2º. O reconhecimento dos efeitos civis dos estudos, graus e títulos obtidos nos Seminários e Institutos antes mencionados é regulado pelo ordenamento jurídico brasileiro, em condição de paridade com estudos de idêntica natureza.
Artigo 11
A República Federativa do Brasil, em observância ao direito de liberdade religiosa, da diversidade cultural e da pluralidade confessional do País, respeita a importância do ensino religioso em vista da formação integral da pessoa.
§1º. O ensino religioso, católico e de outras confissões religiosas, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, em conformidade com a Constituição e as outras leis vigentes, sem qualquer forma de discriminação.
Artigo 15
Às pessoas jurídicas eclesiásticas, assim como ao patrimônio, renda e serviços relacionados com as suas finalidades essenciais, é reconhecida a garantia de imunidade tributária referente aos impostos, em conformidade com a Constituição brasileira.
§ 1º. Para fins tributários, as pessoas jurídicas da Igreja Católica que exerçam atividade social e educacional sem finalidade lucrativa receberão o mesmo tratamento e benefícios outorgados às entidades filantrópicas reconhecidas pelo ordenamento jurídico brasileiro, inclusive, em termos de requisitos e obrigações exigidos para fins de imunidade e isenção.
Artigo 16
Dado o caráter peculiar religioso e beneficente da Igreja Católica e de suas instituições:
I - O vínculo entre os ministros ordenados ou fiéis consagrados mediante votos e as Dioceses ou Institutos Religiosos e equiparados é de caráter religioso e portanto, observado o disposto na legislação trabalhista brasileira, não gera, por si mesmo, vínculo empregatício, a não ser que seja provado o desvirtuamento da instituição eclesiástica.
II - As tarefas de índole apostólica, pastoral, litúrgica, catequética, assistencial, de promoção humana e semelhantes poderão ser realizadas a título voluntário, observado o disposto na legislação trabalhista brasileira.
domingo, 16 de novembro de 2008
A seca no Norte de MG
A seca do norte de Minas Gerais é um tema recorrente, assim como a pobreza do Vale do Jequitinhonha. Entra governo, sai governo, os dois temas são uma constante nas manchetes de jornais. Agora é período de seca grave no norte do Estado. As matérias nos jornais começam a se multiplicar, como uma espécie de efeméride estadual.
Leio relatos que são arrolados em muitos jornais. Este é um deles: “A ajuda que a gente recebe desse pessoal é só conversa. Ajuda nossa mesmo é de Deus. Governo e prefeito nunca deram aqui nem uma folha para tampar o vento”, resumiu o agricultor Aloeci Francisco Batista, 58 anos, 30 deles vividos na comunidade Curral de Varas, na zona rural do município de Porteirinha. Como diretor de ONG não culpo apenas os políticos profissionais e governos, mas a capacidade de nossas entidades elaborarem propostas factíveis e em escala suficiente para alterar este cenário. A Secretaria de Meio Ambiente, por exemplo, prevê liberaçào este ano de R$ 10 milhões para ações de melhoria da quantidade e da qualidade da água nas áreas mais atingidas pela estiagem. Os recursos integram o Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do estado (Fhidro), um dos fundos mais profícuos de MG. O secretário José Carlos Carvalho é, em minha opinião, o mais capaz e comprometido do governo Aécio Neves. O pacote do governo prevê ainda a aplicação de R$ 4,8 milhões na construção de 2 mil cisternas de captação da água da chuva e em capacitação das comunidades em gestão de recursos hídricos. Estas ações foram articuladas em parceria com a Cáritas e com a Articulação do Semi-Árido Brasileiro (ASA). O que, afinal, devemos fazer para este problema estrutural ser superado ainda no século XXI?
La palavra
De Christina Castello (Argentina):
LA PALABRA
La palabra— ese silencio extraviado
Esa hilera de hormigas que hoja a hoja
Modela el follaje corpóreo de la voz
La palabra— ese bálsamo promisorio
Esas manos ofrecidas a la ausencia
Ese tiempo transversal al llanto
Esa costura desatada, esa confianza
Ese pan, esa sedición del alfabeto
Esa cópula del verbo, esa memoria
Ese gentío fusionado en un son
Esa pupila abierta a todo albor
La palabra— esa metralla de lirios
Ese erotismo de Dios.
sábado, 15 de novembro de 2008
A guerra nos bastidores do congresso do PS Francês
O congresso do Partido Socialista Francês, em Reims (que termina amanhã) é uma tensão só. As negociações nos bastidores unificam várias lideranças contra a candidatura de Ségolène para a secretaria geral do partido. Como é tradição nos congressos de partidos europeus, as correntes se expressam a partir das teses (no caso, 4 teses) debatidas pelos congressistas (no caso, 4 mil). Para se ter uma idéia, já houve reunião de 3 grandes lideranças (Martine Aubry, Bertrand Delanoë e Benoît Haumon) para discutir uma aliança chamada já de "frente anti-Ségolène"
Para quem quer entender um pouco o clima do congresso, veja o http://www.segoleneroyal2007.net/article-24791746.html . E, ainda, para entender as idéias desta socialista em ascensão, veja seu novo livro "Si la gauche veut des idées" (na foto) onde registra um diálogo dela com o sociólogo Alain Touraine.
Fusão do PPS com PSDB
Para algumas lideranças partidárias, as eleições municipais foram uma crônica de uma morte anunciada. Talvez, por este motivo, PSDB e PPS começaram a discutir a possibilidade de fusão entre as duas siglas. O assunto foi tratado em jantar na semana passada na casa do presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), do qual participaram o governador José Serra e o deputado federal Nelson Proença (RS), integrante da executiva nacional do PPS. Segundo Roberto Freire, o assunto ainda não está sendo discutido internamente, mas deverá entrar na ordem do dia em virtude da "inquietação" dos congressistas com a possível restrição às coligações e com a possível abertura de um período para o troca-troca partidário sem o risco de perda de mandato.
Reunião da Articulação em MG
A articulação, corrente majoritária do PT, está realizando sua reunião das forças mineiras, no Laces Contagem/Betim. O ministro Patrus (e Dulci) estava presente e foi ovacionado, principalmente pela juventude. Foi lançado informalmente candidato à governador em Minas Gerais. Nas conversas de bastidor, algumas lideranças chegaram a ventilar a possibilidade do prefeito Fernando Pimentel sair do PT. Muitas faixas colocadas no local do encontro tinham frases com endereço certo, como "Fora Tucanato". A política é instável, não?
Obama, o pêndulo?
Obama é conhecido por sua capacidade de mediar e por ser muito cauteloso nas suas decisões, chegando a ser qualificado por alguns de seus conhecidos como “conservador” (pouco ousado seria o mais correto). Parece, contudo, que este perfil acaba por levá-lo a se articular com forças sociais muitas vezes opostas. No final da campanha, o nome de William Ayers (na foto) foi levantado por McCain, como amigo de Obama. Ayers estaria do lado oposto das posições do futuro chefe de gabinete do novo Presidente dos EUA. Algo que só o governo Lula explicaria. Ayers nasceu em 1944 e nos anos 60 foi um militante importante que se opôs à guerra contrao Vietnã. Em 68 fundou uma organização de esquerda (Weather Underground) que teria tentado explodir prédios públicos (no velho estilo de “ação direta”). Foi militante da New Left e da Students for a Democratic Society. Hoje, leciona na Universidade de Illionois e recebeu vários títulos de distinção na área educacional. No estilo já conhecido dos brasileiros, Obama elaborou duas respostas à McCain:
RESPOSTA 1: “A verdade é que eu também sou amigo de Tom Coburn, um dos mais conservadores republicanos no Senado, que uma vez durante sua campanha disse que seria apropriada a aplicação da pena de morte para quem executasse abortos. Eu preciso me desculpar pelas declarações de Coburn? Porque eu também não concordo com estas”.
RESPOSTA 2: "Vamos deixar as coisas claras. Bill Ayers é um professor em Chicago. Há quarenta anos, quando eu tinha oito (anos), realizou atos com um grupo radical e eu condeno estes atos. Ayers não está envolvido em minha campanha, nunca esteve envolvido em minha campanha e não vai estar na Casa Branca".
Marco Aurélio Nogueira contra a política institucional
Marco Aurélio Nogueira é cientista político da UNESP de Araraquara, colunista do jornal O Estado de S Paulo. Nesta entrevista, faz coro a um tema que procuro trabalhar nos últimos anos, ou seja, o ocaso da política formal moderna. Vamos à entrevista:
Qual é a outra política existente além da institucionalizada?
A política-vida pode ser tomada como a melhor alternativa, entendendo-se por isso a preocupação de compor uma agenda pública aberta para os temas da sociedade e das pessoas. Mas a política-vida não pode se estabilizar e avançar se também não estiver articulada de algum modo com a política institucionalizada.
Como é que "ser politicamente contra a política" lhe deu a oportunidade de mergulhar no "salvamento" da política?
Bem, se nos colocamos "politicamente" contra a política, estaremos travando uma luta política contra a política, ou seja, não estaremos jogando a política fora, mas recuperando-a e qualificando-a. desta forma, agiremos para "salvar" a política, ou seja, retirá-la do controle exclusivo dos políticos e abrindo-a para a sociedade e os cidadãos.
Por que é impossível existir uma sociedade humana sem o Estado ou sem a autoridade?
Porque as sociedades precisam de coordenação e organização. Precisam também de parâmetros de sentido, valores compartilhados e perspectivas solidárias. O Estado, compreendido como uma instância de articulação, de criação de leis e de garantia de direitos, pode cumprir este papel melhor do que outras instituições ou do que a livre deliberação dos indivíduos. A autoridade é uma necessidade, mas volta-se contra si mesma, em sociedades complexas como as nossas, se derivar para uma forma autoritária. Ou seja, se não for democrática e não estiver sintonizada com a deliberação e as vontades dos indivíduos.
Você afirma que "A idéia de crise da política sugere que ainda não estamos sabendo retirar positividade e explorar os elementos virtuosos que emergem daquilo que se desagrega e se desorganiza". Quais são esses elementos?
São essencialmente dois: a maior liberdade de ação e a reflexividade, ou seja, a capacidade de processar informações e pensar. Disso deriva a expansão da vontade de participar e, por essa via, a democracia se aprofunda. Indivíduos capazes de pensar com a própria cabeça são indivíduos capazes de fazer escolhas e de interferir no jogo político e social.
Explique brevemente as 6 teses que provam que é possível ser politicamente contra a política.
Primeiro, viver em sociedade é adotar a perspectiva da polis, não somente a do poder.
Segundo, a político como poder não consegue dar conta de todos os aspectos da vida social e individual, necessitando ser complementada por formas ampliadas de política, a política-vida. Terceiro, os espaços da política-vida (foruns, redes, assembléias) ajudam a ampliar e a dinamizar os espaços da política-poder.
Quarto, a articulação entre mundo social, mundo dos indivíduos, mundo da economia e mundo político necessita de esforços políticos para poder se efetivar.
Quinto, hoje em dia o problema maior é que o mundo social e o mundo dos indivíduos estão sendo monopolizados e colonizados pela economia e pelos mercados, e não estão conseguindo alimentar o mundo político. A política, nestas condições, fica fora de controle e produz mais problemas que soluções. Sexto, devemos tentar explorar a potência que está armazenada nos espaços da subpolítica (a política-vida) para com isso sintonizar a política-vida com a política-poder.
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Cana está saindo de São Paulo
Estava com dados defasados sobre o avanço da cana-de-açúcar em São Paulo. Os diretores da CATI afirmam que este ano o movimento foi revertido. Primeiro: são grandes fornecedores que ainda mantém contrato com usinas, diminuindo a renda da agricultura familiar que, até então, vinha adotando esta cultura aceleradamente. Segundo: muitas usinas estão atrasando os pagamentos aos fornecedores. Por um acaso, encontro Marcos Jank, Presidente da Unica (União da Indústra da Cana-de-Açúcar) hoje de manhã. Ele confirmou que a tendência é o plantio e a produção se deslocar rapidamente para o centro-oeste. Interessante perceber o dinamismo (inclusive geográfico) da produção agrícola no Brasil.
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Guerra em escola pública
Estou em São Paulo (estive desenvolvendo uma oficina de construção de indicadores de monitoramento do projeto Microbacias 2, da CATI, a Emater de SP e amanhã estarei com os diretores do Sinesp). As manchetes de todos jornais paulistas e paulistanos estampam o caso de uma guerra que ocorreu numa escola estadual (EE Amadeu Amaral, no Belém, zona leste da capital paulista), envolvendo alunos. Tudo iniciou com uma briga entre duas estudantes. A história foi piorando a ponto dos professores ficarem ilhados. A PM foi chamada e os alunos dizem que foram espancados. O Diário de São Paulo afirma que parecia uma das rebeliões da FEBEM. Muitos pais decidiram retirar seus filhos da escola. Esta situação não é nova, mas vai evoluindo em todo mundo. Alguns anos atrás, o governo francês patrocinou um evento internacional sobre violência nas escolas. O evento recomendou, ao final, que o tamanho das escolas não poderia ultrapassar 600 alunos, justamente para propiciar maior proximidade com alunos e se antecipar às situações tensas. O termo BULLYING é um dos mais citados na literatura escolar. Bullying seriam todas formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder. Enfim, este é um tema do século. Estou lendo o livro de Howard Becker, "Outsiders" que trata indiretamente deste assunto. Desmistifica a relação direta do "desvio de comportamento" com causas psicológicas ou econômicas. Seria importante aprofundarmos estas situações evitando a tradicional repressão "disciplinadora" como resposta dos adultos ao mundo e subculturas juvenis.
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Carta Aberta à Barack Obama
Um grupo de quase 380 especialistas em América Latina publicou no dia 20 de outubro uma Carta Aberta ao Senador (agora Presidente) Barack Obama. A carta destaca o momento histórico para melhoria das relações dos EUA com a América Latina. O texto afirma que o movimento em curso pela mudança na América Latina seria uma rejeição do modelo de desenvolvimento econômico que foi imposto à região a partir da década de 80. A mudança em curso teria incluído segmentos sociais marginalizados (como índios, negros, camponeses, entre outros). A carta destaca como, muitas vezes, os EUA são percebidos pela região como opressores, percepção agravada pela administração Bush. A tendência do governo norte-americano em não aceitar mudanças na região ficou ainda mais nítida em relação aos processos de democratização ocorridos recentemente na Venezuela e Bolívia. O texto cita a política de boa vizinhança, adotada na década de 30, que gerou um período de harmonia entre os países do continente. Assina, entre outros, Eric Hershberg, Presidente da LASA (Latin American Studies Association). A carta pode ser acessada no site http://www.art-us.org/node/382 ou em http://www.democraticunderground.com/discuss/duboard.php?az=view_all&address=405x9459
A blogosfera
A revista britânica The Economist [6/11/08] afirma que o blog virou mecanismo de formação de opinião. Em alguns temas, pode até ocorrer este fenômeno. Mas ainda é cedo para se chegar a tal conclusão genericamente. É verdade que as campanhas políticas deste ano deram um passo nesta direção, ganharam grande visibilidade. Já não são mais apenas blogs, mas uma rede de outros instrumentos que garantem caráter pessoal e identidade, como Facebook, MySpace e Orkut. Também emergiram os microblogging (caso do Twitter). As mensagens do Twitter podem ser enviadas de telefones celulares, devem ter até 140 caracteres. A campanha de Obama utilizou muito este instrumento. É interessante que cria uma proximidade e um diálogo fácil, distinto da linguagem publicitária utilizada na política. Tanto que os usuários do Twitter utilizam como início das mensagens a pergunta "o que você está fazendo?". No site http://twitter.com/ o texto inicial:
"Twitter is a service for friends, family, and co–workers to communicate and stay connected through the exchange of quick, frequent answers to one simple question: What are you doing?"
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Lição de Portugal para os secretários estaduais de educação do Brasil
Mais de 120 mil professores (80% de toda a classe) manifestaram-se neste domingo nas ruas de Lisboa contra as políticas de Educação do Governo de José Sócrates (Partido Socialista), e em particular contra o modelo de avaliação de desempenho que este pretende concretizar".
Será que os secretários estaduais da educação (e seu CONSED) e o Todos pela Educação conseguirão entender este sinal?
Beluzzo e a Crise
A revista Fórum publicou interessante entrevista do economista Luiz Gonzaga Belluzzo (na foto), conselheiro pessoal de Lula. Vou reproduzir algumas passagens:
"Apesar de todos os impropérios que se lançam contra as políticas neoliberais dos governos brasileiros, a desregulamentação do mercado americano não foi acompanhada pelo Brasil. Nem pelos mercados europeus, só que os bancos de lá se meteram com os americanos por causa da relação muito próxima e dos canais entre os bancos e suas filiais. Os ingleses sofreram mais porque fizeram exatamente o que os Estados Unidos fizeram."
"os chineses estão preocupados por terem comprado papéis da Fannie Mae e Freddie Mac e títulos do governo americano. Hoje não estão recebendo nada porque [esses papéis] estão com um rendimento muito baixo já que todo mundo correu para eles como forma de proteção."
"o nível de endividamento das famílias (dos EUA) é de 140% da riqueza disponível enquanto em 29 era de 45%. Nunca houve um nível de endividamento como hoje. O pacote tinha de ser mais arrojado e, ao mesmo tempo, a intervenção do governo tinha de ser mais intensa, mas isso não vai acontecer porque há uma resistência ideológica."
Sinais Trocados
Matéria da Folha de SPaulo (Caderno Brasil, A7), de hoje, cujo título é "Boom de sites de campanha não explora interatividade" (assinada por Ítalo Nogueira), começa assim:
"A internet, terreno em que as campanhas de Barack Obama e Fernando Gabeira fizeram sucesso neste ano, é ocupada coada vez mais por candidatos, mas poucos sabem explorá-la".
A matéria se apoia em pesquisa da UnB que indica crescimento de 317% no número de sites de candidatos no Brasil. Mas a maioria trabalha um site como "folder eletrônico". Hoje, 34% da poplação acessa a internet. Quando o público é jovem, o índice salta para 60%. Dados do Comitê Gestor da Internet no Brasil (http://www.cgi.br/ ). Os dados da mais recente Pesquisa TIC Domicílios 2007 mostram avanços significativos no acesso ao computador e à Internet no Brasil. A proporção de domicílios com computador cresceu em todas as regiões de 2006 para 2007. Este aumento é maior nas regiões Centro-Oeste (de 19% em 2006 para 26% em 2007), Sul (de 25% para 31%) e Sudeste (24% para 30%). A proporção de domicílios com computador é menor nas regiões Norte (13%) e Nordeste (11%) e o crescimento do indicador nestas regiões também foi menor, ficando em 3 e 2 pontos percentuais, respectivamente. Mais de 50% dos domicílios com acesso à Internet possui banda larga, um aumento de 10 pontos percentuais em relação ao ano anterior.
A política parece apresentar, neste ano, vários sinais trocados. Vejam nota abaixo que postei, indicando o perfil do chefe de gabinete de Obama. A forma estaria dissociada do conteúdo? Ou seria uma transição em curso?
Uma nova forma de fazer política?
Da professora da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro Ivana Bentes, coomentando a campanha de Obama:
Os eleitores de Obama mobilizaram a blogosfera. O candidato teve recorde de doações pela internet para sua campanha, sendo financiado pelos próprios eleitores, fato inédito. Respondeu a acusações postando vídeos no YouTube, disseminando imagens no Flickr, mensagens diretas para os celulares dos eleitores e mensagens instantâneas no Twitter, seguidas por milhões na rede. A possibilidade de uma "democracia participativa" (apesar do caráter representativo e indireto do sistema de votação nos EUA) surge nessa forma potencial de uso das redes sociais, de relacionamento e compartilhamento. (...) Um dos primeiros fatos midiáticos na campanha de Obama surgiu quando uma eleitora escreveu o nome do candidato no traseiro, criou um jingle divertido e postou esse vídeo de "agitprop" no YouTube, obtendo milhões de cliques de atenção na mídia global. Num só ato, sublinhou a caretice do marketing político tradicional e apontou para uma questão decisiva: cultura política descentralizada, heterogênea e novas formas de ativismo. (...) Obama me parece estar num lugar de passagem, em que está em jogo a crise da democracia representativa, a emergência de uma democracia participativa, a descrença no mercado financeiro, a crise do Estado-nação, dos nacionalismos e "soberanismos", a emergência de uma democracia global. No que nos diz respeito, ele é o devir-periférico do mundo.
domingo, 9 de novembro de 2008
A polêmica sobre o chefe de gabinete de Obama
Circula pela internet o perfil do chefe de gabinete do governo Obama, Rahm Israel Emanuel (na foto). É congressista por Illinois e chefe do grupo parlamentar democrata na Câmara dos Representantes. Amigo íntimo de Barack Obama, foi conselheiro do ex-Presidente Bill Clinton de 1993 até 1998. Clinton tinha outros assessores que foram considerados por forças israelenses como muito favoráveis à Palestina (casos de Zbigniew Brzezinski e Robert Malley). Já Rahm é conhecido por sua agressividade política. Muitos grupos palestinos ficaram arrepiados com esta indicação. Emanuel é filho de um emigrante israelita membro do "Etzel", grupo clandestino ultranacionalista judeu que lutou contra as tropas britânicas antes da criação do Estado de Israel em 1948. Emanuel, por sua vez, apoiou decididamente Israel durante a Guerra do Golfo, quando foi voluntário no exército israelense (civil voluntário em Israel Defense Forces 1991 Persion). Várias mensagens afirmam que é um mediador nas relações do congresso com a AIPAC (American Israel Public Affairs Committee). Há pesadas acusações sobre defesa de extermínio seletivo de lideranças palestinas por este lobby. Em 2006 teria acusado o Líbano de ser base de grupos terroristas.
Vejamos o quanto esta indicação colocará água no chopp daqueles que querem alteração na relação dos EUA com o Oriente Médio.
Artigo de Boaventura Santos sobre Obama
Reproduzo algumas passagens do artigo de Boaventura Santos ("A HEGEMONIA DO BEM?"), de 5 de Novembro 2008. Indica o otimismo que tomou parte da intelectualidade européia:
"Obama e Mandela são dois homens com fortes raízes em África e são orgulhosos das sua raízes. Mandela é, além de tudo, um líder de linhagem nobre Xhosa e Obama é membro da etnia Lou do Quenia (uma etnia discriminada antes e depois da independência), como refere com naturalidade no seu livro bestseller. As suas identidades foram tecidas pela memória do sofrimento injusto, da segregação, do colonialismo."
"Mas agora, como Presidente dos EUA, tem nas suas mãos a possibilidade de pôr fim a essa guerra e, aliás, foi isso mesmo que prometeu aos seus eleitores. Os que votaram neles querem aliás que ele ponha fim à guerra gêmea que avassala o Afeganistão."
"Obama tem esse privilégio de oferecer ao mundo inteiro um momento glorioso de hegemonia do bem. Só por isso ficará na história. Esse momento não durará muito. A realidade não costuma demorar muito quando sai para almoçar. Quando terminar, tudo vai depender do modo como o impulso do bem enfrentar o do mal. E tudo vai começar nos EUA, um país contraditório e sofrido. Contraditório, porque é o mesmo povo que há oito anos “elegeu” W.Bush, o pior presidente da história dos EUA. Sofrido, porque a estupidez, a avareza e a corrupção que dominaram a Casa Branca deixaram o país à beira da falência financeira e moral. Esta última foi rapidamente resgatada por Obama. A primeira será muito mais difícil de resgatar."
O perfil do eleitor de McCain
Zander Navarro envia uma dica fantástica. Acessem o site http://www.nytimes.com/imagepages/2008/11/09/weekinreview/20081109_CONNELLY_GRFK.html . Encontrarão gráficos que sintetizam o perfil dos eleitores de McCain e Obama. É realmente impressionante:
a) Mais da metade dos eleitores de McCain tem mais de 60 anos de idade;
b) 55% são brancos (apenas 31% hispânicos, enquanto Obama recebeu apoio de 67%);
c) 60% daqueles que consideram que a situação de sua família está, hoje, melhor que antes;
d) 10% dos liberais;
e) 53% da população rural.
Precisa dizer que o perfil do eleitor de Obama é justamente o inverso? Os republicanos ficaram cravados como defensores de uma elite conservadora, pouco moderna e contemporânea.
007 X Bush
Fui assistir o último 007, Quantum of Solace. E não é que o filme faz uma crítica velada ao governo dos EUA, que faria aliança até com o demônio para conseguir vantagens econômicas? O enredo envolveria um jogo para desestabilizar o governo de Evo Morales. Acho que era hora de Bush pegar o boné e voltar para a casa, mesmo. Nem 007 poupou o cara!
sábado, 8 de novembro de 2008
Dilma será precocemente lançada?
As políticas sociais no banco dos réus
Lula afirmou que a possível ajuste orçamentário não afetará o PAC e as políticas sociais. Mais adiante, disse que não afetará o PAC e o Bolsa Família. Parece um detalhe, mas não é. O minsitro Paulo Bernardo disse ontem, em Foz do Iguaçu, que já conversou com o ministro Haddad que acompanhará mês a mês a plhanilha de finanças federais. Caso caia a arrecadação haverá corte no custeio (não no investimento). Mas citou que a expansão da rede universitário e de ensino técnico federal já estão na corda bamba.
A contradição dos BRICs
Já comentei neste blog que é bem possível que o século XXI adote a desigualdade como pertencente ao padrão de país desenvolvido. Justamente porque os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) possuem este padrão. Pois a editora Nova Fronteira acaba de publicar o livro O Tigre Branco, de Aravind Adiga. O livro recebeu o cobiçado prêmio Booker Prize. Adiga nasceu em Madras/Chennal, sul da Índia. Mas o importante é que o livro relata a trajetória do personagem Bairam Hawal, da casta de produtores de doces. O autor pretendia (e conseguiu) retratar um país em forte desenvolvimento que mantém uma parcela imensa da população sem água potável, eletricidade, esgoto, transporte público, cortesia, pontualidade mas, com muitos empresários. "Milhares e milhares deles", segundo Adiga. Uma sociedade a beira do caos: mais uma das frases do autor.
Obama Mariachi
O início do governo Obama
Nem tomou posse. Mas já começa a negociar. E pela política externa, o que poderá ser uma válvula de escape para manter a chama da mudança acesa, já que a economia interna continuará dando dor de cabeça para Obama. Contudo, no primeiro momento, a promessa de melhoria das relações com o Irã não parece que será facilmente cumprida. Ontem, o presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, criticou neste sábado as declarações do presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, que disse que as tentativas do Irã de desenvolver um programa de armamento nuclear são "inaceitáveis". "Isso significa que (a política americana) segue pelo mesmo caminho errado de antes. Se os Estados Unidos quiserem mudar sua postura na região, têm que enviar os sinais corretos", disse Larijani, segundo o canal de televisão iraniana em língua árabe Alalam. Apenas para lembrar que a Obamamania é maior que o próprio Obama.
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Campanha Mundial NÃO à violência contra a mulher
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