domingo, 23 de novembro de 2008

Sobre o Dia da Consciência Negra


O último dia 20 foi Dia Nacional da Consciência Negra. Deveria ter escrito algo neste blog. Mas melhor tardar que falhar. Vou fazer três registros, não muito comuns, a respeito:

1) O primeiro refere-se às mulheres negras que tiveram um relevante papel político em nosso país (mesmo indireto, como no caso de Nzinga) e que lutaram pela abolição: Dandara, Luiza Mahin e Nzinga. É interessante como o movimento negro é machista (o último item desta nota retomará esta observação). No Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, em Alagoas, Dandara estava junto com Ganga-Zumba. Chegou a questionar os termos do tratado de paz assinado por Ganga-Zumba e pelo governo português. Posicionando-se contra o tratado, opôs-se a Ganga-Zumba, ao lado de Zumbi. Luiza Mahin era africana de etnia mina-jeje e participou da Revolta dos Malês, em 1835. Foi vendedora de quitutes e teria obtido a liberdade em 1812. Era mulçumana, alfabetizada em árabe e lia o Alcorão. Já Nzinga Mbandi Ngola, era conhecida como rainha Ginga. Era filha do rei dos mbundus no território Ndongo, hoje em Angola. Não conseguindo a paz com os portugueses em troca de seu reconhecimento como rainha de Matamba, renegou a fé católica, aliou-se aos guerreiros jagas de Oeste e fundou o modelo de resistência e de guerra que constituía o quilombo. Comandou a resistência à ocupação colonial e ao tráfico de escravos no seu reino por cerca de quarenta anos.

2) Outro nome pouco comentado no Brasil é o de um branco inglês: William Wilberforce. Wilberforce foi um político abolicionista britânico, membro do Parlamento britânico que liderou uma campanha contra da escravidão. Propôs um projeto de lei na Câmara dos Comuns para abolir a escravidão em 1791. A partir de então, todo ano, defendeu seu projeto até 1807, quando seu projeto foi aprovado pelo Parlamento Britânico, proibindo-se o tráfico de escravos, conhecido como Slave Trade Act.

3) O último registro é sobre Zumbi dos Palmares. Não ficarei no clichê. Destacarei, apenas, que Luiz Mott (historiador baiano) divulgou, em 1991, que Zumib era homossexual. Mott recebeu, a partir de então, telefonemas anônimos ameaçando-o de morte. Sofreu tentativa de sequestro no mesmo período, registrado na grande imprensa. Quatro anos depois, logo após divulgar documetntos que comprovariam que Zumbi era homossexual, teve os vidros de seu carro quebrados e os muros de sua casa pixados com os dizeres: "Zumbi vive". Algo incompreensível para uma luta pela igualdade e respeito à diferença. Mas esta é mais uma das contradições da cultura política nacional.

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