quinta-feira, 6 de novembro de 2008
As eleições em Porto Alegre
Recebo um interessante ensaio de André Marenco, do Centro de Estudos sobre Governo da UFRGS a respeito das eleições em Porto Alegre ("Diga-me com quem andas e te direi até onde irás"). A tese central é que o PT está gradativamente se isolando em Porto Alegre. Primeiro, rompendo aliança com o PDT, agora com PSB e PCdoB. É interessante que este Estado caminha na direção inversa que vários outros, onde as alianças envolvendo o PT se ampliam consideravelmente.
E aí estaria as discordâncias com as hipóteses explicativas de Marenco. Vou citar uma delas. O autor cria uma tabela comparando a votação do candidato majoritário com a votação dos partidos de sua coalizão à Câmara de Vereadores, em 2008. Os dados são bem nítidos e revelam que PCdoB e PSOL não conseguiram manter coerência nestes dois quesitos. Mas aí o autor inclui uma votação "virtual" nas eleições para vereador ocorridas em 2004. Virtual porque as alianças de hoje não ocorreram em 2004, mas o autor agrega os dados como se elas existissem. Esta comparação é não leva em consideração a temática local daquele momento; não faz relação alguma entre candidato e coalizão, enfim, isola a variável coalizão.
Apresentaria outras hipóteses explicativas. Acredito que o argumento que parece mais sólido é o do isolamento do PT. Mas não só. Destacaria: as lutas internas do PT, envolvendo Tarso Genro e Olívio Dutra, o isolamento gradativo do MST no Estado (que é invariavelmente vinculado ao PT ou que teria mais espaço com o aumento do poder do PT), a ofensiva do PMDB no Estado que deve levar Rigotto novamente ao poder, a falta de um ícone específico do PT local (o Fórum Social Mundial e o OP eram ícones) que cristalizam uma lembrança constante no eleitor, o aumento de orçamento disponível no período (40% dos prefeitos se reelegeram no país).
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