Pensemos alto, sem grandes compromissos com a precisão.
O que motiva lulistas a entregarem o governador Agnelo Queirós à guilhotina?
1) PT perderia um governo estadual, de baixa repercussão nacional e, possivelmente, alguns deputados;
2) Na outra ponta, os democratas seriam dizimados, o que diminuiria o valor de seu passe para qualquer fusão após as eleições de outubro;
3) Ao PSDB, acolher democratas em seu partido teria um custo razoável na sua imagem pública;
4) Imaginemos que, neste momento, lulistas ofereçam partidos aliados como nova moradia aos democratas. O resultado seria imediato: pulverizaria o discurso oposicionista dos demos;
5) Restariam, na oposição com visibilidade pública, o PPS, o PSDB e o PSOL;
6) Imaginemos que PPS e PSDB, e parte do DEM, acabem se fundindo após as eleições de outubro. O único cenário positivo para embalar esta fusão seria a vitória de Serra e ACM Neto;
7) Caso Serra e ACM Neto vençam, haveria algum fôlego, mas com democratas esfacelados, em qualquer situação. Mas caso percam...
8) Caso percam, a fusão de partidos de oposição será evidente demonstração de fracasso;
9) Num cenário deste tipo, a outra ponta da estratégia lulista (a aliança pontual com tucanos) poderá deslanchar com segurança, comendo pela borda;
10) Enfim, o lulismo poderá manejar ou desmontar o atual sistema partidário tupiniquim. Diminuirá os espaços da oposição e terá valido a pena entregar algumas cabeças pelo "presidencialismo de coalizão" revitalizado.
Um comentário:
RR,
Mas será que não existe ainda uma enésima possibilidade para o Agnello (cordeiro, em italiano?)?
Ou seja, porque o PT - o governo, em última análise - deveria se comprometer com uma figura que tenha porventura recebido "uma moeda que fosse" do bicheiro CC? Porque o governo deveria preocupar-se em defender qualquer de suas figuras que atuam contra a sociedade? No meu entendimento, João Paulo Cunha foi punido por muito menos que o Agnello parece estar comprometido. No meu entendimento, não é um "entregar para a fritura", mas é o político que entra - por sua conta e risco - na panela que já está no fogo.
Abraço
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