O fato é que a aprovação popular ao estilo Dilma cresce. A rodada de dezembro indicava apoio popular de 72% da população. O consumo continua sendo a âncora principal desta popularidade, somado ao índice recorde de desemprego. Há, ainda, o aplauso da grande imprensa ao estilo Indiana Jones de enfrentamento dos desvios do mundo político. Assim, cria-se a onda que soma a herança do governo Lula ao aplauso de quem nunca elogiou o estilo negociador do ex-presidente.
Este aplauso inusitado deixaria o governo em situação confortável caso a Constituição Federal fosse outra. Mas como ela dá muitos poderes ao Congresso Nacional, o divórcio entre opinião pública e dia a dia da gestão política obriga o governo a estar atado aos laços de lealdade com o parlamento e, por extensão, lideranças partidárias. É um jogo mesquinho, mas este é o jogo.
Dilma, sem dúvida, consegue criar uma imagem de autenticidade porque arrisca justamente perder apoio por agir de maneira que considera justa. Além disto, não faz propaganda pessoal, fala de maneira burocrática, está anos luz do estilo fácil e verborrágico ou mesmo professoral dos últimos dois presidentes, o que cria empatia imediata com o homem comum, destituído de poder e longe das rodas de negociação política. O problema é justamente este: esta opinião das ruas não afeta as relações da elite política do país.
Interessante que os entrevistados lembraram espontaneamente dos temas que o governo tratou no último período: programas sociais voltados para mulheres, as viagens da Presidente e a política ambiental, todas aprovadas pelos cidadãos pesquisados.
Os temas que mereceram críticas foram: impostos (65% desaprovam), saúde (63%) e segurança pública (61%). Já 60% dos entrevistados consideram o atual governo igual ao do ex-presidente Lula.
Um comentário:
O interessante é que, ao mesmo tempo em que desaprovam a cobrança dos impostos, reclamam da qualidade da saúde e segurança pública; provavelmente, devem acreditar que a qualidade desses serviços essenciais e tantos outros depende de uma boa gestão do que propriamente de uma melhor arrecadação.
Quanto a relação sociedade civil/Estado, acredito que ela não influencie na medida que, como o próprio texto afirma, permaneça apenas como opinião sem se transformar em algo mais concreto - como passeatas, maior politização, etc.
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