segunda-feira, 30 de abril de 2012

A lenta queda de Agnelo Queiroz


Agnelo perde apoio e PSB e PPS ameaçam deixar base

    O Estado de S. Paulo
Partidos aliados não resistem à pressão sobre governador e devem seguir debandada iniciada pelo PDT; relação com PMDB, do vice Filippelli, também é frágil


Abandonado à própria sorte pelo Palácio do Planalto, sob ameaça de ser convocado pela CPI do Cachoeira, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), enfrenta debandada de aliados. Nos próximos dias, dois partidos importantes da base - PSB e PPS - devem anunciar seu desembarque do governo, seguindo o caminho do PDT. Crítico dos rumos do governo e ressentido com o espaço que ocupa, o PSB chegou a marcar sua saída na semana passada, mas cedeu a um apelo de Agnelo. Adiou a decisão por dez dias, período em que consultará diretórios. A tendência é que a legenda devolva duas secretarias e 52 cargos de confianças. "Discutir a saída é sinal de que há uma insatisfação grande", resumiu o senador Rodrigo Rollemberg, maior liderança local do partido.

Na esperança de seduzir a base com maior oferta de cargos, Agnelo passou a última sexta-feira em frenéticas negociações até conseguir o adiamento. Apelou até para o presidente nacional do partido, o governador Eduardo Campos (PE), que liberou os correligionários locais para decidirem livremente. "Nossa crítica não é oportunista", explicou Rollemberg. "Desde o final do ano passado discutimos nossa relação por se tratar de um governo dominado por forças conservadoras e com problemas sérios de gestão".

Além disso, segundo ele, o governo tem sido leniente no combate a corrupção. Sua alusão é ao envolvimento de autoridades locais com sucessivas denúncias, como a ligações com o contraventor Carlinhos Cachoeira. O porta-voz do governo, Ugo Braga, minimizou as críticas de Rollemberg. A seu ver, ele "é candidato antecipado à sucessão e está no seu papel". Ele crê que a maioria do partido não o acompanhará.

Divórcio forçado. O PPS, que segue orientação nacional feroz contra o PT, perdeu a paciência com a teimosia do diretório local em manter a aliança com Agnelo. E ameaça fazer um divórcio forçado por meio de intervenção. O presidente nacional do partido, deputado Roberto Freire (SP), convocou reunião extraordinária da Comissão Executiva Nacional para o dia 8, quando será analisada a proposta de intervenção no diretório local. Em 2010, o PPS saiu desgastado por envolvimento de alguns dirigentes no esquema de corrupção do governo anterior, desmantelado pela Operação Caixa de Pandora. A liderança nacional quer evitar novo prejuízo à imagem da legenda por causa dos problemas enfrentados pela gestão Agnelo.

O PDT adotou essa postura e deixou a base no início da semana retrasada. Liderado pelo senador Cristovam Buarque, o partido era aliado estratégico do petista, mas divergia seriamente de alianças conservadoras e da persistência de práticas fisiológicas.

E inclusive a relação com o principal partido da base, o PMDB, também não é confortável. Na sexta-feira, o vice-governador Tadeu Filippelli, principal nome da legenda, pediu formalmente à Procuradoria Geral da República (PGR) explicações sobre suposta rede de espionagem ilegal que teria sido montada na Casa Militar do governo, da qual ele próprio seria alvo. A relação de desconfiança entre o governador e o vice não é de hoje Sempre nutriram distância política. A aliança de 2010 foi feita em nome da coalizão nacional.

6 comentários:

Eliete disse...

Pra contrabalançar:


PT acredita que gravação de Cachoeira dá novo fôlego a Agnelo Queiroz

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O comando nacional do PT está festejando as últimas gravações divulgadas das conversas telefônicas do banqueiro do bicho Carlinhos Cachoeira, feitas pela Operação Monte Carlo da Polícia Federal.

Elas mostraram que Cachoeira, na verdade, estava irritado com o fato de o governador petista de Brasília, Agnelo Queiroz, não ter atendendido seus pedidos.

Nas conversas do banqueiro do bicho com o araponga Dadá e com Cláudio Abreu, diretor da Delta Engenharia, o grupo festeja o enfraquecimento do governador — a partir de uma reportagem publicada pela revista Veja que foi apimentada por declarações de Demóstenes Torres.

Eles especulam sobre a possibilidade de derrubada de Agnelo Queiroz  com  a posse do vice-governador, Tadeu Fillipelli (PMDB), o que, segundo Dadá,  ajudaria nos negócios do grupo.

A ser tudo verdade, Agnelo ainda pode sair como vítima dessa história.

Veja a transcrição das gravações que tanto alegraram ao PT:

Rudá Ricci disse...

Eliete,
Não se iluda. Eu tenho relatórios internos de avaliação do governo do DF. Eles só tiveram um fôlego, mas não há como segurar. Vou reproduzir as perguntas que li num desses relatórios: "cadê Lula? Por qual motivo não defende o governo Agnelo?"Justamente porque já era.

Eliete disse...

Não e' que eu esteja me iludindo (alias, tb não confio nenhum pouco em políticos estilo Agnelo), mas como não tenho acesso a informações privilegiadas, procuro ler de tudo um pouco rsrsrs

Werner Piana disse...

bem... o PPS (partido mais comprometido que qualquer politico malfeitor individualmente, sem moral nenhuma) deixar a "base" do Agnelo deve ser BOM sinal para o governador.

E, realmente, a Eliete está bem informada: até aqui, bandidagem tem se mostrado CONTRA o Agnelo, pois o vice cachoeirista é que tá cheio de treta.

Mas vcs, que tem informações de coxia certamente sabem mais que nós meros mortais.

Mas é fato que a imprensa mineira ter minimizado como "ridículo" e "sem importancia" os supostamente "meritocratas" governantes de mg terem dado emprego para prima do cachô a pedido do Demo, pegou mal, né?
Em especial pra quem vive pregando transparencia e honestidade na politica.

Depois é o governo do PT que faz "aparelhamento"...

Seria comico se trágico não fosse.

Mas certo é que o país precisa de uma limpa em regra nos 4 poderes. D. Dilma já começou, acolhendo as denuncias contra seus ministros e defenestrando-os (muitas das vezes, aparentemente, sem razão outra que não o jogo midiatico).
Poderiamos continuar pela imprensa federal-oposicionista e suas ligações nada ilibadas, vide o conluio Veja/Cachô e suas reverberações nacionais via tvs, radios, etc... penso que seria bem educativo (e elucidativo) para a população em geral. Até porque não são apenas os politicos os grandes corruptos da nação.

Abraço

darcy faria disse...

Interessante, até mesmo o Noblat "incontestável porta voz da grande midia", ainda que passando recado para alguma suposta negociação, como é a prática desta mídia, reconhece que até o PRESENTE as revelações da cachoeira mais inocentam do que incriminam o Agnelo.

Rudá Ricci disse...

Pois é, Darcy,
O problema do Noblat é que não é tão informado como eu. E nunca foi petista. Eu tenho informações de dentro do governo. Pode colocar a barba de molho. Defender Agnelo não é bom negócio. Errou. Vai ter que pagar.