Nunca entendi esta expressão. Afinal, pedra é louca? Ou um louco fica duro como pedra? Não fazia sentido. Até que perguntei para uma amiga e ela me deu a explicação abaixo.
A
Extracção da Pedra da Loucura é uma das
obras pictóricas pertencentes à primeira etapa do pintor holandês Hieronymus Bosch,
realizada entre 1475 e 1480, e incluída num
conjunto de gravuras satíricas e burlescas que na altura se realizavam
nos Países Baixos. É um óleo sobre madeira, de 48 x
35 cm.
Actualmente encontra-se no Museu do Prado,
em Madrid.
Hieronymus
Bosch mostra a loucura e a credulidade humanas. O que se representa
em A Extracção da Pedra da Loucura é uma espécie de operação
cirúrgica que se realizava durante a Idade Média,
e que segundo os testemunhos escritos sobre ela, consistia na extirpação de uma
pedra que causava a loucura do homem. Acreditava-se que os loucos eram aqueles
que tinham uma pedra na cabeça.
Na
obra aparece um falso médico que em vez de um barrete usa um funil na cabeça
(símbolo da estupidez), extrai a pedra da cabeça de um indivíduo que olha em
direcção a quem vê o quadro, ainda que em realidade o que está a extrair é uma
flor, uma tulipa.
A su a bolsa de dinheiro é atravessada por um punhal, símbolo do seu delito. É
usado como uma crítica contra os que acreditam estar em posse do saber mas que,
afinal, são mais ignorantes que aqueles a quem pretendem curar da sua
«loucura». Um frade e
uma freira estão
presentes também na cena; a religiosa tem um livro ferrado em cima da cabeça:
isto pode ser uma espécie de alegoria àsuperstição e
à ignorância, de que se acusava fortemente o clero. Esta figura
feminina pode ser entendida igualmente como uma bruxa com o livro
dos conjuros sobre a cabeça.[1] O
frade sustém um cântaro de vinho. O tema do quadro juntamente com o formato circular em
que se realiza poderia remeter de certo modo a um espelho,
e assim parece atirar ao mundo a imagem da sua própria estupidez ao desejar
superá-la deste modo tão erróneo.
A
legenda que aparece escrita no quadro diz Meester snyt die Keye ras, myne
name is lubbert das, que significa Mestre, extrai-me a pedra, meu
nome é Lubber Das. Lubber Das era um personagem satírico da literatura holandesa
que representava a estupidez.
A
representação do frade como ébrio e a freira como ignorante poderia apontar
para o anticlericalismo de Hieronymus Bosch,
influenciado pelas correntes religiosasprerreformistas na Flandres,
como a devotio moderna, que
defendia a comunhão directa com Deus sem a intervenção da Igreja oficial.[2]
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