Abaixo, reproduzo a estrutura da minha exposição:
O JEITO MINEIRO DE FAZER POLÍTICA
a) Uma
teoria para explicar Minas
•
Há consenso nacional que o jeito político
mineiro é o mais distinto e peculiar do país
•
Não há como reduzir esta peculiaridade à análise
de embate entre classes sociais ou escolhas racionais de agentes políticos
•
Houve, por algum tempo, alguns teóricos que
procuraram interpretar tal peculiaridade. Teorias deterministas, como as de João Camilo de Oliveira Torres, para quem
as montanhas de Minas definiriam um padrão de comportamento; ou teorias que
procuraram estabelecer a mescla
contraditória entre modernidade e tradição. Mas não há continuidade de
estudos e análises mineiras sobre aquilo que atrai tanto o Brasil: o enigma mineiro;
•
A situação é
ainda mais instigante quando percebemos que o comportamento político e
social mineiros foram os que mais se alteraram, nos últimos vinte anos, em toda
região sudeste;
•
O que restou em Minas da Crônica da Casa Assassinada?
b) O
Jeito Mineiro
•
Estado com maior influência da alma portuguesa. Mais que Bahia, envolvida na cultura
africana. Melancolia e intimismo,
personalismo e espírito comunitário, são marcas significativas
•
Há, ainda, a lógica matriarcal, advinda do êxodo dos ciclos econômicos mineiros
que deixou viúvas de maridos vivos em várias regiões do Estado. O jeito mineiro
de fazer política é o mais feminino do país. Xica da Silva, Dona Beija são
ícones do que se encontra, ainda hoje, no meio rural mineiro: a mulher que
administra a família.
c) A
estrutura básica
•
O jeito mineiro possui uma estrutura básica de
comando: um líder que depende de
chefetes locais ou regionais. O peculiar é que o que conta são as
negociações e movimentos regionais e quase nunca o discurso e compromissos do
líder.
•
Aécio
Neves foi pródigo em atualizar esta lógica. Sua liderança era
absolutamente apoiada em pequenas lideranças regionais. Daí a liberdade
para afirmar que apoiava candidatos definidos por seu partido que não surtia
efeito algum prático. Em seu governo proliferaram acordos eleitorais que deram
lugar à figuras exóticas como Lulécio ou
Dilmasia;
•
O que faz da prática política mineira assunto
para pequenos círculos e conversas reservadas. São múltiplos acordos locais
e regionais que compõem, de fato, a expressão pública. Em Minas, é o privado que fala mais alto.
b) A
mudança recente
•
A nuance atual nesta prática foi provocada pela emergência do lulismo
•
O lulismo possui uma lógica que se aproxima do fordismo:
trata-se de um pacto desenvolvimentista, sob o comando de um Estado
centralizador e concentrador de recursos
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Até o último ano do governo Lula, Aécio Neves tinha lugar especial no projeto
lulista por quebrar a unidade tucana, o que facilitava a construção da
coalizão presidencialista;
•
Mas o desafio, desde a vitória de Dilma
Rousseff, passou a ser o avanço sobre as
bases eleitorais tucanas, em especial, São Paulo e Minas Gerais
•
O que rompe com o pacto de convivência até aqui
estabelecido em Minas Gerais. E o que transforma
as regiões mineiras em palco de um jogo de xadrez dos mais agressivos e
dinâmicos, tendo alianças petistas e tucanas como pivôs do conflito;
•
Mas a essência
do jeito mineiro permanece: a disputa é regional, tendo a região
metropolitana e o sul do Estado como as regiões mais cobiçadas. E tendo nas
lideranças regionais sua ponta de lança. Daí os partidos serem, hoje,
totalmente comandados por parlamentares, deputados estaduais e federais.
•
Lideranças sociais têm pouca expressão política
real nos partidos. A militância partidária é acessória. E os projetos partidários
reduziram-se aos processos eleitorais. Não há projeto global para Minas.
•
Daí, parece comum que a emergência de novas
lideranças partidárias serem, comumente, parentes diretos de lideranças
antigas, clãs políticos ou apadrinhados diretos (ex-assessores de
lideranças).
2 comentários:
Rudá, adoraria ter ouvido sua exposição.
Não tem um vídeo que eu possa adquirir? Pago para ter esse vídeo.
Porque não escreve um livro sobre o tema?
Abraço.
Gostaria de ter assistido, apesar de discordar com um ponto: os líderes sociais são também a base que os partidos e seus militantes têm e buscam como apoio.
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