A base das refeições dos escravos era farinha (de mandioca ou milho). Faziam três refeições por dia (8 da manhã, 13h e 20 horas) e a base era angu de farinha e feijão temperado com sal e gordura. No período de colheita de café, não era raro que um porco inteiro fosse oferecido aos escravos. Afinal, a base da riqueza do complexo rural monocultor era justamente a mão-de-obra escrava.
Por outro lado, a elite rural comia exatamente estas partes que a lenda afirmava constituir os "restos" que se transformavam em feijoada nas mãos calejadas dos escravos negros. A elite comia língua, miolos, molhos de tripas, fígado, linguiça de sangue. Debret destaca o ofício de tripeiro no Rio de Janeiro, no início do século XIX. Miúdos de porco e vaca eram acrescentados ao angu.
A origem da feijoada (segundo o Portal São Francisco) situa-se na tradição portuguesa, na culinária das regiões da Estremadura, das Beiras e de Trás-os-Montes, além do Alto Douro, onde ao feijão são acrescentadas linguiças, orelhas e pé de porco.
Enfim, estranhei este equívoco no livro de Frei Betto, justamente porque é autor de livro de culinária ("Comer como um Frade").
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