A conformação que deu origem ao PT gerou o fogo amigo permanente. As lideranças petistas sempre afirmaram que se trata de "disputa de ideias". Discurso para boi dormir. Não se trata apenas de ideias, mas de poder. Vem de longe, alimentada inicialmente pela lógica fratricida das até então organizações clandestinas de esquerda. Há farta documentação - parte dela organizada e publicada por Edgard Caroni - que revela que esta é a cultura original da esquerda clássica brasileira: ataques de todos os lados entre membros de agrupamentos. Os ataques entre PCB e Ligas Camponesas, às vésperas do golpe militar de 1964, disseminados na imprensa do partido comunista, viraram caso clássico. Os ataques nunca foram apenas em função de ideias, mas sempre resvalaram questões pessoais.
No PT, em virtude das disputas internas entre correntes ideologicamente tão distintas - dos trotskistas à Ala Vermelha, da igreja católica aos autonomistas - a faísca virou vulcão.
Esta é a explicação para entendermos a energia gasta em Minas Gerais entre o agrupamento de Fernando Pimentel/Reginaldo Lopes e o liderado pelo deputado estadual Rogério Correia. Todos são petistas, ma non troppo. Ontem, em mais um lance dramático que serve para jogar para a plateia, na saída da reunião em Brasília (Rui Falcão, petistas mineiros e Leonardo Quintão, do PMDB-MG), Rogério Correia ameaçou expulsar o deputado federal Reginaldo Lopes do PT, caso insista na aliança com o PSDB para a reeleição do prefeito de BH, Márcio Lacerda (PSB). Também foi ventilada a possibilidade de intervenção no partido.
Daí a certeza: o maior inimigo do PT é ele mesmo.
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