quinta-feira, 3 de março de 2011

Evolução renda nos governos Lula

Evolução da renda no Governo Lula: Conclusões definitivas
Reinaldo Gonçalves
3 março 2011
reinaldogoncalves1@gmail.com

A divulgação dos dados de evolução da renda do Brasil pelo IBGE, bem como a base de dados do FMI, já permitem algumas conclusões definitivas a respeito do desempenho da economia brasileira (renda) durante o governo Lula (2003-10).
Primeira conclusão: fraco desempenho pelos padrões históricos do país
O crescimento médio anual do PIB real é de 4,5% no governo Lula. Mais especificamente, 3,5% em 2003-06 e 4,5% em 2007-10. Mesmo no segundo mandato, a taxa alcançada não supera a média secular do país (1890-2010, período republicano) (4,5%). Portanto, o desempenho do governo Lula é fraco pelos padrões históricos brasileiros.
Segunda conclusão: muito fraco desempenho quando comparado com outros presidentes
Desde a proclamação da república o país teve 29 presidentes (Vargas teve dois mandatos separados temporalmente). Neste conjunto, Lula ocupa a 19ª posição quanto ao crescimento da renda, ou seja, 18 outros presidentes tiveram melhor desempenho. Quando este conjunto é dividido em quatro grupos, Lula está no terceiro grupo. De outra forma, pode-se afirmar que Lula teve o 11º pior desempenho no conjunto dos mandatos presidenciais.
Terceira conclusão: retrocesso relativo
No período 2003-10 três indicadores merecem destaque. O primeiro é a participação do Brasil no PIB mundial. Usando os dados de paridade de poder de compra, verifica-se que não houve alteração, A participação média do Brasil em 2001-02 manteve-se a mesma em 2009-10 (2,90%). O segundo indicador é a posição relativa do Brasil no ranking da economia mundial quando se considera a taxa de variação real do PIB no período 2003-10. O Brasil ocupa a 96ª posição no painel de 181 países. Ou seja, dividindo este conjunto em quatro grupos, o Brasil está no terceiro grupo. O crescimento médio anual do PIB do país (4,0%) está abaixo da média (4,4%) e da mediana (4,2%) do painel mundial. O terceiro indicador é o PIB (PPP) per capita. Este indicador de renda para o Brasil aumentou de US$ 7.457 em 2001-02 para US$ 10.894 em 2009-10. Entretanto, a posição do país no ranking mundial piorou. O país passou da 66ª posição para a 71ª posição. Ou seja, houve retrocesso relativo.
Quarta conclusão: país fortemente atingido pela crise global em 2009
A crise econômica de 2009 teve alcance global. O Brasil é um país marcado por forte vulnerabilidade externa estrutural. O passivo externo bruto ultrapassou US$ 1.292 bilhões em no final de 2010. No período 2003-10 houve reprimarização da economia brasileira, inclusive com significativo aumento do peso relativo das commodities nas exportações brasileiras. A maior participação do capital estrangeiro no aparelho produtivo também ocorreu no período em questão. A crescente liberalização financeira e o regime de câmbio flexível implicam maior instabilidade. O resultado é que a crise internacional atingiu fortemente o país em 2009. A queda do PIB real foi de 0,6%. No painel mundial o Brasil ocupa a 85ª posição. Dividindo este painel em quatro grupos, verifica-se que o país está no segundo grupo dos mais atingidos. Ademais, a frágil posição brasileira é evidente quando se leva em conta que a taxa média (simples) e a mediana de variação do PIB do painel é de 0,1% e 0,2% respectivamente.

Em síntese, durante o governo Lula a evolução da renda do Brasil caracterizou-se por:
1) fraco desempenho pelos padrões históricos do país
2) muito fraco desempenho quando comparado com outros presidentes
3) retrocesso relativo
4) país fortemente atingido pela crise global em 2009

3 comentários:

Guilherme Alberto Rodrigues disse...

Fazer comparações de períodos específicos com toda uma trajetória histórica é sempre interessante, afinal permite enxergar um pouco da parte diante do todo. Isso, no entanto, não permite "conclusões definitivas" que levem a rotular a parte como A ou B se não considerado o todo, sempre.
Fácil criar outras "conclusões definitivas": basta pegar um período histórico mais recente e que seja dotado de uma lógica implícita (tipo: tomar a partir dos anos 80, quando a economia mundial passou a adotar novos moldes) para se ter resultados inversos ao que foi postado por Ricci como "conclusões definitivas".

Se assim for, só tenho uma coisa a dizer: menos "definitivas" nas suas conclusões, professor; menos "definitivas"!!! Isso tem mais a ver com parcimônia científica do que com os resultados em si.

Rudá Ricci disse...

Guilherme,
Não se trata de minha opinião, mas do economista Reinado Gonçalves, que já foi apoiador de Lula e do PT. Veja que no mesmo blog eu apresento gráfico em que demonstra que o Brasil está no bloco dos maiores PIBs do mundo.
Meu pai me ensinou que é preciso ler de tudo e todos, mesmo os de direita. Trata-se de uma postura humanista. Caso contrário, nos treinamos para ser fundamentalistas e intolerantes. Análise não pode se confundir com torcida de futebol.

Fred disse...

Esta foi uma das piores análises econômicas que li nos últimos tempos...o objetivo era falar mal do governo Lula e mais nada. Para isso, o super economista lança mão de comparações totalmente indevidas, tanto no tempo quanto no espaço (países selecionados).
Aqueles que sabem que ele foi preterido pelo governo Lula, entende perfeitamente esse tipo de análise.