quarta-feira, 10 de junho de 2009
Beatriz Sarlo e a tensão social em Buenos Aires
Li com uma mescla de admiração e melancolia a entrevista que Beatriz Sarlo, talvez a mais importante crítica literária (que tem muito de socióloga) argentina, concedeu ao Mais!, de 7 de junho. Gosto muito da Argentina e especialmente de Buenos Aires. Sempre manteve algo clássico, meio europeu (com seus cafés). Mas é verdade que andar pela Santa Fé, nos dias atuais, transparece uma linha divisória deste mundo de glamour e a pobreza. Pior: anos atrás a pobreza estampada nas ruas (que dificilmente se via em Buenos Aires) se confundia com famílias indígenas do norte do país. Agora não só. Inicialmente era como se uma parte da sociedade argentina que estava escondida na capital argentina tivesse aparecido, finalmente. Mas Sarlo fala de uma capital muito distinta das grandes cidades brasileiras: de uma paisagem que não tem nada da pós-modernidade de São Paulo ou do gigantismo desenvolvimentista de Brasília e tantas outras cidades brasileiras. Mas é triste ler passagens como esta que reproduzo de sua entrevista:
"A Argentina precisou passar por várias crises, e creio que na última, de 2001, realmente se deu conta de que não era o país próspero, ou relativamente próspero, que acreditava ser. Foi quando viu, literalmente, exércitos de centenas de pobres nas ruas recolhendo lixo."
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