domingo, 21 de junho de 2009

As últimas de Lula


Lula falou, em Genebra, que "não há provas" de que tenha havido fraude nas eleições iranianas.
Depois, ao converter em lei a medida provisória que ampliou de 500 para 1.500 hectares o limite das áreas na Amazônia Legal que podem ser vendidas a seus ocupantes sem licitação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou um artigo que condicionava a regularização das propriedades ao zoneamento ecológico-econômico dos Estados, com regras para a ocupação do território. O Ministério do Meio Ambiente disse ter sido pego de surpresa. Na justificativa do veto, Lula alegou que a exigência do zoneamento poderia limitar a regularização fundiária a uma pequena parcela (7,5%) da Amazônia Legal. A previsão é que o zoneamento ecológico-econômico deva ser concluído até o segundo semestre de 2009.
Não contente, defendeu Sarney e seus atos secretos e mais a penca de familiares que ele contratou na surdina.

Parece óbvio que se trata da composição da base política de Lula, no Congresso e para 2010. Mas poderia ter um dedo maquiavélico nesta história. Explico: como pela esquerda e centro o campo está tranquilo, avança o sinal para o voto conservador. Esta estratégia é muito utilizada nos EUA e envolveu Clinton, para citar um exemplo (chegou a ser avaliado pela imprensa como o mais republicano dos democratas).
É uma estratégia muito arriscada, se for este o caso. Mas também procura romper o possível teto de 25% que analistas afirmam que Dilma enfrentará a partir do final deste ano.

4 comentários:

Vinícius disse...

Esquerda só se for no sentido das massas que ainda se iludem a respeito do caráter dessa administração. Agora isso por que os pequenos partidos de maior expressão não conseguem alcançar a base social que o PT construiu desde a década de 80. De quem eu estou falando e por quê? Do PSOL e do PSTU que, ao fim e ao cabo, reduzem a sua pauta à crítica ao governo Lula e à disputa parlamentar.

Vinícius disse...

O que eu quero dizer é que, se existem pessoas que acreditam que votar no Lula é votar em um projeto de esquerda, progressista ou coisa que o valha, isso se deve - em parte - à própria incapacidade dos partidos que - em tese - surgiram para ocupar o espaço que o PT abandonou, enquanto referência para as classes trabalhadoras. E isso se deve, por outro lado, ao fato de que foram incapazes de avançar um milímetro sequer em relação ao programa que transformou o PT no que ele é hoje.

Rudá Ricci disse...

Vinícius,
O problema é que PSOL e PSTU são partidos de esquerda clássicos, formados por classe média e elite política, com discurso cifrado e sem impacto de massas. Formar uma esquerda de massas como ocorreu no caso do PT, nos anos 80, é algo singular na história. Foi este o motivo do PT ter sido estudado por tantos pesquisadores sociais nos anos 80 e 90 e tido como novidade na esquerda mundial. Não vislumbro nenhuma possibilidade dos dois partidos que cita se tornarem de massas. Mesmo porque, o PSOL adotou a bandeira moralista e os dois trilham o velho vício do fracionamento permanente e disputas personalizadas.
Rudá Ricci

Rudá Ricci disse...

Vinícius,
É fato que o PT, como partido, perdeu o rumo. Quem tem o rumo político é o lulismo, que abraçou um programa claramente social-liberal. O que me preocupa é a falta de capacidade política e técnica das forças progressistas e de esquerda em elaborarem uma alternativa inovadora e factível.
Rudá