domingo, 28 de junho de 2009
Balanço da Era Lula, numa tarde de domingo
28 de junho de 2009. Faltam 15 meses para que Lula deixe de governar o Brasil. Mesmo faltando tanto tempo, por ter antecipado a disputa pela sua sucessão, já nos forçamos a analisar o conjunto da obra. Mesmo porque, o próprio Presidente teria dito numa reunião ministerial ocorrida no início deste ano que não alteraria mais sua agenda. Teria dito que "se um projeto novo for muito bom, mas muito bom mesmo, o ministro deve entregar à Presidência para encaminhar para o seu sucessor".
O lulismo teve pontos altos e baixos. Tentarei propor uma síntese de cada um desses lados da gangorra.
Pontos Altos
Citaria a estabilidade econômica, que estabeleceu um cenário de sensatez e confiança mediana de todos agentes econômicos e sociais do país. Não vale dizer que é obra de FHC. Ele poderia ter jogado fora tudo e, além disto, conseguiu atravessar bem uma crise internacional, maior que as enfrentadas por FHC. Mas, neste ponto (da estabilidade), os dois conseguiram criar uma nova condição econômica para o Brasil.
Destacaria, ainda, o gerenciamento do maior sistema de proteção e assistência social que o país já viu, desde Getúlio Vargas. Não se trata de mera somatória do que Sarney e FHC fizeram. A questão central foi a maneira como foi gerenciado. O Bolsa Família se destaca, mas incluiria neste rol o PRONAF, o crédito consignado e a elevação do valor do salário mínimo.
Também é mérito do lulismo a consolidação do Presidencialismo de Coalizão. Praticamente construiu uma aliança partidária e empresarial que redefiniu os limites institucionais para qualquer oposição. Arriscaria dizer que redefiniu, por aí, uma lógica de Estado.
Finalmente, destacaria a política externa. Soube surfar na onda da novidade e do crescimento da importância dos BRICs. É evidente que China e Índia cresceram mais que o Brasil neste período. Mas esta comparação é sem sentido. Honduras também cresceu mais que o Brasil. A questão é que Lula se tornou uma liderança mundial, mais evidente que os governantes chineses e indianos. O Brasil se tornou uma força política internacional, não apenas uma promessa econômica.
Pontos Baixos
Como líder do maior partido de esquerda do país, conseguiu destruir a agenda de esquerda. Aproximou tanto seu programa do liberal e social-democrata que mais fez definhar sua oposição à direita que crescer a força das lideranças sociais e da esquerda brasileira. Ainda neste campo, desfigurou o PT. Lula já era maior que o PT. Agora o lulismo simplesmente solapou o PT. Se Dilma (uma lulista sem luz própria) perder a eleição, só restará Lula 2014 para o PT. Nada mais. E não se trata de coincidência. Lula administrou a destruição de nomes que poderiam disputar com luz própria sua sucessão, dentro do PT: Zé Dirceu, Palocci, Marta Suplicy, Tarso Genro, Fernando Pimentel e, mais recentemente, Fernando Haddad. Daí não avançar em nada a reforma política e outras reformas. Simplesmente porque o lulismo faz parte da estrutura de poder das elites políticas tupiniquins. O lulismo atualizou esta estrutura, mas não se esforçou, nem um milímetro, para alterá-la. Em outras palavras: dificilmente surgiria um novo Lula sob o lulismo.
Criou um sistema assistencialista que peca por flertar com o clientelismo. Pode ter criado um neo-clientelismo de tipo mexicano, muito conhecido na nossa região.
Não gerou novos direitos. Apenas procurou proteger (nem sempre com sucesso) os direitos já constituídos. Aliás, toda agenda de novos direitos, a começar pela agenda ambientalista, foi duramente rechaçada pelo lulismo.
Indicaria, finalmente, o PAC como uma espécie de balão furado. É mais uma moeda de compra das empreiteiras e lobbies, além de amarrar pequenas lideranças regionais, que um projeto de aceleração do desenvolvimento. Basta acompanhar o ritmo das obras.
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