sábado, 7 de fevereiro de 2009

Dom Hélder


Há exatos cem anos nascia dom Hélder Câmara, um dos maiores defensores dos direitos humanos no Brasil.
Hélder Pessoa Câmara, nasceu na cidade de Fortaleza, estado do Ceará, no dia 7 de fevereiro de 1909. Teve 12 irmãos (somente oito conseguiram sobreviver, os demais morreram vítimas de uma epidemia de gripe, que assolou a região no ano de 1905). Sua primeira missa foi celebrada no dia 16 de agosto de 1931, um dia após sua ordenação, aos 22 anos de idade. No Rio de Janeiro, colaborou com revistas católicas, organizou o XXXVI Congresso Eucarístico Internacional, exerceu funções na Secretaria de Educação do Rio de Janeiro e no Conselho Nacional de Educação, fundou a Cruzada São Sebastião, para atender favelados e o Banco da Providência, destinado a ajudar famílias pobres. Em 1952, foi nomeado Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro. No período em que permaneceu lá, exerceu o cargo de Secretário Geral da CNBB. Aos 55 anos, Dom Hélder Câmara, foi nomeado Arcebispo de Olinda e Recife. Assumiu a Arquidiocese, em 12 de março de 1964, permanecendo neste cargo durante vinte anos, durante os anos de chumbo. E justamente neste período se consagrou como liderança social do país, denunciando o autoritarismo e os abusos aos direitos humanos, praticado pelos militares. Por esta atuação, foi chamado de comunista e passou a sofrer retaliações e perseguições por parte das autoridades militares. Foi impedido de ter acesso aos meios de comunicação de massa e de divulgar suas mensagens durante todo o período ditatorial. No final da década de 90, com o apoio de outras instituições filantrópicas, lançou oficialmente a campanha Ano 2000 Sem Miséria.
Dom Hélder foi realmente uma grande liderança e sempre perseguido. Para dar um exemplo: o seminário de formação de novos padres de Recife, sempre inspirado em Dom Hélder, foi duramente perseguido durante a gestão de João Paulo II. Seus seguidores também sofreram na pele. Para dar outro exemplo: Romeu Padilha, muito ligado a ele, quando presidiu a Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural procurou aproximar a extensão rural pública de movimentos sociais e das lutas sociais rurais do país. Não deu outra: foi derrubado pelo então PFL.

2 comentários:

Magno Ferreira disse...

Professor, Dom Heder é um lider religioso histórico, claro que não posso desejar que as instituições religiosas possam ter muitos líderes parecidos com ele, mas não seria saudável que elas se envolvessem um pouco mais com o social?

Rudá Ricci disse...

Pois é, Magno. Houve uma mudança de percurso da militância católica brasileira a partir de João Paulo II. Eu coordenei pesquisa entre católicos da Arquidiocese de Belo Horizonte e os dados eram semelhantes com as pesquisas universitárias que se realizavam na Itália (a pedido do Vaticano). Percebemos que aflorava uma "religiosidade privada", ou seja, a busca da igreja como reconforto e não como engajamento no mundo.
É o efeito da globalização.
Rudá