domingo, 1 de fevereiro de 2009

Escola de Todos os Santos


O governo peruano acaba de anunciar um Plano Nacional de Leitura, para incentivar a leitura dos alunos de escolas públicas. Estou acompanhando o debate a respeito. Esta iniciativa me lembrou um experiência que indica que nesta área, quanto mais simples, mais efetivo. Pirotecnia não funciona. Aliás, comecei a ler de verdade quando ganhei Caçadas de Pedrinho. Mas vamos à experiência da Escola de Todos os Santos, em New York. A All Hallows High School (a foto é de alguns de seus alunos) é uma escola católica irlandesa, com 460 alunos (de 14 a 18 anos). Não há evasão. Todos seus alunos ingressam na universidade (as estatísticas do Conselho de Educação de New York indicam que apenas 50% dos alunos de escolas públicas da região ingressam na universidade). A escola fica no Bronx, e as famílias dos alunos têm renda anual média de 15 mil dólares, uma das mais baixas dos EUA. 67% dos alunos são hispânicos, 32% negros.
Sabe qual o principal programa da escola para obter este sucesso pedagógico? Religiosamente às 9h54 da manhã, a campainha toca. Todos, incluindo os professores, param o que estiverem fazendo, pegam um livro e/ou jornal e lêem ininterruptamente até às 10h21. Nessa meia hora, nem cemitério é tão silencioso. Ninguém se mexe. Uns até chegam a dormir sentados. O único que se vê perambulando pelos corredores a passos ligeiros é o bedel que passa de sala em sala para checar se todos estão de olhos grudados nos livros. A leitura obrigatória aumentou as notas de inglês em todas as turmas. Fora isso, eles ainda têm aula de latim e espanhol. O diretor não é a imagem do carrasco que muitas escolas criam para impor disciplina. Sua equipe, formada por 31 professores, 4 psicólogos, 3 padres e uma freira, consegue manter a filosofia da não-violência. Para o diretor, o que essas crianças precisam é de espírito comunitário. Aí entraram os cursos extracurriculares. Cada aluno deve escolher pelo menos duas matérias como decoração, teatro, artes, mídia e até zen budismo. Cada aluno custa para a escola 6 500 dólares por ano, mas as famílias só pagam 3 650. Só para comparar: uma escola particular americana de mesmo nível custa anualmente algo em torno de 14 000 dólares. Cerca de 100 empresas e patrocinadores colaboram com a escola, entre elas nomes como New York Times Co. Foundation, Bloomberg Financial Markets, MCI Telecommunications, Time Warner, Citicorp, Coopers & Lybrand, Goldman Sachs, JP Morgan, Chase Manhattan, Merrill Lynch, Morgan Stanley & Co. e UBS. Este ano, 1,2 milhão de dólares veio das anuidades dos alunos e 1,3 milhão das empresas. A All Allows já está entre as cinco escolas da cidade que mais arrecada dinheiro entre as empresas.
Que tal?

Nenhum comentário: