sábado, 21 de fevereiro de 2009

Desemprego: dança de números


Há uma verdadeira guerra de interpretações sobre a crise no Brasil: longa e prolongada ou curta e focalizada. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em janeiro 1.318.298 postos de trabalho com carteira assinada foram fechados. Esse é o pior mês de janeiro desde 1996. Ao mesmo tempo, o mês de janeiro de 2009 surpreendeu pelo volume de admitidos: 1.216.550, o segundo melhor número da série. Dá para entender? Obviamente que o conflito de interpretações continua.
Entre demitidos e admitidos, o Caged contabilizou saldo negativo de 101.748 postos de trabalho fechados – o pior janeiro da história, em termos absolutos. O número, no entanto, é 6,4 vezes menor do que o saldo negativo registrado em dezembro do ano passado (654.956 postos fechados). O volume de admissões entre dezembro e janeiro cresceu em quase 330 mil novos postos de trabalho.
Para o Ministro do Trabalho, Carlos Luppi, “recomeça o aquecimento da contratação”. Destacou, ainda, que quatro setores da economia e oito estados tiveram balanços positivos em janeiro. A construção civil janeiro tem saldo de mais de 11 mil novos trabalhadores, o setor de serviços aumentou em mais 2.452 empregados, a administração pública teve alta de 2.234 postos e os chamados “serviços industrias de utilidade pública” (tais como telefonia, energia e saneamento) abriram 713 vagas a mais do que desligamentos. O saldo positivo de empregos ficou nos estados de Santa Catarina, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná, Rondônia e Roraima. O motor do crescimento nesses estados, segundo o Caged, foi o cultivo de produtos de lavoura permanente.
Em todo o país, o setor agrícola, no entanto, registrou menos 12 mil empregos. Mais da metade desses desligamentos foram em São Paulo, especialmente no cultivo de frutas cítricas (baixa de 6.403 postos de trabalho). O cultivo da cana-de-açúcar teve saldo de menos 1.871 postos, com maiores perdas em Pernambuco, São Paulo e Paraíba.
Entre os setores, a indústria de transformação (com menos 55.130 empregos) e o comércio (com menos 50.781) concentram as demissões. Entre os subsetores, os piores resultados estão no comércio varejista (com menos 50.403), a metalurgia (com menos 12.028), a indústria de materiais de transporte (com menos 11.732) e a indústria alimentícia (com menos 8.794), além da agricultura.

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