sábado, 28 de setembro de 2013
Aécio "Nextel" Neves
Não sei se vocês acharam o mesmo que eu, mas a última propaganda de Aécio Neves não parecia um plágio da propaganda da Nextel? Aliás, meio Nextel, meio Forrest Gump. Será que isto funciona?
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
Fazendo Arte (Divinópolis)
É comum, em eventos educacionais, a apresentação de alguma atividade artística protagonizada por alunos de ensino básico. Nem sempre funciona. Mas quando funciona, é de arrepiar.
Lembro de uma apresentação de percussão com estudantes de uma escola estadual mineira, num evento que comemorava o aniversário do SindUTE. O som encheu o ambiente. Os meninos tocavam com força e o olhar não deixava dúvida de como estavam orgulhosos e cientes do seu poder. Uma batida forte, ao estilo Olodum. Já li em algum lugar que se trata de um suingue de cinco toques, onde há um espaço maior entre o segundo e o terceiro toques e do terceiro para os dois últimos.
Recentemente, vi uma apresentação de um grupo de surdos, em São João del-Rei. Emocionante.
Nesta semana, abri um evento na Funedi/UEMG, em Divinópolis. Falei sobre Educação e Desenvolvimento. Na abertura, uma apresentação de dança e, depois, violas, de jovens que fazem parte do Projeto Fazendo Arte, coordenado por Lenir de Castro. Trata-se de inclusão sociocultural de crianças e adolescentes que estudam em escolas públicas. Atende 1.700 jovens patrocinados pela Gerdau (lei de incentivo à cultura). Ouvir jovens tocando violas não é algo que acontece todos os dias. As apresentações evoluíram de ballet (incluindo dois rapazes que, cá entre nós, é algo louvável de se ver em cidades do interior brasileiro, quase sempre muito machistas), para street dance e as violas. Embora eu seja um urbanóide, as violas me acalmam. Devem remeter para a tranquilidade e tristeza do interior, da vida na roça, do mundo rural. Continuo um convicto urbanóide, me fixando neste lugar onde as violas fazem tanta falta.
Lembro de uma apresentação de percussão com estudantes de uma escola estadual mineira, num evento que comemorava o aniversário do SindUTE. O som encheu o ambiente. Os meninos tocavam com força e o olhar não deixava dúvida de como estavam orgulhosos e cientes do seu poder. Uma batida forte, ao estilo Olodum. Já li em algum lugar que se trata de um suingue de cinco toques, onde há um espaço maior entre o segundo e o terceiro toques e do terceiro para os dois últimos.
Recentemente, vi uma apresentação de um grupo de surdos, em São João del-Rei. Emocionante.
Nesta semana, abri um evento na Funedi/UEMG, em Divinópolis. Falei sobre Educação e Desenvolvimento. Na abertura, uma apresentação de dança e, depois, violas, de jovens que fazem parte do Projeto Fazendo Arte, coordenado por Lenir de Castro. Trata-se de inclusão sociocultural de crianças e adolescentes que estudam em escolas públicas. Atende 1.700 jovens patrocinados pela Gerdau (lei de incentivo à cultura). Ouvir jovens tocando violas não é algo que acontece todos os dias. As apresentações evoluíram de ballet (incluindo dois rapazes que, cá entre nós, é algo louvável de se ver em cidades do interior brasileiro, quase sempre muito machistas), para street dance e as violas. Embora eu seja um urbanóide, as violas me acalmam. Devem remeter para a tranquilidade e tristeza do interior, da vida na roça, do mundo rural. Continuo um convicto urbanóide, me fixando neste lugar onde as violas fazem tanta falta.
Dilma vai comendo pelas beiradas
A frase é de Brizola, mas a mineira-gaúcha parece ter sido abençoada por ela.
A nova pesquisa do IBOPE indica uma surpreendente recuperação da intenção de voto para a sua reeleição. A subida dos índices de Dilma são tão significativos (8%) quanto a queda de Marina (6%) que parece entrar no seu inferno astral.
Aécio vai caindo lentamente e Eduardo Campos estacionou. O que contribuiu para este cenário?
Arrisco o seguinte:
1. Uma profunda incompetência política e de mobilização social das oposições. Não sabem separar desejo de oportunidade;
2. Uma grande exposição da figura da Presidente da República. Volto a destacar: o que a fez catalisar o desencanto das ruas em junho é o que a faz se recuperar rapidamente);
3. Um compasso de cágado da economia nacional. Esperava-se que a crise seria mais grave. Não está sendo, a despeito das manchetes tardias do The Economist.
Contudo, o que se percebe é que o desencanto das ruas em junho não foram um surto passageiro. O sentimento foi consistente e afetou os índices de confiança nas instituições públicas. Temo que o que estamos presenciando é uma separação cognitiva (ainda marcada pela desconfiança ou até mesmo sinal de cinismo político das massas) entre o cotidiano e a política. "A política continua a de sempre", resumiria a situação. Em junho os dois polos se juntaram. Paradoxalmente, em junho havia alguma esperança de mudança. Não ocorreu nada. Voltamos ao estágio anterior: política formal para um lado (então, escolho o menos pior ou o que me dá mais dividendos) e vida cotidiana para o outro.
Alguns ficarão aliviados. Eu não seria tão otimista. Ao separar, a população não dá um voto de confiança, mas escolhe o que menos lhe dá indigestão. A desconfiança e deslegitimação continuam em curso. Até nova onda de esperança. Saiba lá de onde vier.
José Roberto de Toledo e Daniel Bramatti - Estadão Dados
A nova pesquisa do IBOPE indica uma surpreendente recuperação da intenção de voto para a sua reeleição. A subida dos índices de Dilma são tão significativos (8%) quanto a queda de Marina (6%) que parece entrar no seu inferno astral.
Aécio vai caindo lentamente e Eduardo Campos estacionou. O que contribuiu para este cenário?
Arrisco o seguinte:
1. Uma profunda incompetência política e de mobilização social das oposições. Não sabem separar desejo de oportunidade;
2. Uma grande exposição da figura da Presidente da República. Volto a destacar: o que a fez catalisar o desencanto das ruas em junho é o que a faz se recuperar rapidamente);
3. Um compasso de cágado da economia nacional. Esperava-se que a crise seria mais grave. Não está sendo, a despeito das manchetes tardias do The Economist.
Contudo, o que se percebe é que o desencanto das ruas em junho não foram um surto passageiro. O sentimento foi consistente e afetou os índices de confiança nas instituições públicas. Temo que o que estamos presenciando é uma separação cognitiva (ainda marcada pela desconfiança ou até mesmo sinal de cinismo político das massas) entre o cotidiano e a política. "A política continua a de sempre", resumiria a situação. Em junho os dois polos se juntaram. Paradoxalmente, em junho havia alguma esperança de mudança. Não ocorreu nada. Voltamos ao estágio anterior: política formal para um lado (então, escolho o menos pior ou o que me dá mais dividendos) e vida cotidiana para o outro.
Alguns ficarão aliviados. Eu não seria tão otimista. Ao separar, a população não dá um voto de confiança, mas escolhe o que menos lhe dá indigestão. A desconfiança e deslegitimação continuam em curso. Até nova onda de esperança. Saiba lá de onde vier.
Ibope/Estadão: Marina cai, Dilma cresce e abre 22 pontos
Presidente aumenta vantagem sobre a segunda colocada na corrida eleitoral na comparação com pesquisa de julho, que apontava diferença de 8 pontos
26 de setembro de 2013 | 18h 51
José Roberto de Toledo e Daniel Bramatti - Estadão Dados
Pesquisa nacional Ibope em parceria com o Estado mostra que Dilma Rousseff (PT) abriu 22 pontos sobre a segunda colocada, Marina Silva (sem partido), na corrida presidencial. Em julho, a diferença era de 8 pontos. Desde então, a presidente cresceu em ambos os cenários de primeiro turno estimulados pelo Ibope, enquanto Marina perdeu seis pontos, se distanciando de Dilma e ficando mais ameaçada pelos outros candidatos.
No cenário que tem Aécio Neves como candidato do PSDB, Dilma cresceu de 30% para 38% nos dois últimos meses. Ao mesmo tempo, Marina caiu de 22% para 16%. Aécio oscilou de 13% para 11%, enquanto Eduardo Campos (PSB) foi de 5% para 4%. A taxa de eleitores sem candidato continua alta: 31% (dos quais, 15% dizem que votarão em branco ou anularão, e 16% não sabem responder).
O cenário com José Serra como candidato do PSDB não tem diferenças relevantes: Dilma tem 37%, contra 16% de Marina, 12% de Serra e 4% de Campos. Nessa hipótese, 30% não têm candidato: 14% de branco e nulo, e 16% de não sabe. Não há cenário idêntico a esse em pesquisa anterior do Ibope para comparar.
Nos dois cenários, Dilma tem intenção de voto superior à soma de seus três adversários: 37% contra 32% (cenário Serra) e 38% contra 31% (cenário Aécio). Isso indica chance de vitória no primeiro turno. Mas convém lembrar que praticamente 1 em cada 3 eleitores não tem candidato e ainda falta um ano para a eleição.
A atual corrida presidencial tem sido marcada por altos e baixos dramáticos. Em março, Dilma chegou a 58% de intenções de voto, segundo o Ibope. Despencou para 30% em julho, e, agora, recuperou um terço dos eleitores que perdera. Essas oscilações podem se repetir até a hora de o eleitor ir às urnas, em 2014.
O Ibope fez a pesquisa entre os dias 12 e 16 de setembro, em todas as regiões o Brasil. Foram entrevistados 2.002 eleitores, face a face. A margem de erro máxima é de 2 pontos porcentuais, para mais ou para menos, num intervalo de confiança de 95%.
Segundo turno. Não foi apenas no cenário estimulado de primeiro turno que Dilma se distanciou de Marina. Na simulação de segundo turno entre as duas, a petista venceria a rival por 43% a 26%, se a eleição fosse hoje. Em julho, logo depois dos protestos em massa que tomaram as ruas das metrópoles, Dilma e Marina estavam tecnicamente empatadas: 35% a 34%, respectivamente.
Segundo as simulações do Ibope, tanto faz se o candidato do PSDB for Aécio ou Serra. Se a eleição fosse hoje, a presidente venceria ambos por 45% a 21% num segundo turno. Contra Eduardo Campos, a vitória seria mais fácil: 46% a 14%.
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Paulinho da Força mostra as garras e chama Dilma de "inimiga"
Agora foi para valer. Até então, havia um incômodo enorme no interior do PDT em relação à movimentação de Paulinho da Força para criar seu partido. Chegou a negar nos últimos dias que estivesse nesta empreitada. Agora, saiu do armário e veio com unhas e dentes contra o governo federal. Alguns analistas afirmam que se trata de uma linha auxiliar à candidatura de Aécio Neves. Pelo que acompanho dos dois personagens, seria mais plausível o inverso.
O novo partido (Solidariedade) retoma o ideário do "sindicalismo de negócios" (que no Brasil, ganhou a carinhosa alcunha de "sindicalismo de resultados").
Em Portugal, o Partido da Solidariedade Nacional foi criado em 1990 e desde sempre se vinculou à defesa dos direitos dos aposentados. Chegou a receber o nome de "partido dos reformados". Quem sabe?
O deputado federal Paulo Pereira da Silva, eleito por São Paulo, deixou ontem o PDT para se filiar ao novo partido que acaba de criar, o Solidariedade, e do qual será o presidente nacional. Seu objetivo é fazer oposição ao governo de Dilma Rousseff, a quem chama de "inimiga". Em entrevista ao programa Poder e Política, da Folha e do UOL, Paulinho da Força Sindical (como é conhecido por presidir essa central de trabalhadores) afirmou que a tendência do Solidariedade é oferecer apoio à candidatura presidencial do senador Aécio Neves (PSDB-MG). E Dilma? "Não fez nada. Não cumpriu uma [promessa]. Nenhuma. E virou minha inimiga dois dias depois que foi eleita", declarou.
O novo partido (Solidariedade) retoma o ideário do "sindicalismo de negócios" (que no Brasil, ganhou a carinhosa alcunha de "sindicalismo de resultados").
Em Portugal, o Partido da Solidariedade Nacional foi criado em 1990 e desde sempre se vinculou à defesa dos direitos dos aposentados. Chegou a receber o nome de "partido dos reformados". Quem sabe?
26/09/2013 - 06h00
Paulinho diz que Dilma hoje é sua inimiga e promete apoiar oposição
FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA
DE BRASÍLIA
O deputado federal Paulo Pereira da Silva, eleito por São Paulo, deixou ontem o PDT para se filiar ao novo partido que acaba de criar, o Solidariedade, e do qual será o presidente nacional. Seu objetivo é fazer oposição ao governo de Dilma Rousseff, a quem chama de "inimiga". Em entrevista ao programa Poder e Política, da Folha e do UOL, Paulinho da Força Sindical (como é conhecido por presidir essa central de trabalhadores) afirmou que a tendência do Solidariedade é oferecer apoio à candidatura presidencial do senador Aécio Neves (PSDB-MG). E Dilma? "Não fez nada. Não cumpriu uma [promessa]. Nenhuma. E virou minha inimiga dois dias depois que foi eleita", declarou.
Durante a entrevista, o político de 57 anos fez inúmeras críticas à presidente e ao governo federal petista. "Ela [Dilma] vive hoje da fama que o Lula tinha nessa área [sindical]. Você pode ver. O discurso dela é: 'Porque o Lula fez, o Lula fez'. Pergunte o que ela fez? Ela não fez coisa nenhuma. Para os trabalhadores, não".
Paulinho cita compromissos que a petista fez durante a campanha eleitoral de 2010 com várias centrais sindicais. Por exemplo, o fim da fórmula conhecida como fator previdenciário para as aposentadorias da iniciativa privada. "Ela se comprometeu junto com o ex-presidente Lula. E não cumpriu coisa nenhuma. Eu não tenho como apoiar alguém que concorda fazer as coisas para os trabalhadores e no outro dia muda de lado. Ela não é minha mãe".
(...)
Uma possibilidade de Paulinho mudar de opinião seria a volta de Luiz Inácio Lula da Silva como candidato. Mas essa saída seria remota. "Se ele falar hoje que é candidato... ele acaba com o governo da Dilma. Se ele não fala e deixa para mais para frente, as pessoas vão assumindo outros compromissos. Então, ele sabe que está inviabilizado". (...)
As oposições em transe
Muito barulho por nada.
As oposições brasileiras continuam sua saga ao infinito, aquele lugar distante que nunca desponta no horizonte.
O senador Aécio Neves já não tem mais como segurar a evidente crise instalada em sua candidatura. Nos jornais mineiros de hoje, vários analistas (a maioria absolutamente alinhada ao senador mineiro) lamentam que a candidatura de Marina esteja minando as pretensões de Aécio. E concluem que já não é segredo para ninguém que seus índices de intenção de voto caem lentamente.
A questão é que Marina parece estar à beira de um ataque de nervos. As chances para registrar sua Rede são cada vez menores, faltando, agora, uma semana para os cartórios autenticarem dezenas de milhares de assinaturas de cidadãos que apoiam a criação de seu partido. Aí, fica a dúvida sobre o que os analistas mineiros estão se referindo concretamente. Seria o temor em relação a um espectro?
Na outra ponta, aparece Eduardo Campos e os partidos recém criados ou na fila para serem criados, já pensando nos dividendos de alianças em 2014. Reproduzo, abaixo, mais um excerto do Porandubas, de Gaudêncio Torquato. A análise sugere problemas na base do socialista pernambucano. Está manobrando para trocar a família Gomes pela ex-prefeita petista de Fortaleza. Ainda não tenho certeza se troca seis por meia dúzia. Os Gomes, como sabemos, gostam de atirar. E ficam ainda mais à vontade quando atiram em que os incomoda (embora atirem a esmo, seja em amigo ou inimigo).
Sobraria a oposição mais à esquerda. Mas você apostaria em algum resultado significativo em 2014?
E la nave va. Esta é a melhor expressão para refletir a caminhada de Dilma. Ou seria a frase do capitão Gregorio De Falco (da Guarda Costeira italiana) ao se dirigir ao capitão Francesco Schettino?
As oposições brasileiras continuam sua saga ao infinito, aquele lugar distante que nunca desponta no horizonte.
O senador Aécio Neves já não tem mais como segurar a evidente crise instalada em sua candidatura. Nos jornais mineiros de hoje, vários analistas (a maioria absolutamente alinhada ao senador mineiro) lamentam que a candidatura de Marina esteja minando as pretensões de Aécio. E concluem que já não é segredo para ninguém que seus índices de intenção de voto caem lentamente.
A questão é que Marina parece estar à beira de um ataque de nervos. As chances para registrar sua Rede são cada vez menores, faltando, agora, uma semana para os cartórios autenticarem dezenas de milhares de assinaturas de cidadãos que apoiam a criação de seu partido. Aí, fica a dúvida sobre o que os analistas mineiros estão se referindo concretamente. Seria o temor em relação a um espectro?
Na outra ponta, aparece Eduardo Campos e os partidos recém criados ou na fila para serem criados, já pensando nos dividendos de alianças em 2014. Reproduzo, abaixo, mais um excerto do Porandubas, de Gaudêncio Torquato. A análise sugere problemas na base do socialista pernambucano. Está manobrando para trocar a família Gomes pela ex-prefeita petista de Fortaleza. Ainda não tenho certeza se troca seis por meia dúzia. Os Gomes, como sabemos, gostam de atirar. E ficam ainda mais à vontade quando atiram em que os incomoda (embora atirem a esmo, seja em amigo ou inimigo).
Sobraria a oposição mais à esquerda. Mas você apostaria em algum resultado significativo em 2014?
E la nave va. Esta é a melhor expressão para refletir a caminhada de Dilma. Ou seria a frase do capitão Gregorio De Falco (da Guarda Costeira italiana) ao se dirigir ao capitão Francesco Schettino?
As bases governista e
oposicionista
A base governista, formada
pela pletora de partidos (cerca de 15), que dá apoio à administração comandada
pela presidente Dilma, tende a ser menor. Calcula-se que partidos insatisfeitos
com o acolhimento dado pelo governo deixarão a base situacionista para se
integrar às bandas das oposições. Duas bandas. Teremos a banda das oposições
tradicionais, formadas principalmente pelo PSDB e pelo DEM, e nova banda, esta
a ser constituída pelos partidos que deixarão o situacionismo, a começar pelo
PSB, com eventual participação de outras siglas. A incógnita fica por conta da
Rede Sustentabilidade, de Marina Silva. Não se sabe se conseguirá formalização
até 5/10. A aprovação do Solidariedade, do Paulinho da Força, e do PROS,
Partido Republicano da Ordem Social, ontem pelo TSE, abre maiores chances para
o partido de Marina.
O affaire Campos
Demorou, demorou, demorou,
mas o governador pernambucano, Eduardo Campos, tomou a decisão : deixar a base
governista. Entregou os cargos do PSB na administração. Lula ainda tentará um
último esforço para segurar o ímpeto de Dudu Beleza. Vai ter mais uma conversa
com ele. Por enquanto, pede que os petistas não entreguem os cargos nos
governos comandados pelo PSB. Tentativa de por panos quentes. Mas o governador
está sendo levado pela onda mais forte do seu partido para o lado da
candidatura própria. E é evidente que, nesse caso, assumirá postura de
oposição. Não se cogitaria de um candidato frapé, café com leite, nem lá, nem
cá. Disputa eleitoral é guerra. A favor e contra.
Estradas de PE
Eis o que pincei de um vídeo
que vi na internet sobre as estradas de PE : "A repórter Roberta Soares e
o fotógrafo Guga Matos, guiados pelo motorista Reginaldo Araújo, pegaram a
estrada durante 22 dias de viagem para constatar essa verdade e mostrá-la no
especial multimídia Descaminhos. Rodaram 10 mil quilômetros, dos 12,5 mil que
compõem a malha rodoviária pernambucana, a quarta maior do Nordeste. Pelas
estradas, descobriu que são muitos os descaminhos de PE. Encontraram um Estado
de rodovias ruins, as Federais e principalmente as estaduais. Um PE ainda sem
inúmeras ligações, que em pleno século 21 deixa parte do seu povo isolado de
tudo, dependendo exclusivamente da fé do nordestino, tão presente e
conformadora no interior mais distante. No percurso, o JC passou por 100 das
142 rodovias estaduais e 11 das 13 estradas Federais existentes no
Estado". Com a palavra, o governador Eduardo Campos.
Aécio em SP
Geraldo Alckmin tentará puxar
a caravana de Aécio Neves em SP. Assim como Beto Richa tentará fazer a mesma
coisa no PR. O mais certo, porém, é apostar que MG dará a maior vantagem ao
mineiro. Massa de votos nada desprezível. MG tem o segundo maior colégio
eleitoral do país, cerca de 15 milhões de votos. Em SP, a campanha ainda terá
certa polarização entre o PSDB e o PT, fenômeno antigo e em final de ciclo. 20
anos de tucanato é muita coisa. E o PT, por sua vez, contará com a rejeição da
classe média paulista, a maior do país. Nessa classe, o PT nunca entrou de
sola, principalmente nos densos colégios eleitorais do interior.
Solas gastas
A polarização entre tucanos e
petistas não se guiará mais pelos caminhos do passado. Tende a ser atenuada
face aos novos tempos. O eleitor parece trilhar a vereda aberta por Nietzsche :
"novos caminhos sigo; uma nova fala me empolga. Não quer mais o meu
espírito caminhar com solas gastas".
Empresários em dúvidas
Na Era Lula, o carismático
líder era um imã. Atraía tudo e todos. Das massas periféricas à elite
empresarial. Hoje, a elite empresarial é simpática a Eduardo Campos. Vê a
presidente Dilma com certa desconfiança. E parece distante de Aécio Neves.
Acham Marina uma flor no pântano.
Mensalão e eleição
Não serão desastrosos os
efeitos do mensalão sobre a eleição. Até lá, estarão metabolizados condimentos,
temperos e produtos que, por anos e meses, frequentaram a mesa das conversas e
debates. Cada ano com suas motivações. Operação BO+BA+CO+CA, essa, sim,
continuará a ditar os rumos da política. Bolso, Barriga, Coração, Cabeça.
Economia indo bem, estômago estará satisfeito; coração ficará agradecido e pede
para a cabeça votar nos patrocinadores do bolso cheio.
Um Papa à la João 23, talvez mais ousado
Comecei a ler o livro de Leonardo Boff cuja capa ilustra esta nota. Um texto simples, cuja organização parece agregar vários pequenos ensaios que se repetem a partir de uma ou duas ideias-força.
Boff traça um paralelo entre Francisco de Assis e o novo Papa.
O primeiro interesse é compreender por qual motivo (não só o aparente) os expoentes da Teologia da Libertação abraçaram o Papa Francisco desde o primeiro minuto. Boff dá as pistas.
Neste livreto o autor insiste nas seguintes semelhanças entre frei e Papa:
a) Voto de pobreza. Boff destaca o primeiro discurso do novo Papa, no dia 16 de março, em que relata o conselho de Cláudio Hummes ("não se esqueça dos pobres"), terminando com uma frase impactante: "como gostaria de uma Igreja pobre e para os pobres";
b) Mas esta identidade não é gratuita e Boff procura politizar esta opção. Para isto, repisa a interpretação que Francisco de Assis teria feito sobre a voz de um santo que lhe orientou para reconstruir a igreja em ruínas. Inicialmente, teria entendido que se tratava da ruína física da pequena e velha igreja de Porciúncula. Contudo, logo percebeu que a voz se referia à Igreja como um todo, em ruína moral. Não se trata de uma tese ingênua ou mesmo apaziguadora. Trata-se de enfrentamento político no interior da Igreja Católica;
c) Boff ressalta, ainda, que como Francisco de Assis, o novo Papa surge da periferia e afeta o centro. Emerge e se impõe sem ruptura;
d) Finalmente, faz uma analogia entre a amizade de Francisco de Assis com Clara de Assis, relaciona o respeito e cuidado entre os dois sexos com o cuidado com a Mãe Terra. Esta relação é clássica e se encontra em muitos discursos religiosos, não só o católico. Este ponto me parece a principal novidade que pode estar por vir com o novo Papado. Ao dizer que não tinha como julgar um homossexual que procurasse estar em paz com Deus, apenas abriu uma porta nesta delicada área da sexualidade e sacerdócio. O desfecho vai mais longe. O jornal El País de 22 de setembro último publicou uma reportagem assinada por Juan Arias em que sustenta que o novo Papa pensa em nomear uma mulher para Cardeal. Papa Francisco já teria dito à revista La Civilità Cattolica que "a Igreja não pode ser ela mesma sem a mulher" e, ainda, que "a Igreja não está completa porque nela falta a mulher". Há 800 anos, lembra a reportagem, as mulheres poderiam ser diaconisas. Hoje, são impedidas. Em outras palavras: esta pode ser o início das reformas ruminadas pelo novo Papa. Não se trata de consagração presbiterial, mas um cargo de conselheiro.
No mês de outubro se anuncia uma carta que Papa Francisco divulgará tendo a opção pelos pobres como tema central.
A tal modernização do catolicismo parece ter começado. Mas como é de bom tom para uma instituição milenar, as mudanças se fazem sem alarde, pela soma de indicações. Ao final, vem o impacto, como um tsunami. Foi assim com João XXIII. Parece que será novamente com Francisco.
Boff traça um paralelo entre Francisco de Assis e o novo Papa.
O primeiro interesse é compreender por qual motivo (não só o aparente) os expoentes da Teologia da Libertação abraçaram o Papa Francisco desde o primeiro minuto. Boff dá as pistas.
Neste livreto o autor insiste nas seguintes semelhanças entre frei e Papa:
a) Voto de pobreza. Boff destaca o primeiro discurso do novo Papa, no dia 16 de março, em que relata o conselho de Cláudio Hummes ("não se esqueça dos pobres"), terminando com uma frase impactante: "como gostaria de uma Igreja pobre e para os pobres";
b) Mas esta identidade não é gratuita e Boff procura politizar esta opção. Para isto, repisa a interpretação que Francisco de Assis teria feito sobre a voz de um santo que lhe orientou para reconstruir a igreja em ruínas. Inicialmente, teria entendido que se tratava da ruína física da pequena e velha igreja de Porciúncula. Contudo, logo percebeu que a voz se referia à Igreja como um todo, em ruína moral. Não se trata de uma tese ingênua ou mesmo apaziguadora. Trata-se de enfrentamento político no interior da Igreja Católica;
c) Boff ressalta, ainda, que como Francisco de Assis, o novo Papa surge da periferia e afeta o centro. Emerge e se impõe sem ruptura;
d) Finalmente, faz uma analogia entre a amizade de Francisco de Assis com Clara de Assis, relaciona o respeito e cuidado entre os dois sexos com o cuidado com a Mãe Terra. Esta relação é clássica e se encontra em muitos discursos religiosos, não só o católico. Este ponto me parece a principal novidade que pode estar por vir com o novo Papado. Ao dizer que não tinha como julgar um homossexual que procurasse estar em paz com Deus, apenas abriu uma porta nesta delicada área da sexualidade e sacerdócio. O desfecho vai mais longe. O jornal El País de 22 de setembro último publicou uma reportagem assinada por Juan Arias em que sustenta que o novo Papa pensa em nomear uma mulher para Cardeal. Papa Francisco já teria dito à revista La Civilità Cattolica que "a Igreja não pode ser ela mesma sem a mulher" e, ainda, que "a Igreja não está completa porque nela falta a mulher". Há 800 anos, lembra a reportagem, as mulheres poderiam ser diaconisas. Hoje, são impedidas. Em outras palavras: esta pode ser o início das reformas ruminadas pelo novo Papa. Não se trata de consagração presbiterial, mas um cargo de conselheiro.
No mês de outubro se anuncia uma carta que Papa Francisco divulgará tendo a opção pelos pobres como tema central.
A tal modernização do catolicismo parece ter começado. Mas como é de bom tom para uma instituição milenar, as mudanças se fazem sem alarde, pela soma de indicações. Ao final, vem o impacto, como um tsunami. Foi assim com João XXIII. Parece que será novamente com Francisco.
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
O bumerangue das ruas, segundo Gaudêncio Torquato
No seu último Porandubas, Gaudêncio faz uma rápida incursão sobre as manifestações de junho. Reproduzo, abaixo, as duas notas a que me refiro.
Sugere que os grupos radicais (como black bloc) teriam intimidado a participação massiva e a continuidade das manifestações. Não acredito. Para quem esteve acompanhando cada passo daqueles dias de junho, ficou nítido que havia um deadline muito nítido desde sempre: o fim da Copa das Confederações. Existia um elemento midiático em tudo, um apelo, certo senso de oportunidade. E, também, houve o esgotamento natural de tanta adrenalina em tão poucos dias. Finalmente, a ausência de comando que, se de um lado é uma novidade positiva que atrai os desorganizados e não iniciados na política, de outro, cria uma zona de instabilidade permanente.
Mas Gaudêncio tem experiência e uma acuidade invejável. Daí não fechar as portas para o imponderável em 2014. Vamos às duas notas:
Sugere que os grupos radicais (como black bloc) teriam intimidado a participação massiva e a continuidade das manifestações. Não acredito. Para quem esteve acompanhando cada passo daqueles dias de junho, ficou nítido que havia um deadline muito nítido desde sempre: o fim da Copa das Confederações. Existia um elemento midiático em tudo, um apelo, certo senso de oportunidade. E, também, houve o esgotamento natural de tanta adrenalina em tão poucos dias. Finalmente, a ausência de comando que, se de um lado é uma novidade positiva que atrai os desorganizados e não iniciados na política, de outro, cria uma zona de instabilidade permanente.
Mas Gaudêncio tem experiência e uma acuidade invejável. Daí não fechar as portas para o imponderável em 2014. Vamos às duas notas:
Folhas soltas ao vento
A imagem é esta : depois do
terremoto, que abalou o edifício, destruindo paredes, despedaçando os andares,
fazendo jorrar cimento e pedra por todos os lados, a paisagem deixa ver
milhares de folhas saindo de gavetas escancaradas, dançando ao vento poluído de
poeira e pousando lentamente sobre os entulhos das ruas. É o cenário nacional
depois do tsunami de junho, que inundou as ruas das grandes e médias cidades
com milhares de pessoas. Onde estão as massas ? Observando uns poucos que ainda
ousam fazer ecoar seu grito. E por que não se motivam a voltar às ruas se os
pleitos e demandas de junho continuam no ar ? Porque temem ser rechaçados por
grupos radicais, cujos braços se voltam para a quebra de lojas e destruição de
ambientes públicos. Os black
blocs são a água que apaga as
chamas da fogueira social. Portanto, propiciam o bumerangue. O Brasil se
encolhe em silêncios. Infelizmente.
Paisagens do amanhã
Não é de todo improvável que
as coisas voltem a acontecer na onda de manifestações calorosas e massivas. É possível
que o animus animandi da população resgate a
participação cívica, cuja inspiração maior era (e é) a de melhorar os padrões
éticos, morais e elevados da política e exigir melhoria da qualidade dos
serviços públicos, a partir dos sistemas de mobilidade urbana. Nas proximidades
eleitorais, as chances de mobilizações pontuais ou mesmo abrangentes são
maiores, em função da motivação para puxões de orelha e recados que o povo quer
dar aos seus representantes. A conferir.
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
Claudio Lembo se soma à Yves Gandra e critica julgamento do mensalão
Da lavra de Yves Gandra e Cláudio Lembo pode sair, pela primeira vez no Brasil, uma direita respeitável. Não esta yuppie de professores universitários de segunda linha ou editores passadistas. Nem cito os carequinhas e fardados de ocasião.
Depois de Yves Gandra sugerir que a sentença, sem provas, contra Zé Dirceu pelo STF seria temerária, agora foi a vez de Cláudio Lembo. Dois juristas, dois paulistas, dois conservadores no estilo quatrocentão paulistano. Talvez seja uma escola de pensamento.
Os mini-carrascos que se encontram nas redes sociais não gostam, obviamente. Mas a democracia se fortalece. Vejam o artigo de Lembo, abaixo:
Depois de Yves Gandra sugerir que a sentença, sem provas, contra Zé Dirceu pelo STF seria temerária, agora foi a vez de Cláudio Lembo. Dois juristas, dois paulistas, dois conservadores no estilo quatrocentão paulistano. Talvez seja uma escola de pensamento.
Os mini-carrascos que se encontram nas redes sociais não gostam, obviamente. Mas a democracia se fortalece. Vejam o artigo de Lembo, abaixo:
O mensalão e a democracia
Os valores culturais formam as nacionalidades. Indicam seus modos de encarar o mundo e reconhecer seus iguais. Em cada sociedade eles se apresentam de maneira singular.
Algumas nacionalidades tendem ao espírito guerreiro. Outras às artes. Muitas atuam em duelos tribais. Umas poucas se dedicam à contemplação do universo. Os brasileiros recolhem muitos destes atributos e acrescentam um traço característico. Todo brasileiro é técnico de futebol. É o que se dizia até passado recente.
Agora, o Brasil profundo, aquele que foi forjado pelo bacharelismo, veio à tona. Com o julgamento do mensalão, todos se voltaram a ser rábulas, práticos da advocacia. A audiência da televisão pública, destinada aos assuntos da Justiça, superou a de todos os demais canais. As sessões do Supremo Tribunal Federal foram assistidas, em silêncio, por multidões. São os adeptos do novo espetáculo. O conflito de posições entre personalidades relevantes do cenário público: os ministros da mais alta Corte do Judiciário.
Há, neste fenômeno, aspectos a serem considerados e merecem reflexão. Certamente, o acontecimento demonstra que a cidadania deseja saber como atua seu Judiciário. Moroso e repleto de jogos de palavras. Outro aspecto se concentra no próprio objeto da causa e em seus personagens, os réus da ação. Quantos temas novos surgiram e como os réus foram expostos sem qualquer reserva. Alteraram-se visões jurisprudenciais remansosas e de longa maturação. Não houve preservação da imagem de nenhum denunciado. Como nos antigos juízos medievais, foram expostos à execração pública.
O silêncio a respeito foi unânime. O princípio da publicidade foi levado ao extremo. Esta transparência permitiu, inclusive, a captação de conflitos verbais entre magistrados.
A democracia se aperfeiçoa mediante o seu exercício continuo. O julgamento do mensalão foi o mais exposto da História política nacional. Foi bom e ao mesmo tempo preocupante. Aprendeu-se a importância do bem viver e os danos pessoais – além das penas privativas da liberdade – à imagem dos integrantes do rol de réus. A lição foi amarga.
Toda a cidadania se manifestou a respeito do julgamento. Os meios de comunicação nem sempre foram imparciais no acompanhamento do importante episódio. Alguns veículos aproveitaram a oportunidade para expor as suas idiossincrasias com agressividade. Aqui, mais uma lição deste julgamento. Seria oportuno um maior equilíbrio na informação. Isto faria bem à democracia e aos autores do noticiário. Equilíbrio e imparcialidade são essenciais para o desenvolvimento de uma boa prática política.
Um ponto ainda a ser considerado. O comportamento dos próprios ministros. Alguns se mostraram agressivamente contrários a determinadas figuras em julgamento. A televisão capta o pensamento íntimo das pessoas. Houve também ministros que bravamente aplicaram a lei de forma impessoal. Foram chamados de legalistas. Bom que assim seja. As concepções contemporâneas do Direito, por vezes, fragilizam a segurança jurídica. Portou-se com destemor o Ministro Enrique Ricardo Lewandowski. Soube suportar posições de confronto com altivez e respeito ao Direito. Terminada sua missão de revisor, surgem as primeiras manifestações favoráveis à sua atuação.
São muitas, pois, a lições recolhidas do julgamento do mensalão, em sua primeira etapa. Os brasileiros, rábulas por ativismo, aguardam ansiosos os novos capítulos.
Não haverá a mesma emoção no futuro. A democracia é exercício. Aprendeu-se muito com as sessões do Supremo Tribunal Federal nestes últimos seis meses, inclusive controlar as animosidades.
"Dirceu foi condenado sem provas"
Finalmente aparece uma voz sensata e fundamentada juridicamente (e não petista) para afirmar o que muitos técnicos e analistas (sei que é cabotino, mas vou me incluir neste rol) já dizem há algum tempo: não foram apresentadas provas contra José Dirceu no STF.
Yves Gandra Martins, jurista reconhecido como de direita (alguns destacam seus vínculos com a Opus Dei), alerta para o risco que esta leitura heterodoxa do "domínio de fato" gera ao cidadão e à democracia.
Assim se constrói a democracia: os embates ideológicos são necessários. Mas existe uma linha invisível que une os polos deste conflito político que é a base de convivência humana. Sem este respeito, o melhor é esquecer o Estado e o direito. É daí que nasce a observação de Martins.
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
O ex-ministro José Dirceu foi condenado sem provas. A teoria do domínio do fato foi adotada de forma inédita pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para condená-lo.
Sua adoção traz uma insegurança jurídica "monumental": a partir de agora, mesmo um inocente pode ser condenado com base apenas em presunções e indícios.
Quem diz isso não é um petista fiel ao principal réu do mensalão. E sim o jurista Ives Gandra Martins, 78, que se situa no polo oposto do espectro político e divergiu "sempre e muito" de Dirceu.
Com 56 anos de advocacia e dezenas de livros publicados, inclusive em parceria com alguns ministros do STF, Gandra, professor emérito da Universidade Mackenzie, da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e da Escola Superior de Guerra, diz que o julgamento do escândalo do mensalão tem dois lados.
Um deles é positivo: abre a expectativa de "um novo país" em que políticos corruptos seriam punidos.
O outro é ruim e perigoso pois a corte teria abandonado o princípio fundamental de que a dúvida deve sempre favorecer o réu.
*
Folha - O senhor já falou que o julgamento teve um lado bom e um lado ruim. Vamos começar pelo primeiro.
Ives Gandra Martins - O povo tem um desconforto enorme. Acha que todos os políticos são corruptos e que a impunidade reina em todas as esferas de governo. O mensalão como que abriu uma janela em um ambiente fechado para entrar o ar novo, em um novo país em que haveria a punição dos que praticam crimes. Esse é o lado indiscutivelmente positivo. Do ponto de vista jurídico, eu não aceito a teoria do domínio do fato.
Ives Gandra Martins - O povo tem um desconforto enorme. Acha que todos os políticos são corruptos e que a impunidade reina em todas as esferas de governo. O mensalão como que abriu uma janela em um ambiente fechado para entrar o ar novo, em um novo país em que haveria a punição dos que praticam crimes. Esse é o lado indiscutivelmente positivo. Do ponto de vista jurídico, eu não aceito a teoria do domínio do fato.
Por quê?
Com ela, eu passo a trabalhar com indícios e presunções. Eu não busco a verdade material. Você tem pessoas que trabalham com você. Uma delas comete um crime e o atribui a você. E você não sabe de nada. Não há nenhuma prova senão o depoimento dela -e basta um só depoimento. Como você é a chefe dela, pela teoria do domínio do fato, está condenada, você deveria saber. Todos os executivos brasileiros correm agora esse risco. É uma insegurança jurídica monumental. Como um velho advogado, com 56 anos de advocacia, isso me preocupa. A teoria que sempre prevaleceu no Supremo foi a do "in dubio pro reo" [a dúvida favorece o réu].
Com ela, eu passo a trabalhar com indícios e presunções. Eu não busco a verdade material. Você tem pessoas que trabalham com você. Uma delas comete um crime e o atribui a você. E você não sabe de nada. Não há nenhuma prova senão o depoimento dela -e basta um só depoimento. Como você é a chefe dela, pela teoria do domínio do fato, está condenada, você deveria saber. Todos os executivos brasileiros correm agora esse risco. É uma insegurança jurídica monumental. Como um velho advogado, com 56 anos de advocacia, isso me preocupa. A teoria que sempre prevaleceu no Supremo foi a do "in dubio pro reo" [a dúvida favorece o réu].
O domínio do fato é novidade absoluta no Supremo. Nunca houve essa teoria. Foi inventada, tiraram de um autor alemão, mas também na Alemanha ela não é aplicada. E foi com base nela que condenaram José Dirceu como chefe de quadrilha [do mensalão]. Aliás, pela teoria do domínio do fato, o maior beneficiário era o presidente Lula, o que vale dizer que se trouxe a teoria pela metade.
O domínio do fato e o "in dubio pro reo" são excludentes?
Não há possibilidade de convivência. Se eu tiver a prova material do crime, eu não preciso da teoria do domínio do fato [para condenar].
Não há possibilidade de convivência. Se eu tiver a prova material do crime, eu não preciso da teoria do domínio do fato [para condenar].
E no caso do mensalão?
Eu li todo o processo sobre o José Dirceu, ele me mandou. Nós nos conhecemos desde os tempos em que debatíamos no programa do Ferreira Netto na TV [na década de 1980]. Eu me dou bem com o Zé, apesar de termos divergido sempre e muito. Não há provas contra ele. Nos embargos infringentes, o Dirceu dificilmente vai ser condenado pelo crime de quadrilha.
Eu li todo o processo sobre o José Dirceu, ele me mandou. Nós nos conhecemos desde os tempos em que debatíamos no programa do Ferreira Netto na TV [na década de 1980]. Eu me dou bem com o Zé, apesar de termos divergido sempre e muito. Não há provas contra ele. Nos embargos infringentes, o Dirceu dificilmente vai ser condenado pelo crime de quadrilha.
O "in dubio pro reo" não serviu historicamente para justificar a impunidade?
Facilita a impunidade se você não conseguir provar, indiscutivelmente. O Ministério Público e a polícia têm que ter solidez na acusação. É mais difícil. Mas eles têm instrumentos para isso. Agora, num regime democrático, evita muitas injustiças diante do poder. A Constituição assegura a ampla defesa -ampla é adjetivo de uma densidade impressionante. Todos pensam que o processo penal é a defesa da sociedade. Não. Ele objetiva fundamentalmente a defesa do acusado.
Facilita a impunidade se você não conseguir provar, indiscutivelmente. O Ministério Público e a polícia têm que ter solidez na acusação. É mais difícil. Mas eles têm instrumentos para isso. Agora, num regime democrático, evita muitas injustiças diante do poder. A Constituição assegura a ampla defesa -ampla é adjetivo de uma densidade impressionante. Todos pensam que o processo penal é a defesa da sociedade. Não. Ele objetiva fundamentalmente a defesa do acusado.
E a sociedade?
A sociedade já está se defendendo tendo todo o seu aparelho para condenar. O que nós temos que ter no processo democrático é o direito do acusado de se defender. Ou a sociedade faria justiça pelas próprias mãos.
A sociedade já está se defendendo tendo todo o seu aparelho para condenar. O que nós temos que ter no processo democrático é o direito do acusado de se defender. Ou a sociedade faria justiça pelas próprias mãos.
Discutiu-se muito nos últimos dias sobre o clamor popular e a pressão da mídia sobre o STF. O que pensa disso?
O ministro Marco Aurélio [Mello] deu a entender, no voto dele [contra os embargos infringentes], que houve essa pressão. Mas o próprio Marco Aurélio nunca deu atenção à mídia. O [ministro] Gilmar Mendes nunca deu atenção à mídia, sempre votou como quis.
O ministro Marco Aurélio [Mello] deu a entender, no voto dele [contra os embargos infringentes], que houve essa pressão. Mas o próprio Marco Aurélio nunca deu atenção à mídia. O [ministro] Gilmar Mendes nunca deu atenção à mídia, sempre votou como quis.
Eles estão preocupados, na verdade, com a reação da sociedade. Nesse caso se discute pela primeira vez no Brasil, em profundidade, se os políticos desonestos devem ou não ser punidos. O fato de ter juntado 40 réus e se transformado num caso político tornou o julgamento paradigmático: vamos ou não entrar em uma nova era? E o Supremo sentiu o peso da decisão. Tudo isso influenciou para a adoção da teoria do domínio do fato.
Algum ministro pode ter votado pressionado?
Normalmente, eles não deveriam. Eu não saberia dizer. Teria que perguntar a cada um. É possível. Eu diria que indiscutivelmente, graças à televisão, o Supremo foi colocado numa posição de muitas vezes representar tudo o que a sociedade quer ou o que ela não quer. Eles estão na verdade é na berlinda. A televisão põe o Supremo na berlinda. Mas eu creio que cada um deles decidiu de acordo com as suas convicções pessoais, em que pode ter entrado inclusive convicções também de natureza política.
Normalmente, eles não deveriam. Eu não saberia dizer. Teria que perguntar a cada um. É possível. Eu diria que indiscutivelmente, graças à televisão, o Supremo foi colocado numa posição de muitas vezes representar tudo o que a sociedade quer ou o que ela não quer. Eles estão na verdade é na berlinda. A televisão põe o Supremo na berlinda. Mas eu creio que cada um deles decidiu de acordo com as suas convicções pessoais, em que pode ter entrado inclusive convicções também de natureza política.
Foi um julgamento político?
Pode ter alguma conotação política. Aliás o Marco Aurélio deu bem essa conotação. E o Gilmar também. Disse que esse é um caso que abala a estrutura da política. Os tribunais do mundo inteiro são cortes políticas também, no sentido de manter a estabilidade das instituições. A função da Suprema Corte é menos fazer justiça e mais dar essa estabilidade. Todos os ministros têm suas posições, políticas inclusive.
Pode ter alguma conotação política. Aliás o Marco Aurélio deu bem essa conotação. E o Gilmar também. Disse que esse é um caso que abala a estrutura da política. Os tribunais do mundo inteiro são cortes políticas também, no sentido de manter a estabilidade das instituições. A função da Suprema Corte é menos fazer justiça e mais dar essa estabilidade. Todos os ministros têm suas posições, políticas inclusive.
Isso conta na hora em que eles vão julgar?
Conta. Como nos EUA conta. Mas, na prática, os ministros estão sempre acobertados pelo direito. São todos grandes juristas.
Conta. Como nos EUA conta. Mas, na prática, os ministros estão sempre acobertados pelo direito. São todos grandes juristas.
Como o senhor vê a atuação do ministro Ricardo Lewandowski, relator do caso?
Ele ficou exatamente no direito e foi sacrificado por isso na população. Mas foi mantendo a postura, com tranquilidade e integridade. Na comunidade jurídica, continua bem visto, como um homem com a coragem de ter enfrentado tudo sozinho.
Ele ficou exatamente no direito e foi sacrificado por isso na população. Mas foi mantendo a postura, com tranquilidade e integridade. Na comunidade jurídica, continua bem visto, como um homem com a coragem de ter enfrentado tudo sozinho.
E Joaquim Barbosa?
É extremamente culto. No tribunal, é duro e às vezes indelicado com os colegas. Até o governo Lula, os ministros tinham debates duros, mas extremamente respeitosos. Agora, não. Mudou um pouco o estilo. Houve uma mudança de perfil.
É extremamente culto. No tribunal, é duro e às vezes indelicado com os colegas. Até o governo Lula, os ministros tinham debates duros, mas extremamente respeitosos. Agora, não. Mudou um pouco o estilo. Houve uma mudança de perfil.
Em que sentido?
Sempre houve, em outros governos, um intervalo de três a quatro anos entre a nomeação dos ministros. Os novos se adaptavam à tradição do Supremo. Na era Lula, nove se aposentaram e foram substituídos. A mudança foi rápida. O Supremo tinha uma tradição que era seguida. Agora, são 11 unidades decidindo individualmente.
Sempre houve, em outros governos, um intervalo de três a quatro anos entre a nomeação dos ministros. Os novos se adaptavam à tradição do Supremo. Na era Lula, nove se aposentaram e foram substituídos. A mudança foi rápida. O Supremo tinha uma tradição que era seguida. Agora, são 11 unidades decidindo individualmente.
E que tradição foi quebrada?
A tradição, por exemplo, de nunca invadir as competências [de outro poder] não existe mais. O STF virou um legislador ativo. Pelo artigo 49, inciso 11, da Constituição, Congresso pode anular decisões do Supremo. E, se houver um conflito entre os poderes, o Congresso pode chamar as Forças Armadas. É um risco que tem que ser evitado. Pela tradição, num julgamento como o do mensalão, eles julgariam em função do "in dubio pro reo". Pode ser que reflua e que o Supremo volte a ser como era antigamente. É possível que, para outros [julgamentos], voltem a adotar a teoria do "in dubio pro reo".
A tradição, por exemplo, de nunca invadir as competências [de outro poder] não existe mais. O STF virou um legislador ativo. Pelo artigo 49, inciso 11, da Constituição, Congresso pode anular decisões do Supremo. E, se houver um conflito entre os poderes, o Congresso pode chamar as Forças Armadas. É um risco que tem que ser evitado. Pela tradição, num julgamento como o do mensalão, eles julgariam em função do "in dubio pro reo". Pode ser que reflua e que o Supremo volte a ser como era antigamente. É possível que, para outros [julgamentos], voltem a adotar a teoria do "in dubio pro reo".
Por que o senhor acha isso?
Porque a teoria do domínio do fato traz insegurança para todo mundo.
Porque a teoria do domínio do fato traz insegurança para todo mundo.
sábado, 21 de setembro de 2013
Esgotamento do estatal-desenvolvimentismo?
Hoje, no Estadão, Nelson Barbosa (ex-Secretário Executivo do Ministério da Fazenda, na foto) afirma que enfrentaremos, nos próximos anos, os efeitos da inflação represada, alto custo dos empréstimos dos bancos estatais e possível depressão do valor do real.
O mais importante de seu diagnóstico, contudo, é sobre os mecanismos anticíclicos construídos pelo lulismo nos últimos anos:
Sua avaliação é que a dívida bruta vem crescendo e que o governo já percebeu a necessidade de ajuste, reduzindo os financiamentos com recursos do Tesouro. A emissão de bônus do Tesouro para bancar expansão de crédito bancário teria atingido um teto preocupante (o volume de crédito dos bancos estatais teria saído de 1% do PIB, em 2008, para os 9% atuais).
Apesar desta leitura, a avaliação de Barbosa, ao contrário de certa expectativa pessimista de outros especialistas, é que a inflação convergirá para o centro da meta (4,5%) em 2015. Antes, contudo, haverá correção do preço de serviços públicos, como preço de combustível, eletricidade e transporte público (sua sugestão é que há disparidade de inflação entre os preço livres, que estaria em 7,5%, e controlados, com inflação embutida de 1,5%). A taxa SELIC, então, cairá.
É aí que a conta não parece fechar. Se a taxa de inflação convergirá para o centro em 2015, depois de um forte choque de alinhamento de preços (e repique inflacionário), quando este choque ocorrerá? Em pleno ano eleitoral?
Finalmente: o ex-secretário estaria sugerindo que o modelito estatal desenvolvimentista lulista se esgotou ou trata-se de um mero ajuste de percurso?
O mais importante de seu diagnóstico, contudo, é sobre os mecanismos anticíclicos construídos pelo lulismo nos últimos anos:
Estimular a econômica por meio de créditos do BNDES e Caixa Econômica Federal foi útil para enfrentar a crise, mas em algum ponto isso tem que terminar.
Sua avaliação é que a dívida bruta vem crescendo e que o governo já percebeu a necessidade de ajuste, reduzindo os financiamentos com recursos do Tesouro. A emissão de bônus do Tesouro para bancar expansão de crédito bancário teria atingido um teto preocupante (o volume de crédito dos bancos estatais teria saído de 1% do PIB, em 2008, para os 9% atuais).
Apesar desta leitura, a avaliação de Barbosa, ao contrário de certa expectativa pessimista de outros especialistas, é que a inflação convergirá para o centro da meta (4,5%) em 2015. Antes, contudo, haverá correção do preço de serviços públicos, como preço de combustível, eletricidade e transporte público (sua sugestão é que há disparidade de inflação entre os preço livres, que estaria em 7,5%, e controlados, com inflação embutida de 1,5%). A taxa SELIC, então, cairá.
É aí que a conta não parece fechar. Se a taxa de inflação convergirá para o centro em 2015, depois de um forte choque de alinhamento de preços (e repique inflacionário), quando este choque ocorrerá? Em pleno ano eleitoral?
Finalmente: o ex-secretário estaria sugerindo que o modelito estatal desenvolvimentista lulista se esgotou ou trata-se de um mero ajuste de percurso?
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
Aécio acerta e Marina parece naufragar
Soou o gongo para a formalização do novo partido de Marina Silva. Como o Palácio do Planalto afirmava à boca pequena, parece cada vez mais nítido que não haverá tempo para a formalização da Rede neste ano. Mesmo que ainda ocorresse, nasceria muito debilitado, dificultando a candidatura à Presidência da República. Marina poderia, assim, repetir em dimensão nacional o feito de Russomanno.
A ironia fina da história recente da política tupiniquim é que justamente o cavalo paraguaio até aqui deu uma dentro e Marina sai, finalmente, ferida.
Aécio Neves acertou o discurso. Agora foca na autonomia do trabalhador (o micro empreendedor individual) como contraponto à tutela das políticas de transferência de renda. Um discurso inteligente e que politiza a disputa eleitoral. A questão é se os problemas que levam Aécio ao terceiro ou quarto lugar no ranking de intenções de votos para 2014 (até aqui) podem ser superados com este acerto discursivo. Ou, ainda, se as dificuldades de Marina abrirão o caminho para a polarização PT-PSDB.
A ironia fina da história recente da política tupiniquim é que justamente o cavalo paraguaio até aqui deu uma dentro e Marina sai, finalmente, ferida.
Aécio Neves acertou o discurso. Agora foca na autonomia do trabalhador (o micro empreendedor individual) como contraponto à tutela das políticas de transferência de renda. Um discurso inteligente e que politiza a disputa eleitoral. A questão é se os problemas que levam Aécio ao terceiro ou quarto lugar no ranking de intenções de votos para 2014 (até aqui) podem ser superados com este acerto discursivo. Ou, ainda, se as dificuldades de Marina abrirão o caminho para a polarização PT-PSDB.
Ataque às organizações de professores mexicanos
LLAMADO DE EXTREMA URGENCIA DESDE MÉXICO
A las organizaciones de la Coalición Trinacional en Defensa de la Educación Pública.
A las compañeras y compañeras de la RED SOCIAL PARA LA EDUCACIÓN PÚBLICA DE LAS AMÉRICAS.
El día 13 de septiembre con un despliegue masivo de policías federales y granaderos el gobierno de Enrique Peña Nieto, reprimió a los maestros y maestras para desalojarlos de la plaza central de la Ciudad de México (Zócalo). Se ha desatado la campaña de terror, para desestabilizar al movimiento y preparar el terreno para la represión generalizada en todos los estados de la República en la que el magisterio se encuentra luchando.
El gobierno del presidente Peña Nieto, mintió, engañó e impuso leyes que despojan de sus derechos a maestras y maestros y que desconoce a la organización sindical y sus condiciones pactadas.
Ante la gravedad de la situación y ante esta nueva agresión, hacemos un llamado URGENTE para que acudan a las embajadas y consulados de México en sus países, a exigir al gobierno mexicano el cese de la represión a los profesores y profesoras de la Coordinadora Nacional de Trabajadores de la Educación, así como solicitar la solución inmediata de sus demandas: abrogación de leyes que los despojan de sus derechos laborales y la apertura de un verdadero diálogo nacional para una Reforma educativa que atienda las necesidades del pueblo de México.
Las cartas deberán ser dirigidas a:
LIC. ENRIQUE PEÑA NIETO
Presidente Constitucional de los Estados Unidos Mexicanos
LIC. OSORIO CHONG MIGUEL ANGEL
Secretario de Estado
LIC. CHUAYFFET CHEMOR EMILIO
Secretaria de Educación Pública
Le solicitamos, envíen copia a seccionmexicana.coali@gmail.com,
a la maestra Graciela Rangel de Michoacán sección XVIII: rasagas@live.com
y al Profesor Eligio Hernández de Oaxaca XXII: eligiogonzalez@hotmail.com
Mariluz Arriaga Lemus
Cordial saludo,Orlando Pulido ChavesCoordinador General
Foro Latinoamericano de Políticas Educativas -FLAPE-
Corporación Viva la Ciudadanía
Calle 54 No. 10-81 Piso 7
Tel (57-1) 3480781- 3107052
Celular: (57) 310 811 93 04
Bogotá D.C., Colombia
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39 obras de Hannah Arendt, Adorno, Benjamin e Habermas disponíveis para download
39 obras de Hannah Arendt, Adorno, Benjamin e Habermas disponíveis para download [Revista Biografia]
39 obras de Hannah Arendt, Adorno, Benjamin, Habermas e disponíveis para download
Hannah Arendt. Nascida em Hannover, na Alemanha, em 14 de outubro de 1906, de origem judaica, foi batizada como Johanna Arendt. Tendo perdido o pai com sete anos incompletos, mostrou-se precoce ao tentar consolar sua mãe, Martha Arendt: "Pense - isso acontece com muitas mulheres", teria dito a menina, para espanto da viúva. Recebeu da mãe, que tinha simpatia por ideias da social-democracia, uma educação marcadamente liberal. Ainda na adolescência, teve contato com a obra de Kant. Aos dezessete anos, abandonou a escola por questões disciplinares. Transferiu-se para Berlim, onde estudou teologia e a filosofia do dinamarquês Soren Kierkegaard. Em 1924, passou a frequentar a universidade de Marburg. Ali permaneceu um ano, durante o qual assistiu aulas de Filosofia com Martin Heidegger - com quem manteve, em seguida, um relacionamento amoroso complicado - e Nicolai Hartmann; teologia protestante com Rudolf Bultmann; e grego. Arendt formou-se em Filosofia em Heidelberg.
Em 1929, época da recessão mundial provocada pela quebra da Bolsa de Nova York, Arendt mudouse para Berlim, com uma bolsa de estudos. Com a ascensão do nazismo ao poder, em 1933, ela foi para a capital francesa, onde conheceu grandes intelectuais, a exemplo do filósofo e escritor Walter Benjamin. Na ocasião, trabalhou como secretária da baronesa Rotschild, de uma tradicional família de banqueiros.
Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando o governo da França cooperou com os invasores alemães, a judia Hannah foi mandada a um campo de concentração, como "estrangeira suspeita". Todavia, conseguiu fugir para Nova York, onde chegou em 1941.
Exilada e apátrida (perdeu a nacionalidade alemã), permaneceu dez anos sem direitos políticos, obtendo a cidadania estadunidense em 1951. Nos Estados Unidos, Hannah trabalhou em várias organizações judaicas e editoras, como a Schoken Books, tendo escrito também para o periódico Weekly Aufba. Naquele país, ela desenvolveu efetivamente sua carreira acadêmica, contratada em 1963 pela Universidade de Chicago. No ano seguinte, entraria para a American Academy of Arts and Letters. Em Chicago, Arendt foi professora até 1967, quando se transferiu para Nova York, dando aulas na New School of Social Research. Faleceu em 4 de dezembro de 1975.
***
Este renomado intelectual alemão, Theodor Ludwig Wiesengrund-Adorno, nascido em Frankfurt, no dia 11 de setembro de 1903, formou-se em filosofia, sociologia, psicologia, e tornou-se também musicólogo e compositor, graduando-se na Universidade de Frankfurt. Posteriormente fundou, ao lado de Max Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse e Jürgen Habermas, entre outros, a célebre Escola de Frankfurt.
Seu pai, Oscar Alexander Wiesengrund, era um alemão de procedência judaica, porém convertido à religião protestante, enquanto sua mãe, a italiana Maria Bárbara Calvelli-Adorno, dedicava-se à música erudita e professava o catolicismo. Mais tarde o filho adota o sobrenome materno, passando a ser conhecido como Theodor W. Adorno.
Sua formação musical foi, em parte, realizada com sua meia-irmã pelo lado de mãe, Agathe, primorosa pianista. Além de se sobressair nos estudos desenvolvidos no Kaiser-Wilhelm-Gymnasium, freqüentou um curso particular com o compositor Bernhard Sekles e tornou-se especialista no filósofo Immanuel Kant, graças às aulas oferecidas por seu camarada Siegfried Kracauer, um ‘expert’ na Sociologia do Conhecimento.
O empenho intelectual de Adorno o levou a defender, já em 1924, sua tese sobre a fenomenologia de Edmund Husserl. Antes mesmo de se formar ele se torna amigo de Walter Benjamin e de Max Horkheimer, seus futuros companheiros de militância intelectual e política. Sua trajetória intelectual tem início em 1933, quando lança sua tese sobre Kierkegaard. Outro contato importante no universo filosófico é com o principiante Lukács, em 1925. As primeiras publicações deste filósofo alemão – A Teoria do Romance e História e Consciência de Classe -, mais tarde rejeitadas por ele, para completa desilusão de Adorno, influenciam profundamente sua produção acadêmica, sustentando seus ideais e os rumos de sua mente brilhante. Benjamin também deixa marcas fundamentais no pensamento adorniano, que se identifica plenamente com os conceitos desenvolvidos pelo amigo.
Futuro crítico contundente dos meios de comunicação de massa, ele percebe, nos seus anos de exílio nos Estados Unidos, serem eles peças essenciais da engrenagem que alicerça a indústria cultural. Esta criação do Capitalismo molda a mentalidade dos que a ela aderem inconscientemente, semeando o conformismo e a resignação na população que se encontra inerte diante de um sistema implacável que desfigura a essência do ser.
Adorno foi mais um dos adeptos da Escola de Frankfurt que, durante o processo de nazificação da Alemanha, foi obrigado a se refugiar na América, por ser de ascendência judaica e também por sua vocação para o socialismo. Depois de uma passagem pela Suíça, ele atendeu a um convite de Horkheimer para trabalhar na Universidade de Princeton. Sua impressão sobre os Estados Unidos não foi das melhores. Sofisticado intelectual europeu, incomodou-o profundamente o ar de uniformização presente em tudo, a despeito dos conceitos norte-americanos de individualidade e do cultivo das diferenças.
Este universo regido pelos interesses, pelo lucro e pelas conveniências o levou a uma reflexão mais atenta sobre a massificação da cultura. Inclinado a compreender esse paradoxo americano, ele estuda a fundo a mídia dos EUA, e descobre sob a aparente liberdade apregoada pelo ‘American Way of Life’, uma ideologia padronizada que a tudo perpassa, com a intenção de sujeitar a massa apática, induzindo-a ao consumismo e à submissão ao sistema.
Com o término da Segunda Guerra, Adorno professa a volta do Instituto de Pesquisa Social para Frankfurt, juntamente com seus membros. Após a aposentadoria de Horkheimer, Adorno assume sua diretoria, na década de 50. Pouco antes de sua morte, em 6 de agosto de 1969, ele assumiu uma posição controvertida diante dos rebeldes do movimento estudantil que, em 31 de janeiro deste mesmo ano, pretendiam suspender sua aula para darem seqüência aos protestos que se espalhavam pelas ruas da Europa. Surpreendentemente ele recorreu á polícia para reprimir as manifestações, o que causou um mal-estar entre ele e os estudantes, além de o contrapor ao seu antigo companheiro, Marcuse, que se aliara aos alunos nos movimentos que se alastravam pelo continente europeu. Adorno parte sentindo-se aviltado pelos adeptos de uma esquerda para ele considerada ultra-radical.
***
Walter Benjamin
Walter Benedix Schönflies Benjamin nasceu no seio de uma família judaica, filho de Emil Benjamin e Paula Schönflies Benjamin, comerciantes. Na adolescência, participou do Movimento da Juventude Livre Alemã, de tendência socialista.
Em 1915, conhece o filósofo e historiador Gerschom Gerhard Scholem, de quem se torna grande amigo.
Após estudar filosofia na Universidade Freiburg im Breisgau, doutorou-se pela Universidade Bern, em 1919, com a tese O conceito de crítica de arte no romantismo alemão.
Com a ascensão do nazismo ao poder, Benjamin, já balado por dificuldades materiais, exilou-se em Paris, em 1935.
Com a invasão da França pelos alemães, em 1940, juntou-se a um grupo de refugiados que tentava a fuga pelos Pireneus. Detido na fronteira pela polícia espanhola, que ameaçou entregar o grupo à Gestapo, Benjamin suicidou-se. No dia seguinte, contudo, as autoridades permitiram a passagem do grupo.
Crítico de idéias e fatos
Walter Benjamin é considerado um dos mais importantes pensadores modernos. Em vida, seus escritos não alcançaram repercussão, embora ele já fosse respeitado em alguns círculos, conseguindo o estímulo decisivo de filósofos como Ernst Bloch e T. W. Adorno.
Adorno, aliás, responsável pela edição póstuma das obras de Benjamin, considerou-o antes de tudo como um filósofo que teria tentado subtrair-se ao pensamento classificatório, filosofando contra a filosofia.
Adorno, aliás, responsável pela edição póstuma das obras de Benjamin, considerou-o antes de tudo como um filósofo que teria tentado subtrair-se ao pensamento classificatório, filosofando contra a filosofia.
O que mais interessa na obra crítica de Benjamin é a abordagem de temas concretos da literatura, da arte, das técnicas, da vida social, etc., sem abandono do rigor conceitual. Benjamin é, por isso, além de filósofo, um crítico de ideias e fatos.
Os escritos de Benjamin ficaram esparsos em periódicos e só três livros foram por ele publicados em vida. Além de sua tese de doutoramento, publicou uma tese reabilitando o barroco alemão (Origem da tragédia alemã) e um volume de ensaios e reflexões (Rua de mão única), ambos em 1928.
Entre seus ensaios destacam-se "As afinidades eletivas de Goethe", "Sobre alguns temas em Baudelaire", "Teses sobre filosofia da história", "Paris, capital do século 19" e "A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica".
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Jürgen Habermas. Um dos mais importantes filósofos alemães do século XX, nasceu em Gummersbach, a 18 de Junho de 1929. Fez cursos de filosofia, história e literatura, interessou-se pela psicologia e economia (Universidades de de Gotingen- com Nicolai Harttman-, de Zurique e de Bona). Em 1954 doutorou-se em filosofia na universidade de Bona. Estudou com Adorno e foi assistente no Instituto de Investigação Social de Frankfurt am Main (1956-1959). Em 1961 obtém licença para ensinar (Universidade de Marburg) e, em seguida, é nomeado professor extraordinário de filosofia da Universidade de Heidelberg (1961-1964), onde ensinava Hans Geor Gadamer. Foi nomeado depois professor titular de filosofia e sociologia da Universidade de Frankfurt am Main (1964-1971). Desde 1971 é co-director do Instituto Max Plank para a Investigação das Condições de Vida do Mundo Técnico-Científico, em Starnberg.
Habermas foi durante os anos 60 um dos principais teóricos e depois crítico do movimento estudantil. É considerado um dos últimos representantes da escola de Frankfurt.
Apesar da enorme complexidade do pensamento de Habermas, é possível descobrir algumas constantes:
1. Ao longo da sua vastíssima obra, tem procurado de criar uma teoria crítica social assente numa teoria da sociedade
2. Assumindo-se como um dos defensores da modernidade, procura igualmente criar uma teoria da razão que inclua teoria e prática, o mesmo é dizer, uma teoria que seja ao mesmo tempo justificativa e explicativa.
3.A noção de interesse é nuclear no seu pensamento. Habermas parte do pressuposto que todo o conhecimento é induzido ou dirigido por interesses. Mas ao contrário das Karl Marx não o reduz o conhecimento à esfera da produção, onde seria convertido em ideologia. Nem reduz os conflitos de interesses à luta de classes. A sua noção de interesse é muito ampla. Os interesses surgem de problemas que a humanidade enfrenta e a que tem que dar resposta. Os interesses são estruturados por processos de aprendizagem e compreensão mútua. É neste contexto que Habermas afirma o princípio da racionalidade dos interesses. Distingue três grandes tipos de interesses, segundo um hierarquia algo peculiar: a)técnicos; b) comunicativos; c) emancipatórios.
Os interesses técnicos surgem do desejo de domínio e controlo da natureza. Tratam-se de interesses técnicos na medida em que a tecnologia se apoia ou está ligada à ciência. Todo o conhecimento científico enquadra-se nesta esfera de interesses.
Os interesses comunicativos levam os membros duma sociedade a entenderem-se (e às vezes a não entenderem-se) com outros membros da mesma da mesma comunidade, o que origina entendimentos e desentendimentos entre as várias comunidades. Nesta esfera de interesses estão as chamadas ciências do espírito (ciências humanísticas, culturais, etc).
Os interesses emancipatórios ou libertadores estão ligados à auto-reflexão que permite estabelecer modos de comunicação entre os homens tornando razoáveis as suas interpretações. Estes interesses estão ligados à reflexão, às ciências críticas (teorias sociais), e pelo menos em parte, ao pensamento filosófico. Esta auto-reflexão pode converter-se numa ciência, como ocorre com a psicanálise e a crítica das ideologias, mas uma ciência que é capaz transformar as outras ciências. O interesse emancipatório resulta de ser um interesse justificador, explicativo enquanto justificador.
4.A auto-reflexão individual é inseparável da educação social, e ambas são aspectos de emancipação social e humana. As decisões (práticas) são encaradas como actos racionais, onde não é possível separar a teoria da prática.
5. Todo o seu pensamento aponta, assim, para uma auto-reflexão do espécie humana, cuja história natural nos vai dando conta dos níveis de racionalidade que a mesma atinge.
Para fazer o download das obras clique no link abaixo:
Adorno, Benjamin, Habermas e Hannah Arendt
Fontes:http://afilosofia.no.sapo.pt/habermas1.htm
http://educacao.uol.com.br/biografias/walter-benjamin.jhtm
Arquivo Kronos
http://filosofia.uol.com.br/
http://www.infoescola.com/biografias/theodor-adorno/
Adorno, Benjamin, Habermas e Hannah Arendt
Fontes:http://afilosofia.no.sapo.pt/habermas1.htm
http://educacao.uol.com.br/biografias/walter-benjamin.jhtm
Arquivo Kronos
http://filosofia.uol.com.br/
http://www.infoescola.com/biografias/theodor-adorno/
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