domingo, 8 de setembro de 2013

7 de Setembro: as manifestações de salto alto

As manifestações de ontem foram reveladoras. A marca central foi a violência. Em termos quantitativos, foram pouco significativas. Tiveram organizações e convocatórias distintas ao longo do país. Em algumas localidades, organizações clássicas envolvidas com o Grito dos Excluídos. Em outros, os Anonymous. Em outras, organizações locais, focadas em questões específicas como crítica às obras da Copa ou transporte e mobilidade urbana.
Mas o Anonymous tentou furar a fila em vários lugares. Resolveu quebrar uma espécie de acordo tácito e tentaram assumir a liderança das manifestações. No facebook anunciaram o "maior protesto da  história do Brasil", com mais de 400 mil confirmações em eventos em 149 cidades até a tarde de sexta-feira. Quebraram a cara.
Como não deu na rua, foram para os sites. Conseguiram hackear, na hora do almoço, os sites das PMs do RJ e DF. Já haviam feito o mesmo com o site do PMDB. No twitter distribuíram um viral: "antes que eles comecem com porrada, vamos começar a nossa".

Reproduzo os balanços das manifestações registradas na grande imprensa entre 14h00 e 17h00. É possível ver um padrão de ação, tanto dos manifestantes, quanto das PMs:

FLORIANÓPOLIS. Vários manifestantes mascarados chegam ao centro da cidade pouco depois das 14h00. A Avenida Beira Mar Norte foi fechada por black blocs, mas foi pouco percebida em função do feriado e, portanto, da baixa circulação de veículos.

BRASÍLIA. Vários registros de prisões e confrontos esparsos pela manhã. Após o almoço, manifestantes furam o bloqueio da PM que os impediam a rumar para o estádio Mané Garrincha (onde o Brasil jogaria contra a Austrália, em jogo amistoso). Uma tentativa de invasão da sede da rede Globo é contida pela PM, que prende um manifestante. Próximo ao estádio, começa um confronto: PM joga spray de pimenta gerando tumulto; polícias e manifestantes se atracam próximo do Conjunto Nacional, no centro da capital. Inicialmente dispersos, os manifestantes se reagrupam na rodoviária. A PM começa a deter grupos de 20 a 30 manifestantes, por região: no setor hoteleiro sul; próximo do setor onde há concessionárias; mais outro grupo próximo da rodoviária do Plano Piloto.

BELO HORIZONTE. Logo após o almoço alguns manifestantes tentam quebrar o relógio da Copa e é cercado pela PM. Prisão de doze manifestantes na Praça da Liberdade. Próximo das 15h00 já eram 21 presos. Na avenida Amazonas, próximo da praça Raul Soares, a PM dispara para dispersar a manifestação.

SÃO PAULO. Logo após as 14h00, começa o bloqueio na avenida Paulista, pelos manifestantes. Interessante que a ciclovia ficou liberada. No MASP, uma mulher, vestida de Bin Laden, pede a volta da ditadura e ataque ao Congresso Nacional. Começam os ataques de manifestantes: uma agência do Bradesco na avenida Paulista. Logo a PM cerca um grupo de black blocs enquanto outros manifestantes abrem uma facha com a inscrição “Fora Alckmin”. Na 23 de maio, uma viatura da polícia estacionado no meio fio tem seus vidros quebrados.  

RIO DE JANEIRO. Manifestação, logo após do almoço, se concentra na Câmara Municipal. O clima já é tenso desde o início e há vários confrontos com a PM. Jornalistas são detidos. Todos que tentam embarcar no metrô e que portavam máscaras são detidos e revistados de maneira ostensiva. Da Câmara Municipal, a manifestação segue para o Largo do Machado.

PARANA. Mais de 30 pessoas foram detidas em Curitiba e 15 assinaram termos circunstanciados e logo em seguida ,liberados. No meio da tarde apenas um grupo com menos de cinquenta pessoas caminhavam e se manifestavam em Maringá, gritando palavras de ordem contra políticos.

SALVADOR. Segurando diversas faixas, manifestantes fazem reivindicações e pedem respeito à soberania da Síria.


GOIÂNIA. Protestos fluíram de forma pacífica. Manifestantes percorreram as ruas do centro da cidade e se concentraram em frente ao Palácio do governo, onde grupo queimou bandeira dos Estados Unidos. 

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