A pouco mais de um ano para as eleições, está aberta a temporada de especulações em Minas Gerais. A disputa pelo governo no Estado funciona como um termômetro para a corrida ao Palácio do Planalto, visto que grandes nomes da política nacional buscam, em Minas, alianças que farão a diferença nas urnas na hora da decisão.Com disputa acirrada entre PT e PSDB, alianças mineiras podem ser decisivas na corrida ao Palácio do Planalto
O cenário para a sucessão aponta para a vantagem da oposição e o atual ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, desponta como favorito para conquistar o Palácio Tiradentes. Pré-candidato pelo PT e com o apoio da presidenta Dilma Rousseff, o ex-prefeito de Belo Horizonte, na última pesquisa, aparece com mais de 30% das intenções de voto em todos os cenários - o que têm feito os tucanos, principais concorrentes, buscarem maior aprovação popular.
"Nesse momento, não vejo situação favorável para o PSDB, o que pode dificultar a eleição do Aécio para a presidência. A situação concreta é que o partido nunca esteve em uma situação tão delicada no Estado como está desde as manifestações de junho. Entretanto, eles têm uma influência muito poderosa, que pode mudar o cenário até outubro do próximo ano", analisa o cientista político Rudá Ricci.
O atual governo mineiro está nas mãos de Antônio Anastasia (PSDB), que tem enfrentando forte crise interna desde as manifestações de junho. Além da insatisfação dos mineiros com a gestão, o governo tem lutado contra a crise financeira do Estado, que levou o atual governador a fazer uma grande reformulação e anunciar a redução do número de secretarias estaduais de 23 para 17. Com as mudanças, o governo deverá economizar cerca de R$ 33 milhões por ano.
Nesse cenário desfavorável, o senador presidenciável Aécio Neves (PSDB) tem lutado contra o tempo para definir um nome forte que possa concorrer nas urnas com Pimentel. Ainda sem decisão sobre quem será o candidato, os tucanos ventilaram nomes da política mineira que poderão concorrer em outubro de 2014.
Entre eles estão o atual presidente da Assembleia Legislativa mineira, Dinis Pinheiro, o ex-vice governador do estado na gestão Aécio, Alberto Pinto Coelho (PP), e Marcus Pestana, presidente regional do PSDB em Minas. Apesar da quantidade de especulações e da dificuldade em chegar ao senso comum, a decisão sobre a candidatura tucana ainda depende do jogo político que envolve partidos importantes da aliança estadual.
Agora, as atenções estão voltadas, especialmente, para o PSB, partido do atual prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda. O socialista é assediado principalmente pelo governador de Pernambuco e possível candidato à presidência da república, Eduardo Campos (PSB), para se candidatar ao governo. Mas a executiva nacional tucana quer barrar a candidatura própria do partido no Estado.
"Minha aposta é de que a disputa em Minas será polarizada entre PT e PSDB - forças que gravitam em torno do Aécio Neves e Pimentel. Uma terceira candidatura em Minas seria apenas para garantir o palanque para uma das legendas, mas ainda assim, acredito que seja pouco provável", diz Marcus Pestana, presidente do PSDB mineiro.
Caso Lacerda não seja candidato ao pleito, Campos quer o atual presidente do Clube Atlético Mineiro, Alexandre Kalil, para concorrer ao Palácio Tiradentes. Apesar da investida, o cartola descartou, temporariamente, a disputa em Minas Gerais. "Recebi o convite do governador Eduardo Campos, mas nesse momento estou focado no Galo e no mundial de clubes do fim do ano. Não estou pensando em política agora", destacou.
Quanto à oposição, que no cenário nacional repetirá a aliança (PT-PMDB) para a reeleição da presidenta Dilma Rousseff, ainda é difícil afirmar se estarão alinhados desde o primeiro turno em Minas. O atual senador e presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Clésio Andrade, é o nome do PMDB e pode engrossar a disputa em Minas. Ainda assim, a última pesquisa mostrou o senador com pouco mais de 8% das intenções de voto, o que pode estimular o partido a apoiar a candidatura única de Pimentel.
O cenário mineiro para as eleições não será muito diferente dos últimos anos. Mais uma vez, o pleito se mostra polarizado e dividido entre as duas principais forças do Estado. Para conquistar a presidência e manter o poder em Minas, Aécio Neves precisará balancear a equação mineira de modo a não prejudicar o plano nacional.
Um comentário:
Aposto que o PMDB terá candidato próprio ao governo de Minas (8% do Clésio é mais do que tem o Eduardo Campos por exemplo).
Além do argumento de que favorece a oposição na busca por um 2º turno em Minas, existe uma ala pró-Aécio dentro do PMDB que fará de tudo para não estar no palanque da Dilma (como é mais difícil apoiar o sucessor de Anastasia, então a tese do candidato próprio ganha mais força).
Também é mais interessante para PT e PMDB estarem em candidaturas separadas por causa da eleições legislativas (principalmente na Assembléia estadual). Com a visibilidade que uma candidatura própria traz existe o interesse de ambos em fazer crescer suas bancadas.
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