A nova pesquisa do IBOPE indica uma surpreendente recuperação da intenção de voto para a sua reeleição. A subida dos índices de Dilma são tão significativos (8%) quanto a queda de Marina (6%) que parece entrar no seu inferno astral.
Aécio vai caindo lentamente e Eduardo Campos estacionou. O que contribuiu para este cenário?
Arrisco o seguinte:
1. Uma profunda incompetência política e de mobilização social das oposições. Não sabem separar desejo de oportunidade;
2. Uma grande exposição da figura da Presidente da República. Volto a destacar: o que a fez catalisar o desencanto das ruas em junho é o que a faz se recuperar rapidamente);
3. Um compasso de cágado da economia nacional. Esperava-se que a crise seria mais grave. Não está sendo, a despeito das manchetes tardias do The Economist.
Contudo, o que se percebe é que o desencanto das ruas em junho não foram um surto passageiro. O sentimento foi consistente e afetou os índices de confiança nas instituições públicas. Temo que o que estamos presenciando é uma separação cognitiva (ainda marcada pela desconfiança ou até mesmo sinal de cinismo político das massas) entre o cotidiano e a política. "A política continua a de sempre", resumiria a situação. Em junho os dois polos se juntaram. Paradoxalmente, em junho havia alguma esperança de mudança. Não ocorreu nada. Voltamos ao estágio anterior: política formal para um lado (então, escolho o menos pior ou o que me dá mais dividendos) e vida cotidiana para o outro.
Alguns ficarão aliviados. Eu não seria tão otimista. Ao separar, a população não dá um voto de confiança, mas escolhe o que menos lhe dá indigestão. A desconfiança e deslegitimação continuam em curso. Até nova onda de esperança. Saiba lá de onde vier.
Ibope/Estadão: Marina cai, Dilma cresce e abre 22 pontos
Presidente aumenta vantagem sobre a segunda colocada na corrida eleitoral na comparação com pesquisa de julho, que apontava diferença de 8 pontos
26 de setembro de 2013 | 18h 51
José Roberto de Toledo e Daniel Bramatti - Estadão Dados
Pesquisa nacional Ibope em parceria com o Estado mostra que Dilma Rousseff (PT) abriu 22 pontos sobre a segunda colocada, Marina Silva (sem partido), na corrida presidencial. Em julho, a diferença era de 8 pontos. Desde então, a presidente cresceu em ambos os cenários de primeiro turno estimulados pelo Ibope, enquanto Marina perdeu seis pontos, se distanciando de Dilma e ficando mais ameaçada pelos outros candidatos.
No cenário que tem Aécio Neves como candidato do PSDB, Dilma cresceu de 30% para 38% nos dois últimos meses. Ao mesmo tempo, Marina caiu de 22% para 16%. Aécio oscilou de 13% para 11%, enquanto Eduardo Campos (PSB) foi de 5% para 4%. A taxa de eleitores sem candidato continua alta: 31% (dos quais, 15% dizem que votarão em branco ou anularão, e 16% não sabem responder).
O cenário com José Serra como candidato do PSDB não tem diferenças relevantes: Dilma tem 37%, contra 16% de Marina, 12% de Serra e 4% de Campos. Nessa hipótese, 30% não têm candidato: 14% de branco e nulo, e 16% de não sabe. Não há cenário idêntico a esse em pesquisa anterior do Ibope para comparar.
Nos dois cenários, Dilma tem intenção de voto superior à soma de seus três adversários: 37% contra 32% (cenário Serra) e 38% contra 31% (cenário Aécio). Isso indica chance de vitória no primeiro turno. Mas convém lembrar que praticamente 1 em cada 3 eleitores não tem candidato e ainda falta um ano para a eleição.
A atual corrida presidencial tem sido marcada por altos e baixos dramáticos. Em março, Dilma chegou a 58% de intenções de voto, segundo o Ibope. Despencou para 30% em julho, e, agora, recuperou um terço dos eleitores que perdera. Essas oscilações podem se repetir até a hora de o eleitor ir às urnas, em 2014.
O Ibope fez a pesquisa entre os dias 12 e 16 de setembro, em todas as regiões o Brasil. Foram entrevistados 2.002 eleitores, face a face. A margem de erro máxima é de 2 pontos porcentuais, para mais ou para menos, num intervalo de confiança de 95%.
Segundo turno. Não foi apenas no cenário estimulado de primeiro turno que Dilma se distanciou de Marina. Na simulação de segundo turno entre as duas, a petista venceria a rival por 43% a 26%, se a eleição fosse hoje. Em julho, logo depois dos protestos em massa que tomaram as ruas das metrópoles, Dilma e Marina estavam tecnicamente empatadas: 35% a 34%, respectivamente.
Segundo as simulações do Ibope, tanto faz se o candidato do PSDB for Aécio ou Serra. Se a eleição fosse hoje, a presidente venceria ambos por 45% a 21% num segundo turno. Contra Eduardo Campos, a vitória seria mais fácil: 46% a 14%.
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