domingo, 8 de setembro de 2013

Até tu, Brahma?

7 de Setembro, dia de manifestação. Como diz a tradição, dia de manifestações chochas. Pouca gente fazendo muito barulho.
Talvez o Anonymous tenha aprendido que não basta querer para 1,4 milhão mascarados saíam às ruas (esta foi a cifra que divulgaram como líquido e certo nas manifestações de ontem, o que já revelava tentativa de liderança que não se sobressaiu em junho). Interessante como a violência já se tornou paisagem das manifestações de rua em nosso país. Mais: se conformou como expressão social nacionalizada: mesmas vestimentas, mesma maneira de agir (alguns com um pouco mais de cérebro que outros, é verdade).
Decidi almoçar no Bar Brahma, uma dessas instituições paulistanas. Ipiranga com São João, se até Caetano que confessou que não entende nada de São Paulo citou, não precisa dizer mais nada. Para quem vive (ou viveu) na capital paulistana, sabe que se trata de uma referência cartográfica, como aquelas que definem uma esquina, que nos faz localizar o bairro, algo parecido com o código civil que nos lembra no que acreditamos ser certo. Um ponto no mapa.
Mas, aí, a roda gira.
O Brahma só tem no atendimento e no chopp cremoso a lembrança do que foi. O piano sumiu. O amplo salão agora só recebe quem fez reserva. Informaram que nos dias comercias há um buffet. Agora se paga consumação, logo na entrada, sem aviso prévio! Dois novos ambientes onde em um, se ouve um sambão paulistano e, no outro, violino (mais pós-moderno que isto, só as manifestações, do lado de fora). E aquele clima de azaração de meia idade. Comi e fugi.
Antes, presenciei uma bela cena. Na mesa ao lado, uns cinco não paulistanos discutiram, durante uns 30 minutos que não queriam o chopp com colarinho de três dedos. Desfilaram por ali todos garçons disponíveis e até o gerente. Faltou o dono, que nunca vi e só naquele momento imaginei que deva existir. O gerente foi taxativo: aqui, só com colarinho. Irritado, dizia que o chopp esfria e perde o sabor. Os não paulistanos ficaram indignados e se sentiram roubados. Engraçado. Leite batido pode ter espuma. Frapê, um latte. Só com chopp que não paulistano acha que se trata de roubalheira. Fazer o quê?
O fato é que os poucos minutos no Brahma me fizeram lembrar da cultura efêmera dos dias de hoje, registrada na crônica de Antonio Prata:
Já não ha espaço para happy ends. Só para happy beginnings!
Sei lá. Acho que nem isto.

Oito dias viajando. De Monte Sião à São Paulo; São Paulo ao Rio de Janeiro; de volta à São Paulo, Osasco e São Paulo. Consultoria, participação na mesa que discutiu movimentos sociais e saúde pública na Fiocruz (comemorando o aniversário de Sérgio Arouca, o pai do SUS), participação na mesa que discutiu cidade e direitos humanos (no evento Direitos Humanos e Saúde Mental, também organizado pelo Paulo Amarante), reunião com Prefeito de Osasco e aula dialogada na Escola da Cidadania da Zona Leste (criação de Padre Ticão e Luiz França). Peço desculpas pela ausência.

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