Estou lendo o que cai à mão sobre o tema e correlatos ("cai à mão" é só força de expressão, "compa"! Tem muito suor nesta história).
Até que cheguei neste livro de Castells. Um autor arguto. Já escreveu algumas bobagens (como afirmar que o Estado deveria ser facilitador do trânsito do capital global), mas penso que isto lhe deu uma aura de humanidade.
O fato é que este "Redes de Indignação e Esperança: movimentos sociais na era da internet" é extremamente instigante. Faltou um conceito mais trabalhado de movimentos sociais contemporâneos. Seriam, de fato, movimentos sociais ou meras mobilizações?
De qualquer maneira, venho destacando uma passagem que está no início do livro, em todas mesas e palestras. Esta aqui:
Mas foi basicamente a humilhação provocada pelo cinismo e pela arrogância das pessoas no poder, seja ele financeiro, político ou cultural, que uniu aqueles que transformaram medo em indignação, e indignação em esperança de uma humanidade melhor. Uma humanidade que tinha de ser reconstruída e partir do zero, escapando das múltiplas armadilhas ideológicas e institucionais que tinham levado inúmeras vezes a becos sem saída (...)O que me faz refletir é o fragmento "partir do zero". Se é um fato, estamos diante de um abalo no circuito de legitimação de toda parafernália institucional vigente. Aqueles que se apoiam nessas instituições dificilmente terão fôlego para compreender esta mudança de patamar societal. Normalmente, a mudança se faz sem alarde, em ondas leves no cair da tarde. Humilhados, os protagonistas da aceleração do paradigma institucional não adotam um foco temático. Algo como bater o mindinho na quina da cama. Dificilmente teremos clareza de resmungar algum mantra holístico para refazer o contato do pé com este mundão interconectado.
Se Castells tem razão, as manifestações explosivas das ruas deste início de século estão mais para um bom palavrão.
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