Comecei a escrever meu livro sobre as manifestações de junho. Aos amigos (tá bom... aos inimigos também), adianto minhas hipóteses explicativas:
1) Trata-se de uma articulação em rede, mas não exatamente a formação de uma rede social.
2) Adotaram o ethos de esquerda, contra a ordem. Não havia espaço para conservadores ou direita, apenas para a extrema-direita pelas próprias características de manifestações de multidão, na rua, anti-ordem. Mesmo assim, a extrema-direita só conseguiu sobressair em São Paulo, jogando o MPL para a periferia.
3) A lógica de organização foi a de enxameamento (de enxame de abelhas). Portanto, se o ethos era de esquerda, a forma foi totalmente inovadora. Novidade de natureza geracional. Até os jovens filiados a partidos de esquerda que lideraram as manifestações destilavam valores autonomistas ou anarquistas. Interessantíssimo.
4) O penúltimo elemento foi a carnavalização da política, nas ruas. Em outras palavras, a transgressão sem futuro, sem substituir a Ordem.
5) Finalmente, a violência como elemento constitutivo. Um traço radicalmente anti-institucionalista. Se no começo era um detalhe que aparecia no final das passeatas, desde o fim da Copa das Confederações, já é um traço nacional, que me parece que veio para ficar.
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