As oposições brasileiras continuam sua saga ao infinito, aquele lugar distante que nunca desponta no horizonte.
O senador Aécio Neves já não tem mais como segurar a evidente crise instalada em sua candidatura. Nos jornais mineiros de hoje, vários analistas (a maioria absolutamente alinhada ao senador mineiro) lamentam que a candidatura de Marina esteja minando as pretensões de Aécio. E concluem que já não é segredo para ninguém que seus índices de intenção de voto caem lentamente.
A questão é que Marina parece estar à beira de um ataque de nervos. As chances para registrar sua Rede são cada vez menores, faltando, agora, uma semana para os cartórios autenticarem dezenas de milhares de assinaturas de cidadãos que apoiam a criação de seu partido. Aí, fica a dúvida sobre o que os analistas mineiros estão se referindo concretamente. Seria o temor em relação a um espectro?
Na outra ponta, aparece Eduardo Campos e os partidos recém criados ou na fila para serem criados, já pensando nos dividendos de alianças em 2014. Reproduzo, abaixo, mais um excerto do Porandubas, de Gaudêncio Torquato. A análise sugere problemas na base do socialista pernambucano. Está manobrando para trocar a família Gomes pela ex-prefeita petista de Fortaleza. Ainda não tenho certeza se troca seis por meia dúzia. Os Gomes, como sabemos, gostam de atirar. E ficam ainda mais à vontade quando atiram em que os incomoda (embora atirem a esmo, seja em amigo ou inimigo).
Sobraria a oposição mais à esquerda. Mas você apostaria em algum resultado significativo em 2014?
E la nave va. Esta é a melhor expressão para refletir a caminhada de Dilma. Ou seria a frase do capitão Gregorio De Falco (da Guarda Costeira italiana) ao se dirigir ao capitão Francesco Schettino?
As bases governista e
oposicionista
A base governista, formada
pela pletora de partidos (cerca de 15), que dá apoio à administração comandada
pela presidente Dilma, tende a ser menor. Calcula-se que partidos insatisfeitos
com o acolhimento dado pelo governo deixarão a base situacionista para se
integrar às bandas das oposições. Duas bandas. Teremos a banda das oposições
tradicionais, formadas principalmente pelo PSDB e pelo DEM, e nova banda, esta
a ser constituída pelos partidos que deixarão o situacionismo, a começar pelo
PSB, com eventual participação de outras siglas. A incógnita fica por conta da
Rede Sustentabilidade, de Marina Silva. Não se sabe se conseguirá formalização
até 5/10. A aprovação do Solidariedade, do Paulinho da Força, e do PROS,
Partido Republicano da Ordem Social, ontem pelo TSE, abre maiores chances para
o partido de Marina.
O affaire Campos
Demorou, demorou, demorou,
mas o governador pernambucano, Eduardo Campos, tomou a decisão : deixar a base
governista. Entregou os cargos do PSB na administração. Lula ainda tentará um
último esforço para segurar o ímpeto de Dudu Beleza. Vai ter mais uma conversa
com ele. Por enquanto, pede que os petistas não entreguem os cargos nos
governos comandados pelo PSB. Tentativa de por panos quentes. Mas o governador
está sendo levado pela onda mais forte do seu partido para o lado da
candidatura própria. E é evidente que, nesse caso, assumirá postura de
oposição. Não se cogitaria de um candidato frapé, café com leite, nem lá, nem
cá. Disputa eleitoral é guerra. A favor e contra.
Estradas de PE
Eis o que pincei de um vídeo
que vi na internet sobre as estradas de PE : "A repórter Roberta Soares e
o fotógrafo Guga Matos, guiados pelo motorista Reginaldo Araújo, pegaram a
estrada durante 22 dias de viagem para constatar essa verdade e mostrá-la no
especial multimídia Descaminhos. Rodaram 10 mil quilômetros, dos 12,5 mil que
compõem a malha rodoviária pernambucana, a quarta maior do Nordeste. Pelas
estradas, descobriu que são muitos os descaminhos de PE. Encontraram um Estado
de rodovias ruins, as Federais e principalmente as estaduais. Um PE ainda sem
inúmeras ligações, que em pleno século 21 deixa parte do seu povo isolado de
tudo, dependendo exclusivamente da fé do nordestino, tão presente e
conformadora no interior mais distante. No percurso, o JC passou por 100 das
142 rodovias estaduais e 11 das 13 estradas Federais existentes no
Estado". Com a palavra, o governador Eduardo Campos.
Aécio em SP
Geraldo Alckmin tentará puxar
a caravana de Aécio Neves em SP. Assim como Beto Richa tentará fazer a mesma
coisa no PR. O mais certo, porém, é apostar que MG dará a maior vantagem ao
mineiro. Massa de votos nada desprezível. MG tem o segundo maior colégio
eleitoral do país, cerca de 15 milhões de votos. Em SP, a campanha ainda terá
certa polarização entre o PSDB e o PT, fenômeno antigo e em final de ciclo. 20
anos de tucanato é muita coisa. E o PT, por sua vez, contará com a rejeição da
classe média paulista, a maior do país. Nessa classe, o PT nunca entrou de
sola, principalmente nos densos colégios eleitorais do interior.
Solas gastas
A polarização entre tucanos e
petistas não se guiará mais pelos caminhos do passado. Tende a ser atenuada
face aos novos tempos. O eleitor parece trilhar a vereda aberta por Nietzsche :
"novos caminhos sigo; uma nova fala me empolga. Não quer mais o meu
espírito caminhar com solas gastas".
Empresários em dúvidas
Na Era Lula, o carismático
líder era um imã. Atraía tudo e todos. Das massas periféricas à elite
empresarial. Hoje, a elite empresarial é simpática a Eduardo Campos. Vê a
presidente Dilma com certa desconfiança. E parece distante de Aécio Neves.
Acham Marina uma flor no pântano.
Mensalão e eleição
Não serão desastrosos os
efeitos do mensalão sobre a eleição. Até lá, estarão metabolizados condimentos,
temperos e produtos que, por anos e meses, frequentaram a mesa das conversas e
debates. Cada ano com suas motivações. Operação BO+BA+CO+CA, essa, sim,
continuará a ditar os rumos da política. Bolso, Barriga, Coração, Cabeça.
Economia indo bem, estômago estará satisfeito; coração ficará agradecido e pede
para a cabeça votar nos patrocinadores do bolso cheio.
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