No boletim divulgado nesta semana, que reproduzo alguns trechos logo abaixo, sugere que Lula procura rachar o PSB e antecipou o lançamento de Dilma à reeleição para colocar uma pá de cal nas especulações que ele se lançaria à sucessão da Presidente. Finalmente, sugere que Dilma é favorita nas eleições de 2014 e que os governos tucanos estão desgastados (em especial, São Paulo).
Minha dúvida diz respeito à antecipação da candidatura de Dilma. Não me parece que Lula teria necessidade de desmontar as especulações a respeito de seu nome e possível candidatura. Pelo contrário. Até mesmo para segurar o PSB, as especulações neste sentido não seriam de todo ruins. O próprio Gaudêncio sugere que Dilma é a favorita para as eleições do próximo ano, o que não estaria afetada pela sombra de Lula. Aliás, do ponto de vista simbólico, projetar Lula como um guardião geral, inclusive do governo federal, pode reforçar o voto em Dilma.
Ainda acredito que o problema foram os sinais negativos de nossa economia. Antes que se formasse uma onda, abriram a caixa de bondades (energia elétrica e bolsa família) na sequência do evento de aniversário do PT e início da Caravana da Cidadania de Lula (começando sugestivamente pelo nordeste). Um encadeamento bem lógico, não?
Mesmo assim, avalio que a polarização com o PSDB é mais urgente para a candidatura de Aécio que para Dilma. Aécio diminuiria, assim, os espaços para crescimento de Eduardo Campos e Marina, sem atacá-los, justamente porque ele necessita crescer no nordeste e se consolidar como anti-lulismo (ou anti-petismo). Se não ocorrer esta polarização, tende a ficar onde está e mesmo que Campos e Marina tirem votos de Dilma, dificilmente crescerão a ponto de colocar em risco a candidatura lulista. Assim, haveria até o risco de tucanos amargarem um terceiro lugar nas eleições presidenciais. As três candidaturas (Aécio, Campos e Marina) teriam que crescer muito para colocar em risco a eleição. Mas não parece tarefa fácil. As políticas de fomento e transferência de renda ainda geram alta popularidade do lulismo na região. No sudeste, o PT aumentou o número de prefeituras e massa de votos em 2012.
Enfim, é possível que Lula esteja preocupado com Campos, efetivamente. Mas é preciso ter cuidado. Acredito que por este motivo, Gaudêncio destacou, neste seu último Porandubas, a velha máxima de Maquiavel sobre a astúcia da raposa e a força do leão. São dois predicados de um bom Príncipe. Mas o melhor é não necessitar do uso da força, apenas ameaçando com astúcia.
Campanha na rua
Lula antecipou o processo de 2014 ao lançar Dilma candidata à reeleição. O que o comandante petista quis dizer com essa antecipação ? Ponto um : que não topa uma campanha "Volta, Lula" ; ponto dois : Dilma é a candidata do PT e as alas petistas precisam dar um basta às arengas ; ponto três : os partidos da base, desde já, são convocados a perfilar ao lado da candidata ; ponto quatro : vamos ter de enfrentar novamente os tucanos e vamos derrotá-los mais uma vez. Essa é a moldura que se desenha em uma primeira leitura. Mas há quem discorde dessa projeção.
Pibinho, economia em baixa, administração travada, Dilma centralizadora, ministérios sem autonomia para decidir sobre coisas mínimas - esse é o pano de fundo que pode desestabilizar a candidatura da atual presidente. Nesse caso, o "Volta Lula" ganharia sentido e força. Pois bem, não são poucos os analistas que fazem essa segunda leitura. Por acreditarem que o ex-presidente ainda não desgrudou das amarras do Palácio do Planalto. Respira política 24 horas. Começa, agora, a correr o país, a partir de Fortaleza, para onde irá, amanhã.
O racha no PSB
Lula quer rachar o PSB. Está chateado com seu amigo, "irmão mais novo", Eduardo Campos, que mostra, a cada dia, intenções de vir a ser o candidato socialista à presidência em 2014. Campos está muito bem avaliado no Nordeste. E começa a penetrar nos espaços do Sudeste. Encarna a alternativa de mudança, eis que os tucanos sofrem o fenômeno "desgaste de material". Campos promete dar apoio ao governo até o final do ano. Se a economia voltar a subir, o governador pernambucano pode permanecer na base governista. Mas, os seus correligionários dizem, à boca pequena, que a decisão já está tomada.
Perdendo, ganha
Eduardo Campos sabe que a menor distância, em política, nem sempre é uma reta, mas uma curva. Se for candidato e perder, poderá usufruir, mais adiante, a visibilidade alcançada em 2014. Por isso, mesmo perdendo ele ganhará. Seu potencial de crescimento é maior do que o de Aécio Neves. De qualquer forma, ele será decisivo, eis que a campanha de 2014 desembocará no segundo turno. As projeções mostram que o cenário poderá comportar quatro candidatos : Dilma, Aécio, Campos e Marina.
Cenários
Dilma continua sendo a favorita. Mesmo com economia em baixa, ela tem condições de sustentar o bolso das margens sociais, garantindo, dessa forma, a geografia (anatomia) do voto : bolso, barriga, coração, cabeça. Bolso com dinheiro significa geladeira cheia e estômago saciado; estômago saciado implica coração agradecido; coração agradecido sinaliza cabeça decidindo a favor da candidata das bolsas/bolsos. Ganhar no primeiro turno, isso seria difícil. Aécio teria a vantagem de fechar o segundo maior colégio eleitoral do país, MG, com seus 15 milhões de eleitores. E ainda contar com a alavanca de Geraldo Alckmin, em SP ; de Beto Richa, no PR, e de Marconi Perillo, em GO. Mas esses governadores teriam boas performances ? Essa é dúvida.
Tucanos desgastados
Em SP, Alckmin terá grandes dificuldades de superar o que se chama de "desgaste de material". São 20 anos de tucanato. A segurança pública será o carro chefe dos discursos. A violência se expande em SP. De qualquer maneira, os tucanos podem contar com 30% dos votos, índice que também é o do PT. Um terço petista, um terço tucano e um terço para o candidato alternativo à polarização. No PR, Beto Richa está desgastado, o mesmo ocorrendo com Perillo em GO. Por isso mesmo, não se pode aduzir que as máquinas tucanas multipliquem votos para Aécio. Abre-se, portanto, espaço a ser ocupado por Campos e Marina.
2 comentários:
Não estaria campos tentando se proteger de um possível Haddad em 2018? já que não há um candidato negro forte no PT?
O que tenho percebido desde às eleições é supervalorização de Campos, como o mesmo se tornasse um potencial candidato à presidência, tendo reais chances de obter a vitória.Sou pernambucano e afirmo o que há por trás do governador do estado é um bom marketing político e uma bela maquiagem de seu governo. Exaltam-se seus feitos e se omitem as suas falhas. Percebo também que a mídia alternativa vem servindo como instrumento de popularização do nome de Campos.Estamos mais uma vez discutindo algo sobre ele. Nós estamos fazendo o que a oposição quer: inflando um nome que sirva para levar essa eleição para um possível 2º turno, mas para o PIG com um candidato de sua preferência que seria do PSDB e não de outra legenda.
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