Quem já leu os posts de Yoani Sánchez no seu blog (Generación Y) deve ter percebido a qualidade dos seus textos. Muito bem escritos com traços literários nítidos. As críticas iniciais tinham um tom pessoal, de defesa de sua liberdade individual e pipocavam aqui ou ali. Mais adiante, assumiram uma queixa mais grupal, de blogueiros e poetas. Só mais recentemente seu blog passou a desferir ataques mais frequentes ao governo de Cuba, assumindo uma linha mais genérica e menos pessoal. De minha parte, sempre achei que ela tinha todo o direito de expressar o que desejasse, como é ponto de honra para qualquer blogueiro.
Mas sua visita ao Brasil foi um erro grosseiro. Fico em dúvida se planejou errado, se caiu nas garras da oposição ou se realmente se revelou (derrubando as até então teorias conspiratórias já que se revelariam corretas). De início, achei que as manifestações de pequenos grupos mais à esquerda foram infantis. De fato, chamaram a atenção para a blogueira que é, até aqui, uma mera fonte literária, quase exótica. Duvido que alguém se espelhe no seu blog para se posicionar ou obter informações essenciais sobre qualquer tema.
Mas aí, como sempre ocorre neste país, o que parecia um tiro no pé desses minúsculos grupos de certa esquerda com tempo para estar em aeroportos pela madrugada ou início da manhã e rabiscar cartolinas com frases enormes, gerou efeito contrário.
A oposição brasileira, em mais um ato de revelação de sua incapacidade para falar para além de seus pares, procurou politizar ao máximo este "grande conflito" envolvendo a recepção de Yoani. Carregou tanto nas tintas que acabou criando uma armadilha fatal à Yoani. A blogueira cubana encontrou-se com o que há de mais estapafúrdio na política brasileira, como o personagem Bolsonaro. Não ficou só nisto. Deu entrevistas dizendo que quer formar um jornal para unir a oposição cubana ou algo que o valha. Interessante que todos jornais brasileiros revelaram que seu peso político ou social em Cuba beira o traço estatístico. Ora, eu não teria coragem de dizer em entrevista que vou criar uma rede de televisão, justamente porque daria um sinal de problema mental. Sendo um sonho juvenil, expor um desejo pessoal à grande imprensa brasileira pode ser demonstração de deslumbramento ou pode alimentar ainda mais os ataques que até agora pareciam vindas da teoria conspiratória.
O fato é que esta visita vai se revelando uma bobagem que será esquecida em poucos dias. Não acrescentou nada de novo, não deu contornos mais nítidos sobre a vida e cultura cubanas e acabou caindo na esparrela da disputa política tupiniquim.
Yoani, sem dúvida, sai mais chamuscada do que quando chegou. Uma pena.
Um comentário:
Ela veio de Cuba Lançando, não dá pra levar a sério!
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