quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

2014 repetirá 1989?

Acabo de ser entrevistado pelo economista Paulo Passarinho, que pilota o Faixa Livre, um dos programas mais instigantes da rádio Band RJ. Comentamos a crise financeira dos municípios e as possibilidades para 2014. O que rendeu mais foi a projeção sobre a sucessão de Dilma Rousseff. Eu ainda acredito num cenário próximo ao de 1989, quando todos partidos lançaram candidatos no primeiro turno das eleições presidenciais. Os debates entre candidatos pareciam mais assembléia de caciques políticos.
Por que sustento este cenário? Porque não vejo grandes chances de Aécio Neves. Seu perfil e as pesquisas recém divulgadas (em especial, do Datafolha) indicam que seu nome não mobiliza muitos eleitores. Figura em terceiro ou quarto lugar na preferência do eleitorado nacional. É do bloco lulista, vencedor das eleições desde 2006 (quando efetivamente este bloco se cristalizou), que me parece sair a principal força eleitoral.
Neste caso, PSB emerge como principal alternativa.
Também me orienta a crise econômica gradativa e o aumento do índice de inflação (que pode ser pressionada com o já anunciado aumento do preço dos derivados de petróleo).
Juntemos as duas variáveis. Num cenário de desencanto econômico (não necessariamente uma crise) e de fragilidade do principal nome da oposição, por qual motivo os partidos do bloco lulista não lançariam candidatos no primeiro turno? O que perderiam? Se a fragmentação do bloco em várias candidaturas não corre risco de abrir espaço para um candidato oposicionista, por qual motivo não tentar o podium ou, na pior das hipóteses, massificar um nome para 2018? Neste último caso (lançar para popularizar ou reforçar nacionalmente um candidato para 2018), o lançamento não necessitaria ocorrer muito cedo. Ao contrário, o partido aliado poderia garantir todos benefícios de compor o governo federal até o primeiro trimestre de 2014 e somente aí anunciar o "Novo Príncipe".
No mais, a estrutura política brasileira, toda nacionalizada em função do necessário apadrinhamento de deputados para que a vida dos prefeitos (e de vários governadores) seja mais leve, faz com que os cenários eleitorais fiquem mais nítidos e focados daqui por diante. E, mais que nunca, é da saúde financeira do governo federal e da saúde econômica do país que nasce a senha para entendermos 2014.

4 comentários:

Filipe disse...

Tomara que seja igual 1989, o eleitor brasileiro merece mais opção de escolha, 2º turno existe pra quê?
Outra vantagem de uma eleição com muitos candidato é que há menos coligações para o legislativo.
Com isso a representatividade nas câmaras é mais realista de acordo com a força de cada partido na sociedade...

Filipe disse...

...Eu sou um daqueles simpatizantes do PT que torce por candidaturas de Eduardo Campos ou outros partidos da base, pois o PT se acomodou nessas alianças sem critérios, outras candidaturas da base fará o PT acordar.
A estratégia de cooptação do Lula foi péssima, com muitos partidos na aliança, a maior parte de sua popularidade migrou para o centrão em vez do PT e a esquerda, por isso que o governo tem tanta dificuldade em formar uma base aliada confiável.

AF Sturt Silva disse...

Ainda não liberaram o programa de hoje no site. Pelo título , já estava discordando da sua análise, mas lendo o texto, faz sentido mesmo.

Vai ter uma candidatura a releição (Dilma) com apoio de alguns partidos como o PCdoB e um dos grandes ( PMDB ou PSB). Acho que nenhum cacique regional do PMDB tem força para hegemonizar policaticamente o partido nacionalmente. Sobra para o PSB ser uma terceira via, até por que já tem nome , ao contrário do PMDB.

Marina e os "nanicos" deve aparecer também ( mais esses aparecem todo ano, e nem mesmo nos dabates da tv podem ir). Tem a opção Marina+PSOL, mas para isso a Marina teria que ter, pelo menos um discurso mais a esquerda e os setores mais de esquerda do PSOl teria que ceder bastante.

Por fim teria o nome do PSDB que ao lado do PSB poderia gerar uma problemas ao bloco lulista durante o processo eleitoral. O Campos/PSB sozinho não tme força pra isso.

Mesmo assim com os dois pontos que vc colocou que são senhas para 2014/2018, não consigo ver é uma crise no bloco lulista, que ai seria fator determinante para mudanças no quadro político brasileiro. Talvez, os fatores mencionados por vc, possa contribuir, mas acho que isso é pra 2014 em diante.

Rudá Ricci disse...

Não, Sturt, não estou dizendo que haverá crise no bloco lulista. Principalmente se estamos utilizando o conceito de bloco empregado por Poulantzas.
Como leio uma onda conservadora popular no Brasil, só vejo sentido na candidatura de Marina se ela deixar "vazar" seu perfil evangélico. Caso contrário, atrairá jovens e alguns intelectuais e ponto. Sobre o PSDB, não vejo Aécio como nome nacional (o que fará o PSDB cair no colo dos tucanos paulistas, mais uma vez).