terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A volta de Lula


A oposição, mais uma vez, acusou o golpe. O medo é tamanho em relação à popularidade de Lula - refletindo a fragilidade da oposição e do sistema partidário - que só de ouvir o óbvio se desequilibra. O simples anúncio da possibilidade de Lula disputar as eleições de 2014 gerou revolta entre lideranças do PSDB e PPS. Populismo, terceiro mandato, chavismo, mexicanização, peronismo, todas adjetivações que tentaram emplacar ao longo do governo Lula caíram por terra. Aí, Gilberto Carvalho e o próprio Lula lançam ao ar o que até a Amorphophallus titanum já sabia e apenas se abriu para disputar visibilidade com a notícia. Lula tentará retornar ao Palácio do Planalto em 2014. Pela porta da frente, porque poucos imaginam que sairá de lá efetivamente.
Mas não é legítimo que se tente, pelo voto, retornar ao governo? E não seria uma sinceridade esperada pelo eleitorado?
Para o que nos interessa, o fato - do anúncio e da reação da oposição - estampa a decomposição do nosso sistema partidário. O simples anúncio é percebido como ameaça. Mais que ameaça: cria uma referência no subconsciente da população e arma o queremismo. É isto que está em jogo. Lula se projeto inteligentemente e continua sob a luz dos holofotes. Tentará manter esta expectativa o que colocará a oposição em mais uma possível polarização antecipada.
Se tivéssemos um sistema partidário equilibrado e enraizado nas ruas do país, esta declaração seria mais uma de um personagem que beira a incontinência verbal.
Nossa oposição é tão frágil que sempre que Lula fala, acaba ligando mais um holofote sobre seu maior pavor.

Um comentário:

Valéria Borborema disse...

Esse temor é justificado. A oposição não tem uma liderança forte o suficiente para enfrentar o mito Lula. Arrisco dizer mais. Se Dilma fizer um bom governo - e isso não é difícil assim de acontecer -, as chances de conseguir a reeleição são muitas. Aí, meu caro Rudá, como se diz, é que a vaca bebe água. Já pensou, mais oito anos com Dilma na Presidência e, depois, se Deus conceder a nosso Lula saúde, ele tentar e conseguir retornar. A revista Veja, não sei se você se lembra, na época da campanha eleitoral lançou uma capa com essa possibilidade. Mostrou um Lula bem idoso, em franca campanha para após 2020. A oposição não possui discurso. Seus líderes são produzidos em laboratório. Ah! Mas nem tudo está perdido para PSDB e cia. Resta Ciro Gomes... aquele que não diz nada com nada e que, para alívio dos asseclas tucanos, não fará parte do 1º escalão do governo Dilma. Acho que a petista acertou em não ceder a esse senhor metamorfose o Ministério da Saúde.