Enquanto os políticos mineiros reproduzem a cantilena que governo estadual não induz desenvolvimento local, o nordeste e o Rio Grande do Sul demonstram o inverso. A ida da FIAT para Pernambuco é um dos tantos exemplos. Octávio Conceição, da Fundação de Economia e Estatística (FEE) do Rio Grande do Sul, comenta algo do gênero a partir do estudo Três Décadas de Economia Gaúcha, organizada por ele juntamente com Marinês Zandavali Grando. Reproduzo uma passagem da entrevista que concedeu à IHU-Unisinos:
A economia gaúcha hoje tem um caráter marcado pelo agronegócio, embora persistam importantes cadeias industriais modernizadas e modernizadoras. Cabe investir mais em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), tanto no âmbito da parceria universidade/empresas (que ainda é extremamente baixo e precário), quanto no âmbito interno das atividades produtivas na indústria, na agricultura, no setor serviços, e na integração dessas três com o agronegócio. Sem modernização - leia-se avanço tecnológico, organizacional e institucional - jamais poderemos trilhar trajetórias sustentáveis de crescimento econômico e social. Se fosse usar uma palavra para caracterizar a economia gaúcha hoje, a classificaria como em um estágio de compasso de espera para o crescimento, mas com poucas iniciativas. Ela, através dos empresários, governo e trabalhadores, deve buscar seus novos caminhos sintonizados com as mudanças tecnológicas e sociais, as quais, por sinal, pouco avançaram nas últimas três décadas.
É perceptível como políticos e pesquisadores mineiros precisam retomar a discussão sobre o papel de liderança do governo estadual na indução do desenvolvimento. Há alguns anos, os governos mineiros decidiram adotar, na prática, um ultra-liberalismo nesta área. "Deixa a vida me levar" virou hino das pastas da área econômica mineira.
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