quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
A importância de FHC e a oposição de um nome só
Acabo de ser entrevistado por Marcelo Coelho, do Estado de Minas. A sua última pergunta instigou esta nota no blog. Perguntava a importância política de FHC e o que fica de seus oito anos de governo. A grande imprensa brasileira perdeu muito de sua objetividade nos últimos anos. Como se mede o poder de um político? Pelo número de governos que influencia, estaduais e municipais, com certeza. FHC não influencia nenhum governo. Alckmin escanteou de sua gestão todos serristas e seguidores de FHC (que não fazem parte da mesma tribo, inclusive). Mas um político pode ter influência sobre entidades de representação. FHC não tem influência sobre sindicatos, entidades de classe, conselhos, federações. Mas também é possível manter poder pela influência material, de suporte de campanhas. Não se sabe de um único caso de estrutura de campanha vinculada a ele, como ainda pouco ocorria em relação a Maluf ou ACM, para citar dois casos. Poder, nos ensinava Weber, se vincula aos recursos materiais ou simbólicos. FHC tem penetração na grande imprensa. Suas falas tem alguma repercussão por ali. Mas a grande imprensa não forma mais opinião de massa. Influencia parte da classe média tradicional. Mas a opinião desta classe não se espraia mais como antes. Fica congelada em suas fileiras e, não raro, acaba submergindo aos anseios da nova Classe C. Minha hipótese é que FHC fala aos pares. Aos que já o admiram. O que não faz deste personagem alguém que possui hegemonia. Penso que é hoje um cavaleiro de triste figura da oposição.
Oposição no Brasil tem um único nome: Aécio Neves. Jovem, hábil, vive um momento mais difícil em virtude de ter que arquitetar a construção de sua estrutura política nacional (enfrentando, no momento, um jogo de bloqueios com os lulistas). Mas é líder no seu Estado, o segundo colégio eleitoral do país. Se tivesse sido candidato, mesmo derrotado sairia unindo as oposições, algo que Serra nem de longe conseguiu. Aliás, Serra conseguiu exatamente o contrário. E Aécio tem em Alckmin um aliado. Em Ciro Gomes uma ponta de lança no nordeste. Tenta se aproximar de Eduardo Campos e Sérgio Cabral, mas Lula intercepta as tentativas de aproximação. Aproxima-se lentamente do PSB e PDT. Tentará comer pelas bordas, aproximando-se do PCdoB. Somente Aécio poderá aproveitar-se de alguma fissura no Presidencialismo de Coalizão do lulismo.
Fora este quadro, não existe vida longa na oposição. Neste sentido, citar FHC é até deselegância para com o passado de um ex-Presidente da República. Sua foto já está na galeria da República. E só.
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