quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Final de Ano (3)
O PT de Minas Gerais acusou o golpe. O clima de derrota e baixo astral contagia toda direção estadual do partido. Ficar com apenas um ministério foi o pior presente de final de ano. Minha análise é que também se fechou um ciclo para o partido aqui onde os limites impostos pelas montanhas deveriam inspirar reflexão. Minha hipótese é que apenas uma articulação efetiva dos prefeitos petistas pode refundar o PT mineiro. A militância está absolutamente desarticulada, embora no segundo turno das eleições presidenciais tenha reagido à convocação da campanha. Mas deixou de ser protagonista. Patrus vive seus dias de ocaso político. Fernando Pimentel nunca fez esforço para estruturar o partido em Minas Gerais. Faz carreira. E só. Os parlamentares, por seu turno, pensam apenas suas bases eleitorais. Aliás, aqui em Minas Gerais, petista não se identifica com correntes ou regiões. Se identifica com parlamentares. É algo corrente dizer que é vinculado a tal ou qual parlamentar. Cria-se, a partir desta identificação, uma divisão de territórios. Não é coincidência a analogia com as estruturas de feudo.
Os prefeitos são a única solução palpável. Eles, efetivamente, fazem o elo entre a base concreta social e o partido. E poucos estão contaminados pelas disputas entre feudos. Se assumirem a tarefa de reconstruir o partido, como ocorreu em 1982 com lideranças que chamaram para si a responsabilidade e assinaram a carta da Articulação dos 113, é possível um fôlego novo. Mas os prefeitos petistas, até o momento, nem pensam nesta possibilidade. Governam isolados, sem apoio efetivo do partido, à sombra dos parlamentares que abrem portas nos ministérios e órgãos públicos. Em eventos recentes do partido em MG, nem são chamados para compor a mesa que preside os atos. São apenas anunciados. Aqui, o PT é comandado por parlamentares. O problema é que parte dos prefeitos aceita esta condição ou faz de seu cargo um trampolim para se tornar um parlamentar ou ocupar um posto mais alto na hierarquia da carreira política. Um efeito imediato desta condição é o fim do "jeito petista de governar".
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