Quando pousou e Brasília [Donna Hrinak, vice-cônsul dos EUA em São Paulo] e um jornalista lhe perguntou o que achava de Lula, ela respondeu autoconfiante. "Não temos medo de Lula", disse, "ele encarna o sonho americano". Filha de um pai metalúrgico de Pittisburgh e de uma mãe que não completou o segundo grau, Donna Hrinak entendia bem a respeito da ascensão social. Ela mesma era a primeira mulher embaixadora de carreira nos EUA.
Outra passagem:
Fernando Henrique havia inventado um novo ritual de transição presidencial. Designou uma equipe formal para gerenciá-la, criou escritórios para a equipe do presidente eleito e instruiu seus ministros a produzirem milhares de páginas de informação para seus respectivos sucessores.
Finalmente:
A embaixadora deu-lhe [à Lula] uma dica. O encontro no Salão Oval, disse, será igual a uma dança delicada. Cada lado vai esperar o outro antes de dar um passo. Ela continuou: o casal nem sempre concordará, daí a importância de manter a comunicação sempre fluida. Por isso, ela explicou, Lula devia prestar atenção apenas aos anúncios oficiais do governo americano, sem se preocupar com aquilo que circulasse na imprensa.
A matéria retrata o jogo real da alta política. Não se faz com factóides e discursos agressivos. A arte da política é a arte da sedução e negociação. Em outras palavras, mira na convergência.
Fiquei me perguntando: por qual motivo FHC perdeu desafinou o tom fora do poder? Por que não manteve esta postura de estadista? Por qual motivo não somos informados destas tramas de bastidor, muito mais educativas que os embates eleitorais fundados na agressão?
Como gostaria de conversar com esta dona (trocadilho infeliz, mas não resisti). O que ela expressa é o que considero sensibilidade feminina para a política.
Belo artigo.
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