Lembremos que a África do Sul vive, neste momento, uma greve geral de trabalhadores da área de mineração (o setor responde por 80% da economia do país, daí o termo greve geral).
A situação é instável desde que Mandela deixou a Presidência. Na verdade, em termos políticos, a própria condução de Mandela era criticada por muitas lideranças - a começar pela sua ex-esposa, Winnie - que consideravam-na extremamente moderada.
Mas quando Thabo Mbeki assumiu a Presidência (1999), depois que Mandela se afastou da militância, a condução da política econômica foi avassaladora para os trabalhadores. O desemprego atingiu 25% da população ativa. Mbeki recebeu fortes críticas (internas e externas) por atrasar a entrega de remédios para combater a Aids. Não é preciso saber muito da África para ter consciência que estes dois desastres atingiram fortemente a população negra. O que o levou a renunciar.
Seu sucessor, Jacob Zuma, não teve performance muito melhor. Ainda no poder, é acusado de tudo o que se possa imaginar. Os que vivem abaixo da linha da pobreza perfazem 14% do total da população. A expectativa de vida é de 53 anos (no Brasil, é superior a 74 anos). A África do Sul está entre os 15 países do mundo com maior taxa de homicídios (31,8 por 100 mil habitantes).
Enfim, Mandela deu um passo de gigante não apenas para seu país. Daí Obama acertar ao dizer que ele não pertence à nós, mas à História.
Contudo, é interessante perceber como os consensos internacionais sobre os personagens nem sempre se alinham com as leituras internas, do local de origem de tais lideranças. De certa maneira, empobrecem nosso olhar.
Talvez, esta seja a mágica. Talvez seja melhor esta triagem para termos quem seguir e manter nossas esperanças. A leitura fina acabará, fatalmente, por encontrar defeitos e tornar a vida mais amarga.
Um comentário:
Não existe debate entre Lulistas e Anti Lulistas, Anti Lulistas só sabem latir e rosnar.
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