O que o Datafolha considera como "esquerdistas" (o termo empregado não é dos melhores!) perfazem 10% dos brasileiros, maioria mulheres (56%), média de 35 anos (abaixo da idade média nacional) e grau de instrução superior (20% com ensino superior, o agrupamento ideológico com maior índice de indivíduos com este grau de instrução).
Os "esquerdistas" e "centro-esquerdistas" perfazem 41% da população brasileira. Os "direitistas" e "centro-direitistas" perfazem 39% da população.
Os cidadãos considerados à direita são menos instruídos (o que me parece algo bem razoável, dado que conservador não se impele ao estudo das possibilidades de mudança, são mais inquietos e instigados intelectualmente, além de menos rígidos, obviamente, aos seus valores e crenças): 52% deles possuem apenas o ensino fundamental (somente 30% dos à esquerda possuem apenas este nível de instrução).
A pesquisa, portanto, indica alguns importantes impasses.
O PT vem, gradativamente, perdendo o apoio dos mais instruídos e os de renda média em substituição aos menos instruídos e com menor renda. Mas os mais instruídos e mais jovens são considerados, pela pesquisa Datafolha, os mais à esquerda. O que parece casar parcialmente com o deslocamento programático gradativo do PT (menos à esquerda e, portanto, se identificando mais com um eleitorado nem tão progressista).Na mesma direção, a oposição liderada pelo PSDB (que envolve, até o momento, PPS e DEM), vem se deslocando há alguns anos para um discurso mais conservador (ao menos na reta final dos processos eleitorais), o que coaduna com o perfil ideológico dos que possuem maior renda e mais são mais idosos, mas com menor grau de instrução.
Enfim, os dados desta pesquisa indicam, em parte, as movimentações partidárias (e eleitorais) dos dois campos em disputa há anos em nosso país. Mas, apenas em parte. Não parece haver um alinhamento tão perfeito em relação a este espectro ideológico capturado pelo Datafolha e base eleitoral dos partidos. Mas os ajuda a perceber o quanto a disputa eleitoral está impelindo os partidos a se realinharem programaticamente.
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