terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Maioria iria às urnas mesmo que não fosse obrigatório (O Tempo)

Maioria iria às urnas mesmo que não fosse obrigatório

Estudo feito com 4.000 internautas aponta que 58% escolheriam os seus representantes


PROTES
Manifestações. Protestos se espalharam e levaram milhares de pessoas às ruas do país, em junho
PUBLICADO EM 17/12/13 - 04h00
Se o voto deixasse de ser obrigatório no país, 58% dos brasileiros continuariam a participar das eleições. Esse e outros pensamentos dos brasileiros sobre questões atuais que envolvem o país – como a Copa do Mundo de 2014 e as manifestações de junho – foram respondidas em uma pesquisa divulgada ontem pela rádio CBN, em parceria com o Conecta, braço de pesquisa online do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope).
Mais de mil sugestões foram enviadas pelos ouvintes da rádio e o júri selecionou sete que foram respondidas por 4.000 brasileiros.
Entre os resultados relacionados às manifestações de junho, 67% afirmaram que elas não trouxeram qualquer mudança para o Brasil, mas 23% acham que os protestos fizeram com que o país mudasse para melhor.
Para o sociólogo Rudá Ricci, a pesquisa é bem realista. “De fato, as mudanças para o país, após as manifestações, foram muito pequenas. Acredito que tenha sido mais imediata, por exemplo, com o congelamento do preço das passagens de ônibus em mais de 100 municípios”, afirma.
Por outro lado, dentre as mudanças positivas apontadas pelos entrevistados, 74% acreditam que a população ganhou mais força.
“Tanto é verdade que os governos estão preocupados com Copa do Mundo no ano que vem, em função das manifestações. Todos os analistas políticos dizem que além da economia, o que mais pode mexer com as tendências eleitorais vão ser os protestos. Ou seja, ninguém sabe como lidar com as manifestações”, explica.
Motivações. Além disso, os pesquisados responderam que o combate à corrupção motivaria 29% deles para ir às ruas protestar e, em segundo lugar, a educação, com 21%.
“No Brasil, a educação vem aparecendo cada vez mais como um elemento em primeiro lugar. Principalmente para as pessoas que querem melhorar de vida e, pela educação pública, ser vista como de qualidade ruim. Quem tem pouco dinheiro cada vez mais percebe a educação como a única saída”, analisa o sociólogo.
Orgulho de ser
A pesquisa também perguntou se os entrevistados pudessem nascer de novo, se escolheriam o Brasil como seu país de origem. A maioria (61%) disse que sim. A pesquisa apontou também que EUA (19%), Canadá (17%) e Inglaterra (16%) são os países onde os brasileiros gostariam de nascer se tivessem oportunidade. Alemanha apareceu no ranking com 8%; Austrália, com 6%; Itália e Japão, com 5%; França e Espanha, com 4%; Portugal, com 3%; China, com 1%.

MINIENTREVISTA

Rudá Ricci

Sociólogo Diretor Geral do Instituto Cultiva e membro do Fórum Brasil do Orçamento

PUBLICADO EM 17/12/13 - 04h00
Qual a diferença dos manifestante de junho para as pessoas que foram ouvidas agora pela pesquisa?
Os manifestantes de junho não tinham exatamente o perfil da população brasileira. Eram jovens, de até 35 anos e cuja grande maioria já estava inserida no sistema educacional, inclusive nas universidades. Portanto, a população pesquisada agora se apropria das manifestações de maneira diferente da forma como aqueles que saíram as ruas pensavam.
Com esses resultados, você acredita que o brasileiro amadureceu?
Sim. No sentido de perceber que tem uma força política que não estava clara. Nos últimos anos, o governo federal aumentou muito o seu poder e, com isso, os movimentos sociais foram saindo das ruas, mas com essa explosão em junho, o brasileiro amadureceu no sentido de perceber que tem muito poder e que isso deixou os governantes desconcertados. Mas, por outro lado, as manifestações de junho foram “adolescentes”, ou seja, se reclamou, mas não mostrou poder. Ainda se tem uma longa história para percorrer.
Acha que os brasileiros vão protestar novamente no ano que vem?
Está claro que vão ter manifestações. Mas não está claro se vão ser maiores, se os governos vão reagir de maneira mais dura e se a grande maioria da população não vai estar contra por ser a Copa e pelo fato de o Brasil estar disputando um título. Não sabemos também se os protestos vão deixar de ser “adolescentes”, pois isso já aconteceu no Egito, Islândia e Espanha. Não é do dia para a noite que se amadurece politicamente. 

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