Acabo de ler este último livro do Veríssimo.
Começa como Luis Fernando mas vai ficando mais denso. Dois contos chamam a atenção pela diferença de estilo do autor: Lo e A Mancha.
Interessante que quando vi as livrarias destacarem a obra na vitrines, logo me veio à mente que Veríssimo havia se transformado numa leve e divertida leitura de final de ano. Obviamente, embarquei no clima. Aliás, li uma crítica ácida de Raul Arruda Filho (ver AQUI ) que sugeria se trata de um livro para ler, sorrir (algumas vezes, um sorriso amarelo) e esquecer numa estante.
Mas os dois contos que destaquei não são tão fáceis e possuem um ritmo (não só conteúdo), mais aprimorado, estudado. Lo trata da relação quase incestuosa (o quase é que dá o tom mais dramático) entre uma mulher balzaquiana e um adolescente de 12 anos, tirado do Brasil para viver uma aventura com jeito de desventura. A Mancha trata de outra contradição forte: um ex-preso político que encontra seu claustro onde foi torturado. Até aí, nada mais atual. Ocorre que este ex-torturado virou empresário do setor imobiliário, é casado com uma filha de financiador de tortura (possivelmente a sua) e resolve adquirir o imóvel que marcou sua vida. Vai não vai, decide demolir o prédio. Veríssimo deixa o leitor no contrapé, ao final. O ex-militante virou a página e se jogou à vida sem memória ou ficou irremediavelmente preso ao acontecimento que não consegue reviver ou passar a limpo (mesmo demolindo o prédio)? A presença da filha, mais marcante no final do conto, deixa ainda mais obscuro a moral da história.
Senti um Veríssimo diferente.
Pode até ficar na estante. Mas não digere tão fácil.
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